Mobilização nacional pode ajudar a solucionar desparecimentos como o de Rosimary, sem desfecho desde 2016
POR PRISCILLA ALVESGlória e sua mãe buscam informações sobre Rosimary há cinco anos
(Foto: Carlos Grevi)
Foi em uma quinta-feira pós-carnaval que Rosimary Valadares de Souza, com 48 anos, pegou apenas uma bolsa e avisou a familiares de que ia sair para pagar algumas contas. Ela nem chegou até a lotérica. Resolveu, na verdade, ir até a Canção Nova, em São Paulo, para um retiro espiritual. Sem levar bagagem ou voltar em casa, saiu de Campos e foi até o Rio de Janeiro. De lá, pegou um vôo para São Paulo e, em seguida, um táxi. O ano era 2016 e Rosimary nunca mais foi vista. Desde então, familiares buscam notícias. O caso é um entre os cerca de 200 não solucionados em Campos e que podem, enfim, ter um desfecho após a primeira Campanha Nacional de Coleta de DNA de Familiares de Pessoas Desaparecidas, que acontece também em Campos entre os dias 14 e 18 de junho.
A ação foi lançada pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública e visa possibilitar a identificação de pessoas desaparecidas por meio de exames e bancos de perfis genéticos. Podem participar familiares em primeiro grau da pessoa desaparecida, seguindo a seguinte ordem de preferência: pai e mãe; filhos e o genitor do filho da pessoa desaparecida; irmãos (no caso de filhos e irmãos, quantos forem possíveis).
(Foto: Carlos Grevi)
Foi em uma quinta-feira pós-carnaval que Rosimary Valadares de Souza, com 48 anos, pegou apenas uma bolsa e avisou a familiares de que ia sair para pagar algumas contas. Ela nem chegou até a lotérica. Resolveu, na verdade, ir até a Canção Nova, em São Paulo, para um retiro espiritual. Sem levar bagagem ou voltar em casa, saiu de Campos e foi até o Rio de Janeiro. De lá, pegou um vôo para São Paulo e, em seguida, um táxi. O ano era 2016 e Rosimary nunca mais foi vista. Desde então, familiares buscam notícias. O caso é um entre os cerca de 200 não solucionados em Campos e que podem, enfim, ter um desfecho após a primeira Campanha Nacional de Coleta de DNA de Familiares de Pessoas Desaparecidas, que acontece também em Campos entre os dias 14 e 18 de junho.
A ação foi lançada pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública e visa possibilitar a identificação de pessoas desaparecidas por meio de exames e bancos de perfis genéticos. Podem participar familiares em primeiro grau da pessoa desaparecida, seguindo a seguinte ordem de preferência: pai e mãe; filhos e o genitor do filho da pessoa desaparecida; irmãos (no caso de filhos e irmãos, quantos forem possíveis).
Carlos Frederico fala do DNA como recurso
(Foto: Silvana Rust)
“Essas amostras dos familiares são cadastradas em um banco de dados que é atualizado todos os dias com perfis genéticos de pessoas vivas desconhecidas e de pessoas falecidas não identificadas, possibilitando, assim, o cruzamento destas informações. Após análise pelos peritos, e sendo identificado um possível parentesco com os dados de alguma pessoa encontrada viva ou falecida, a família será informada”, explicou Carlos Frederico Ozório, coordenador do Posto Regional da Polícia Técnica Científica (PRPTC) do Norte Fluminense.
Coleta
A coleta do material genético não dói e é feita com material da mucosa oral (bochecha). A campanha acontece entre os dias 14 e 18 de junho, em vários postos no Estado do RJ. Na região, será em Campos, Macaé e Itaperuna. Quem ainda não tiver oficializado o desaparecimento do familiar será orientado a registrar a ocorrência na delegacia. Em Campos, a coleta acontece no Posto Regional de Polícia Técnica Científica de Campos (PRPTC), que fica na Avenida XV de Novembro, nº 799, no Parque Leopoldina. O telefone é o (22) 2732-1759.
“É importante destacar que o DNA do próprio desaparecido é ainda mais eficiente para a busca. Desta forma, os familiares podem colaborar entregando itens de uso pessoal do desaparecido, como escova de dente, aparelho ortodôntico, roupa usada, amostra de dente de leite, cordão umbilical”, destacou.
Caso Rosimary
Desde fevereiro de 2016, a família busca por notícias que possam indicar o que aconteceu com Rosimary. As últimas imagens dela foram no táxi em que entrou, no Aeroporto de Congonhas. Porém, não foi possível identificar a placa do veículo e até hoje não há informações sobre o motorista. A família chegou a ir a São Paulo, procurou por pistas no aeroporto, em hospitais e em vários outros locais nos quais ela poderia estar.
