Dia Internacional da Mulher com histórias de vida, luta e empreendedorismo, que são exemplos para todas as gerações
Por Ulli Marques e Ocinei Trindade
O Dia Internacional da Mulher foi instituído para marcar a luta por melhores condições de vida e pela igualdade de direitos. Seja no enfrentamento político, seja na lida diária, as mulheres mostram sua garra e capacidade de realização. Apesar das injustiças sociais, do preconceito e da violência, elas arregaçam as mangas e batalham pela sobrevivência, constroem carreiras profissionais de sucesso, geram, criam e educam pessoas, empreendem, abrem seus espaços na sociedade e mostram que a força está com elas.
Nesta reportagem especial, o Jornal Terceira Via conta a história de três mulheres: uma cabeleireira, uma pescadora e uma assistente social nonagenária. Elas que tomaram as rédeas de suas histórias, driblaram as dificuldades e abriram seus caminhos de sucesso com as próprias mãos.
Aos 90 anos, a assistente social aposentada Conceição Muniz é um dos símbolos do Dia Internacional da Mulher (Fotos: Carlos Grevi)
De ativista estudantil a exemplo de coragem
Aos 90 anos, Conceição Muniz esbanja juventude. Sua lucidez e alegria impressionam, resultantes de uma vida sem arrependimentos. Ela, que se formou assistente social em 1959, foi uma das responsáveis por trazer a Escola de Serviço Social e, consequentemente, a Universidade Federal Fluminense para Campos, além de implantar o atendimento humanizado no Instituto Nacional de Previdência Social do município. Quando jovem, participou de movimentos estudantis e viveu o que hoje chama com saudade de “anos dourados”. Não se casou, não teve filhos, mas essas condutas, tão esperadas das mulheres, não foram desperdiçadas: “Eu não era uma celibatária, solteirona, simplesmente não tive o sonho de me casar e gastei meu instinto materno com minhas jovens alunas”. Agora, recém-vacinada contra a Covid-19, Conceição lembra com orgulho de sua trajetória.
Mulher, negra e sem recursos financeiros, a oportunidade de cursar o ensino superior em Niterói aos 26 anos surgiu por acaso. Ela recebeu uma bolsa de estudos do Serviço Social da Indústria (SESI), com o compromisso de retornar e aplicar seus conhecimentos na região. Apesar de se deslumbrar com a movimentada vida na então capital do estado, ela honrou sua palavra e realizou o sonho de outras duas grandes mulheres, Heloísa Monteiro Paixão, diretora universitária, e Violeta Saldanha da Gama, chefe do serviço social do SESI: trouxe a primeira universidade pública para o interior.
Já em Campos, concomitantemente ao trabalho docente na Escola de Serviço Social, Conceição atuou no antigo IAPI (hoje INSS), onde atendia pessoas em situação de vulnerabilidade. “Foi a experiência intensa e inesquecível de estudar fora que me deu ‘régua e compasso’, mas foi aqui que descobri que o contato com o outro era o meu dom. Atendia pessoas sofridas, mas não o fazia com excesso de piedade. Minha diretriz sempre foi colocar as pessoas para cima”, conta.
Hoje Conceição dá nome ao Diretório Acadêmico da UFF-Campos e mora sozinha em uma casa no Centro. “Minha mãe me ensinou: precisamos aprender a sermos sós. Eu aprecio muito a minha companhia”, disse ela que tem apenas uma ajudante em horário comercial e recebe a visita de seus sobrinhos que também lhes servem de “ledores”.
Isso porque coincidiu com a chegada da Covid-19, no ano passado, a notícia de que havia perdido a visão, consequência da diabetes. Mas esse dissabor não lhe tirou o sorriso do rosto. “Orgulho-me de suas coisas: da minha lucidez e da não depressão. Não sou excessivamente otimista, mas também não guardo sentimentos negativos. Eu poderia estar lamentando o isolamento social e a nova condição de deficiência, mas não estou. Tudo o que ensinei na assistência social, coloco em prática agora, na velhice. Não tenho pena de mim e agradeço todos os dias por essa maneira como conduzo minha vida”, declara.
