Nova variante facilita conexão do vírus com célula humana; cientistas ainda não sabem como a Delta vai interferir nos rumos da pandemia no Brasil/Rafael Nascimento de Souza
O secretário municipal de Saúde do Rio, Daniel Soranz, afirmou nesta quinta-feira que a variante Delta do coronavírus já circula pelo município. Os dois pacientes infectados com a nova variante foram contaminados na própria cidade, o que indica transmissão local. Os dois homens, de 27 e de 30 anos, moradores dos bairros de Vila Isabel e de Paquetá, respectivamente, não saíram da cidade. Na quinta-feira, a Secretaria municipal de Saúde identificou, após sequenciamento genético, os dois casos de síndrome gripal por Covid-19 relacionados à mutação. Com esses dois casos, são cinco descobertos no estado. Além do Rio, há registros em Campos, Seropédica e São João de Meriti.— Sabemos que tem transmissão local. Significa que a variante já está circulando na cidade. Eles estão sendo acompanhados e estão curados. Já ultrapassou o período de transmissão, mas estamos fazendo o contato. Sabemos que eles foram infectados no Rio. Estamos acompanhando 40 pessoas ligadas a esses pacientes — disse Soranz.
A Delta, assim como as três demais variantes de preocupação, ganhou atenção ao conquistar espaço em meio a uma nova e pior onda de Covid-19. Na Índia, isso ocorreu principalmente a partir de fevereiro de 2021, embora a circulação tenha iniciado em outubro de 2020. Em meses, ela tornou-se dominante no cenário local e, posteriormente, em países para os quais migrou, em trajetória que lembra a das variantes Alfa (Reino Unido), Beta (África do Sul) e Gama (Amazonas). As mutações que mais chamam a atenção na Delta ocorrem em pontos específicos da proteína spike — o material que forma a coroa do vírus. Essa proteína é o ponto de ligação entre o coronavírus e a célula humana. Com a variação da nova cepa, o vírus faz essa conexão com maior facilidade. Estudos chegam a apontar que ela seja 60% mais transmissiva.
A Secretaria municipal de Saúde comunicou na quarta-feira que, em conjunto com a Secretaria estadual de Saúde e a Fiocruz, segue fazendo o monitoramento da entrada de diferentes cepas do coronavírus no município. "Independentemente da variante, as medidas preventivas são as mesmas", afirmou a SMS, reforçando a necessidade do uso de máscaras e da higiene das mãos com alcool 70 ou, sempre que possível, água e sabão.
Soranz ressaltou, ainda, que a variante Delta é mais infectante do que as demais. No entanto, não sabe se ela é ou não mais mortal.
— Não temos certeza se ela é mais letal que as outras. Mas a gente sabe que começamos a vacinar e ela protege contra as formas graves e mortes. A variante Delta vai exigir ainda mais efetividade da vacina. Vamos manter o intervalo (de vacinação recomendado pela) da Fiocruz e do Ministério da Saúde de 12 semanas. A vacina AstraZeneca na primeira dose ela já tem um alto grau de proteção contra as formas graves e também ao óbito da Covid-19. Mas sabemos que, para que ela funcione melhor, é que esperamos 12 semanas. Temos uma grande parcela da população mais vulnerável que será vacinada nesta semana com a segunda dose.
O secretário voltou a pedir que pessoas evitem aglomeração devido à nova variante:
— Há um ano a gente está com medidas duras e muitos difíceis. Muitas pessoas perderam parentes, ficaram internadas e etc. Hoje temos muitas pessoas gravemente internadas. São 500. Pedimos que as pessoas evitem ao máximo o contato não essencial.
68% da cidade vacinada com a primeira dose
Até agora, mais de mais três milhões de pessoas já foram vacinadas no município com a primeira dose. Isso significa 68% da população carioca imunizada contra a Sars-CoV-2. Mas o calendário de vacinação não será adiantado por falta de doses vindas do Ministério da Saúde.
— É fundamental que todas as pessoas se vacinem. Precisamos avançar ainda mais esse calendário de vacinação. Mas neste momento não conseguimos antecipar os dias de vacinação por idade por falta de doses.
Pedido do Flamengo com 10% de público
Segundo Soranz, a Prefeitura do Rio avalia se vai ou não autorizar a entrada de público no jogo entre Flamengo e Defensa y Justicia, no próximo dia 21, segundo jogo das oitavas da Libertadores. O secretário disse que medidas mais duras poderão ser tomadas caso haja a aprovação.
— A Conmebol descumpriu o protocolo e foi multada. O protocolo era muito claro. As testagens deveriam ser feitas na hora e eles permitiram que pessoas apresentassem um teste anterior. Outro problema que aconteceu foi uma entrada pelo mesmo portão. Foi muito ruim tudo o que aconteceu na final da Copa América. Então dificulta muito o que poderá acontecer nos próximos jogos. Vamos aumentar as exigências para os outros jogos. E se tiver outras irregularidades, vamos aplicar uma multa muito mais pesada. Não sentimos a vontade de liberar um jogo com público neste momento — disse o secretário.
O clube da Gávea tem um plano B caso a cidade do Rio não aprove o jogo com público. Eles deverão jogar no Estádio Mané Garrincha, em Brasília.
Fonte Extra
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