“Quando ela ainda estava no Rio, ligou para a filha de um telefone público avisando que iria voltar, só que ela foi para São Paulo. Dois dias depois desse desembarque em São Paulo, uma pessoa ligou para a casa da minha mãe dizendo que encontraram documentos dela, o bilhete da passagem e cartão de banco em uma lixeira de uma estação de trem em um bairro de periferia chamado Ferraz de Vasconcelos, sendo que ela havia descido na Zona Sul”, explicou Glória Vasconcelos, irmã de Rosimary.
Ainda segundo a família, Rosimary era bipolar e estava com quadro de depressão. Antes do desaparecimento, ela já havia comentado que queria ir neste retiro. Apesar isso, era uma pessoa feliz e estava animada para o aniversário de 15 anos da filha, que seria no mês seguinte.
Saudades
Rosimary, que na época era casada, deixou marido e um casal de filhos, que hoje têm 28 e 20 anos.
“Essa falta de notícias é muito triste. A gente não consegue fechar esse ciclo. Minha irmã nunca havia feito isso antes. Minha mãe tem 91 anos e chora todos os dias querendo encontrar a Rosimary. Quando está chovendo, ela diz que está preocupada se minha irmã está passando frio ou alguma necessidade. A gente acha que ela pode ter perdido a memória e estar vagando em algum lugar. Ela nunca acessou a conta bancária dela e não deixou pistas. Tenho esperanças e ânimo de que essa campanha possa nos ajudar a descobrir o que aconteceu, porque a pior dor é não ter informações”, desabafou.
O apelo por informações é feito também pela idosa Maria Valadares, mãe de Rosimary. “Eu não quero morrer sem ver minha filha. Me ajudem a encontrar minha filha, eu estou com muitas saudades dela”.
A estudante Mylena de Souza Rosado tinha 14 anos quando a mãe Rosimary desapareceu. Até hoje ela tem esperanças de encontrá-la e diz que a campanha renova as forças da família.
(Foto: Silvana Rust)
“Essas amostras dos familiares são cadastradas em um banco de dados que é atualizado todos os dias com perfis genéticos de pessoas vivas desconhecidas e de pessoas falecidas não identificadas, possibilitando, assim, o cruzamento destas informações. Após análise pelos peritos, e sendo identificado um possível parentesco com os dados de alguma pessoa encontrada viva ou falecida, a família será informada”, explicou Carlos Frederico Ozório, coordenador do Posto Regional da Polícia Técnica Científica (PRPTC) do Norte Fluminense.
Coleta
A coleta do material genético não dói e é feita com material da mucosa oral (bochecha). A campanha acontece entre os dias 14 e 18 de junho, em vários postos no Estado do RJ. Na região, será em Campos, Macaé e Itaperuna. Quem ainda não tiver oficializado o desaparecimento do familiar será orientado a registrar a ocorrência na delegacia. Em Campos, a coleta acontece no Posto Regional de Polícia Técnica Científica de Campos (PRPTC), que fica na Avenida XV de Novembro, nº 799, no Parque Leopoldina. O telefone é o (22) 2732-1759.
“É importante destacar que o DNA do próprio desaparecido é ainda mais eficiente para a busca. Desta forma, os familiares podem colaborar entregando itens de uso pessoal do desaparecido, como escova de dente, aparelho ortodôntico, roupa usada, amostra de dente de leite, cordão umbilical”, destacou.
Caso Rosimary
Desde fevereiro de 2016, a família busca por notícias que possam indicar o que aconteceu com Rosimary. As últimas imagens dela foram no táxi em que entrou, no Aeroporto de Congonhas. Porém, não foi possível identificar a placa do veículo e até hoje não há informações sobre o motorista. A família chegou a ir a São Paulo, procurou por pistas no aeroporto, em hospitais e em vários outros locais nos quais ela poderia estar.
“Quando ela ainda estava no Rio, ligou para a filha de um telefone público avisando que iria voltar, só que ela foi para São Paulo. Dois dias depois desse desembarque em São Paulo, uma pessoa ligou para a casa da minha mãe dizendo que encontraram documentos dela, o bilhete da passagem e cartão de banco em uma lixeira de uma estação de trem em um bairro de periferia chamado Ferraz de Vasconcelos, sendo que ela havia descido na Zona Sul”, explicou Glória Vasconcelos, irmã de Rosimary.