De ativista estudantil a exemplo de coragem
Aos 90 anos, Conceição Muniz esbanja juventude. Sua lucidez e alegria impressionam, resultantes de uma vida sem arrependimentos. Ela, que se formou assistente social em 1959, foi uma das responsáveis por trazer a Escola de Serviço Social e, consequentemente, a Universidade Federal Fluminense para Campos, além de implantar o atendimento humanizado no Instituto Nacional de Previdência Social do município. Quando jovem, participou de movimentos estudantis e viveu o que hoje chama com saudade de “anos dourados”. Não se casou, não teve filhos, mas essas condutas, tão esperadas das mulheres, não foram desperdiçadas: “Eu não era uma celibatária, solteirona, simplesmente não tive o sonho de me casar e gastei meu instinto materno com minhas jovens alunas”. Agora, recém-vacinada contra a Covid-19, Conceição lembra com orgulho de sua trajetória.
Mulher, negra e sem recursos financeiros, a oportunidade de cursar o ensino superior em Niterói aos 26 anos surgiu por acaso. Ela recebeu uma bolsa de estudos do Serviço Social da Indústria (SESI), com o compromisso de retornar e aplicar seus conhecimentos na região. Apesar de se deslumbrar com a movimentada vida na então capital do estado, ela honrou sua palavra e realizou o sonho de outras duas grandes mulheres, Heloísa Monteiro Paixão, diretora universitária, e Violeta Saldanha da Gama, chefe do serviço social do SESI: trouxe a primeira universidade pública para o interior.
Já em Campos, concomitantemente ao trabalho docente na Escola de Serviço Social, Conceição atuou no antigo IAPI (hoje INSS), onde atendia pessoas em situação de vulnerabilidade. “Foi a experiência intensa e inesquecível de estudar fora que me deu ‘régua e compasso’, mas foi aqui que descobri que o contato com o outro era o meu dom. Atendia pessoas sofridas, mas não o fazia com excesso de piedade. Minha diretriz sempre foi colocar as pessoas para cima”, conta.
Hoje Conceição dá nome ao Diretório Acadêmico da UFF-Campos e mora sozinha em uma casa no Centro. “Minha mãe me ensinou: precisamos aprender a sermos sós. Eu aprecio muito a minha companhia”, disse ela que tem apenas uma ajudante em horário comercial e recebe a visita de seus sobrinhos que também lhes servem de “ledores”.
Isso porque coincidiu com a chegada da Covid-19, no ano passado, a notícia de que havia perdido a visão, consequência da diabetes. Mas esse dissabor não lhe tirou o sorriso do rosto. “Orgulho-me de suas coisas: da minha lucidez e da não depressão. Não sou excessivamente otimista, mas também não guardo sentimentos negativos. Eu poderia estar lamentando o isolamento social e a nova condição de deficiência, mas não estou. Tudo o que ensinei na assistência social, coloco em prática agora, na velhice. Não tenho pena de mim e agradeço todos os dias por essa maneira como conduzo minha vida”, declara.
Zélia Maria é pescadora e vendedora de peixes em feiras itinerantes
Pescadora de felicidades e conquistas
Antes de amanhecer, Zélia Maria Martins, 54 anos, já está de pé para trabalhar. São muitas as tarefas para a moradora de Santa Cruz, em Campos. Ela é pescadora, processadora e vendedora de peixes, e uma das pioneiras em feiras itinerantes pela cidade. Nas horas vagas, trabalha na roça para ajudar o marido que é agricultor. Há ainda as atividades domésticas que entram pela noite para serem cumpridas. Zélia afirma que a vida para ela nunca foi fácil. “É muito difícil ser mulher, pois existe muita desigualdade entre os gêneros”, diz.
O trabalho duro sempre fez parte da vida Zélia, conhecida na localidade onde mora pelo apelido Parruda Pescadora. Ela é uma referência para homens e mulheres, jovens e velhos. “A luta é grande, mas a vitória é certa”, acredita. Mãe de dois filhos, de 31 e 19 anos, respectivamente, ela conta que faz mais de 30 anos, desde que foi viver em Santa Cruz, que passou a viver da pesca e da venda do produto.
“Trabalho desde os 10 anos de idade. Eu já passei fome na minha infância. Depois de casada, fui viver numa ilha no Rio Paraíba, em barraca de lona, porque não tinha onde morar. Com muito trabalho, determinação e fé, enfrentei todos esses problemas”, comenta.
Quando fala do orgulho feminino e em datas como o Dia Internacional da Mulher, Zélia Maria considera ter razões para celebrar a vida. “Tenho motivos para comemorar, orgulho de ser mulher. Para mim, o que há de mais importante na vida de uma mulher é ela ser respeitada. Gosto de ser reconhecida e de viver confortavelmente com minha família. Desejo isto a todas as mulheres”, conta.
Zélia Maria ou Parruda Pescadora concedeu esta entrevista entre vários afazeres durante a semana. Ela gosta de incentivar e inspirar outras mulheres a serem independentes. Conversa sempre com quem encontra pelas feiras urbanas de Campos, e pela da zona rural por onde circula na companhia do marido. Entusiasmada com a vida, ela até arrisca falas poéticas quando o tema é feminino.
“Nós devemos ser fortes e determinadas em tudo. As mulheres são batalhadoras. Uma é mais guerreira que a outra. As mulheres são a beleza do mundo. Tornam a vida de qualquer pessoa em paraíso repleto de amor e paixão. Essas são as mulheres”, conclui.
Pescadora de felicidades e conquistas
Antes de amanhecer, Zélia Maria Martins, 54 anos, já está de pé para trabalhar. São muitas as tarefas para a moradora de Santa Cruz, em Campos. Ela é pescadora, processadora e vendedora de peixes, e uma das pioneiras em feiras itinerantes pela cidade. Nas horas vagas, trabalha na roça para ajudar o marido que é agricultor. Há ainda as atividades domésticas que entram pela noite para serem cumpridas. Zélia afirma que a vida para ela nunca foi fácil. “É muito difícil ser mulher, pois existe muita desigualdade entre os gêneros”, diz.
O trabalho duro sempre fez parte da vida Zélia, conhecida na localidade onde mora pelo apelido Parruda Pescadora. Ela é uma referência para homens e mulheres, jovens e velhos. “A luta é grande, mas a vitória é certa”, acredita. Mãe de dois filhos, de 31 e 19 anos, respectivamente, ela conta que faz mais de 30 anos, desde que foi viver em Santa Cruz, que passou a viver da pesca e da venda do produto.
“Trabalho desde os 10 anos de idade. Eu já passei fome na minha infância. Depois de casada, fui viver numa ilha no Rio Paraíba, em barraca de lona, porque não tinha onde morar. Com muito trabalho, determinação e fé, enfrentei todos esses problemas”, comenta.
Quando fala do orgulho feminino e em datas como o Dia Internacional da Mulher, Zélia Maria considera ter razões para celebrar a vida. “Tenho motivos para comemorar, orgulho de ser mulher. Para mim, o que há de mais importante na vida de uma mulher é ela ser respeitada. Gosto de ser reconhecida e de viver confortavelmente com minha família. Desejo isto a todas as mulheres”, conta.
Zélia Maria ou Parruda Pescadora concedeu esta entrevista entre vários afazeres durante a semana. Ela gosta de incentivar e inspirar outras mulheres a serem independentes. Conversa sempre com quem encontra pelas feiras urbanas de Campos, e pela da zona rural por onde circula na companhia do marido. Entusiasmada com a vida, ela até arrisca falas poéticas quando o tema é feminino.
“Nós devemos ser fortes e determinadas em tudo. As mulheres são batalhadoras. Uma é mais guerreira que a outra. As mulheres são a beleza do mundo. Tornam a vida de qualquer pessoa em paraíso repleto de amor e paixão. Essas são as mulheres”, conclui.