Ainda segundo a família, Rosimary era bipolar e estava com quadro de depressão. Antes do desaparecimento, ela já havia comentado que queria ir neste retiro. Apesar isso, era uma pessoa feliz e estava animada para o aniversário de 15 anos da filha, que seria no mês seguinte.
Saudades
Rosimary, que na época era casada, deixou marido e um casal de filhos, que hoje têm 28 e 20 anos.
“Essa falta de notícias é muito triste. A gente não consegue fechar esse ciclo. Minha irmã nunca havia feito isso antes. Minha mãe tem 91 anos e chora todos os dias querendo encontrar a Rosimary. Quando está chovendo, ela diz que está preocupada se minha irmã está passando frio ou alguma necessidade. A gente acha que ela pode ter perdido a memória e estar vagando em algum lugar. Ela nunca acessou a conta bancária dela e não deixou pistas. Tenho esperanças e ânimo de que essa campanha possa nos ajudar a descobrir o que aconteceu, porque a pior dor é não ter informações”, desabafou.
O apelo por informações é feito também pela idosa Maria Valadares, mãe de Rosimary. “Eu não quero morrer sem ver minha filha. Me ajudem a encontrar minha filha, eu estou com muitas saudades dela”.
A estudante Mylena de Souza Rosado tinha 14 anos quando a mãe Rosimary desapareceu. Até hoje ela tem esperanças de encontrá-la e diz que a campanha renova as forças da família.
Filha | Milena relembra com saudade da mãe, Rosimary, e acredita que um dia vai poder reencontrá-la (Foto: Silvana Rust)
“Eu acredito que ela esteja viva. Ela sempre tomou remédio controlado, mas acredito que ela pode ter parado e aconteceu algo. Eu sinto muita saudade, nunca deixei de procurar. Têm dias que a gente perde a esperança, parece que não vai ter resposta e quando essa campanha apareceu, tivemos um novo ânimo. É uma forma de a gente ter uma resposta, seja ela qual for”.
Dados de desaparecidos
Apesar de os desaparecimentos serem um problema recorrente, a reportagem encontrou dificuldades em obter dados que possam ilustrar a matéria. Em relação à abrangência nacional, as informações mais recentes – divulgadas em outubro de 2020 – apontam que o número de desaparecidos no Brasil em 2019 ultrapassou 79 mil pessoas. Esse levantamento é feito pelo Anuário Brasileiro da Segurança Pública, que só começou a contabilizar os desaparecidos em 2017. Segundo a Agência Brasil, fonte oficial do Governo Federal, o anuário, porém, fez uma retrospectiva de 2007 a 2016 e registrou uma média de 69 mil pessoas desaparecidas por ano. Esse fenômeno ainda recebe pouca atenção do Poder Público e da sociedade como um todo. Em relação aos dados estaduais, a reportagem não conseguiu retorno. Porém, segundo o coordenador do PRPTC, Carlos Frederico Ozório, na região Norte e Noroeste Fluminense são cerca de 800 casos não solucionados.
“Eu acredito que ela esteja viva. Ela sempre tomou remédio controlado, mas acredito que ela pode ter parado e aconteceu algo. Eu sinto muita saudade, nunca deixei de procurar. Têm dias que a gente perde a esperança, parece que não vai ter resposta e quando essa campanha apareceu, tivemos um novo ânimo. É uma forma de a gente ter uma resposta, seja ela qual for”.
Dados de desaparecidos
Apesar de os desaparecimentos serem um problema recorrente, a reportagem encontrou dificuldades em obter dados que possam ilustrar a matéria. Em relação à abrangência nacional, as informações mais recentes – divulgadas em outubro de 2020 – apontam que o número de desaparecidos no Brasil em 2019 ultrapassou 79 mil pessoas. Esse levantamento é feito pelo Anuário Brasileiro da Segurança Pública, que só começou a contabilizar os desaparecidos em 2017. Segundo a Agência Brasil, fonte oficial do Governo Federal, o anuário, porém, fez uma retrospectiva de 2007 a 2016 e registrou uma média de 69 mil pessoas desaparecidas por ano. Esse fenômeno ainda recebe pouca atenção do Poder Público e da sociedade como um todo. Em relação aos dados estaduais, a reportagem não conseguiu retorno. Porém, segundo o coordenador do PRPTC, Carlos Frederico Ozório, na região Norte e Noroeste Fluminense são cerca de 800 casos não solucionados.
Fonte Terceira Via
Nenhum comentário:
Postar um comentário