A cabeleireira Aldi Sales conseguiu montar seu negócio aos 23 anos
Empreendedora e determinada
A cabeleireira e microempresária Aldi Sales é uma das milhões de brasileiras que se ocupa em praticamente todas as horas do dia enquanto está acordada. Casada, mãe de uma menina de três anos, ela se considera determinada em tudo que faz, acredita na profissão e na vida. Aos 38 anos, Aldi lembra que começou a trabalhar aos 15. Queria criar o próprio negócio desde então. Aos 23, montou seu primeiro salão de beleza. Não foi fácil.
“Tive dificuldade com mão de obra, em montar uma equipe e fazê-la entender minha filosofia de trabalho. Nunca pensei em desistir. Sempre fui muito confiante nos meus objetivos. O que diria para outras mulheres que buscam independência financeira? Se você tem sonho, se é algo que faz seus olhos brilharem, vá em frente”, sugere.
Conciliar trabalho externo com as questões domésticas sempre desafia a cabeleireira. “Tenho uma família maravilhosa. Sempre me apoiaram. Deixo minha filha com meus pais com o coração partido, mas tenho um marido maravilhoso que sempre se vira em tudo. Ele me ajuda com ela e também na casa”, explica.
Aldi Sales vê oportunidades em tempos de crise. Em plena pandemia, realizou um sonho no ano passado. “Ampliei meu salão. Agora tenho mais espaço e estou atendendo na área de depilação, alongamento de cílios e unhas com fibra de vidro. No início da pandemia, foi um pouco difícil, mas não podia parar. Procurei continuar trabalhando e preservando a minha saúde e a dos meus clientes. Tomei todas as precauções recomendas e até aqui tudo deu certo”.
O Dia Internacional da Mulher inspira a profissional. “Não adianta ter um planejamento e não executá-lo. Quem não faz algo que nunca fez, viverá sempre na incerteza. As mulheres e homens devem acreditar na intuição. Tenho sempre uma palavra comigo: nem tudo que se enfrenta pode ser modificado, mas nada se modificará até que seja enfrentado. Uma mulher forte edifica tudo o que faz”, finaliza.
Empreendedora e determinada
A cabeleireira e microempresária Aldi Sales é uma das milhões de brasileiras que se ocupa em praticamente todas as horas do dia enquanto está acordada. Casada, mãe de uma menina de três anos, ela se considera determinada em tudo que faz, acredita na profissão e na vida. Aos 38 anos, Aldi lembra que começou a trabalhar aos 15. Queria criar o próprio negócio desde então. Aos 23, montou seu primeiro salão de beleza. Não foi fácil.
“Tive dificuldade com mão de obra, em montar uma equipe e fazê-la entender minha filosofia de trabalho. Nunca pensei em desistir. Sempre fui muito confiante nos meus objetivos. O que diria para outras mulheres que buscam independência financeira? Se você tem sonho, se é algo que faz seus olhos brilharem, vá em frente”, sugere.
Conciliar trabalho externo com as questões domésticas sempre desafia a cabeleireira. “Tenho uma família maravilhosa. Sempre me apoiaram. Deixo minha filha com meus pais com o coração partido, mas tenho um marido maravilhoso que sempre se vira em tudo. Ele me ajuda com ela e também na casa”, explica.
Aldi Sales vê oportunidades em tempos de crise. Em plena pandemia, realizou um sonho no ano passado. “Ampliei meu salão. Agora tenho mais espaço e estou atendendo na área de depilação, alongamento de cílios e unhas com fibra de vidro. No início da pandemia, foi um pouco difícil, mas não podia parar. Procurei continuar trabalhando e preservando a minha saúde e a dos meus clientes. Tomei todas as precauções recomendas e até aqui tudo deu certo”.
O Dia Internacional da Mulher inspira a profissional. “Não adianta ter um planejamento e não executá-lo. Quem não faz algo que nunca fez, viverá sempre na incerteza. As mulheres e homens devem acreditar na intuição. Tenho sempre uma palavra comigo: nem tudo que se enfrenta pode ser modificado, mas nada se modificará até que seja enfrentado. Uma mulher forte edifica tudo o que faz”, finaliza.
Fonte Terceira Via
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