terça-feira, 3 de agosto de 2021

Cremerj constata mais irregularidades no HFM e HGG e cobra soluções a prefeitura e a órgãos de fiscalização

Após vistorias nas unidades, órgão reuniu autoridades públicas para apresentar os problemas e buscar respostas

Foto: Arquivo

Em mais uma inspeção do Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio de Janeiro (Cremerj) nos hospitais públicos de Campos – Ferreira Machado e Geral de Guarus – várias irregularidades foram encontradas. Só que, desta vez, além de apresentar as reclamações aos órgãos de fiscalização, apenas, o Cremerj promoveu uma reunião híbrida (presencial e virtual) com representantes do Ministério Público, Defensoria Pública, Ministério Público do Trabalho, direção das unidades hospitalares e Secretaria Municipal de Saúde. A intenção do Cremerj é cobrar uma ação para solucionar o problema.

A reunião aconteceu no dia 28 de julho de 2021. Já as vistorias foram feitas nos dias 1º e 15 de julho, respectivamente, no Hospital Geral de Guarus e no Hospital Ferreira Machado.

Em ambas as unidades foram identificados problemas estruturais, falta de recursos humanos, déficit de insumos e superlotação, com pacientes em corredores nas emergências.

Hospital Geral de Guarus – HGG


Fiscalizado em 1º de julho, o hospital de Guarus não tinha desfibrilador com monitor na sala de reanimação adulta; os banheiros da sala de observação feminina e masculina estavam em condições precárias; das três salas de cirurgias, apenas duas estavam ativas. No entanto, devido à falta de fio cirúrgico e ao não funcionamento do aparelho de autoclave, cirurgias eram suspensas. Outro problema era a ausência de separação de pacientes com suspeita de Covid-19 na triagem, além da falta de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) para os profissionais que atuavam neste setor.

Hospital Ferreira Machado

Já no Ferreira Machado, vistoriado em 15 de julho, o que mais chamou atenção do Cremerj foi a precariedade do centro de Tratamento Intensivo Pediátrico (CTI). “Apesar de ter sete leitos ativos, havia somente dois ventiladores mecânicos. O centro cirúrgico tinha algumas tomadas elétricas com defeito e fiação exposta. A UTI pediátrica não tinha oximetria de pulso nem berço aquecido de terapia intensiva. Também não contava com bomba infusora e ressuscitador tipo balão autoinflável com máscara facial. No centro cirúrgico, não havia vestiário separado para homens e mulheres. Além disso, foi constatada a falta de alguns sedativos e medicamentos, dentre eles, para o tratamento de trombose”, lembrou o diretor do Departamento de Fiscalização (Defis) do Cremerj, Guilherme Nadais.

Também não foi verificada nas unidades a presença de comissões obrigatórias, como de óbito e do Núcleo de Segurança do Paciente.

“Após o Cremerj questionar se há algum plano de ação para resolver os problemas na saúde pública do município, o subprocurador-geral de Campos, Gabriel Rangel, explicou que, neste momento, ainda não havia um cronograma, mas que o município se comprometia em buscar soluções. Ele complementou que a gestão assumiu há pouco tempo e que a parte da saúde foi repassada para eles com muitos problemas”.

No entanto, o delegado do Cremerj em Campos, Rogério Bicalho, também informou que, apesar de entender que a gestão municipal foi modificada recentemente, todos os relatórios de fiscalizações anteriores foram encaminhados para a prefeitura e, inclusive, sinalizados para a equipe de transição.

Já o presidente do Cremerj, Walter Palis, agradeceu a boa vontade dos gestores em querer solucionar os problemas e que as ações serão cobradas.

“Gostaria de agradecer às autoridades que participaram. Nós pudemos enxergar algum interesse dos gestores em resolver as questões, mas isso não pode ficar aqui. Vamos esperar o retorno e o cumprimento destas ações. Se o que foi solicitado não for cumprido, nós, em conjunto com as autoridades, precisaremos agir. É importante ressaltar que há medidas simples que podem ser adiantadas. Esperamos que, num próximo momento, a gente possa contemplar as medidas adotadas pelo município em prol de melhorias para a assistência da população e para levar a prática médica dentro de parâmetros aceitáveis”, concluiu Palis.

Também participaram da reunião os conselheiros do Cremerj Carlos Romualdo Gama, Ricardo Farias Júnior, Beatriz Costa, Yuri Salles e Ricardo Azêdo; o procurador-chefe da Procuradoria Regional do Trabalho da 1ª Região do Ministério Público do Trabalho, João Berthier; o secretário municipal de Saúde de Campos, Adelsir Barreto Soares; a coordenadora de Saúde Pública e Tutela Coletiva da Defensoria Pública do Estado do Rio de Janeiro, Thaisa Guerreiro de Souza; a promotora da 3ª Promotoria de Justiça de Tutela Coletiva de Campos, Maristela Naurath; a promotora de Justiça de Tutela Coletiva da Infância e Juventude de Campos, Anik Assed Machado; o defensor Lucio Machado Campinho, do 1º Núcleo Regional de Tutela Coletiva da DPRJ; o diretor técnico do Hospital Geral de Guarus, Hélio da Nóbrega Novais; o diretor técnico do Hospital Ferreira Machado, Guilherme Rangel; o superintendente do Hospital Ferreira Machado, Arthur Borges de Souza; e o superintendente do hospital Guarus, Vitor Ramos Mussi.

O Jornal Terceira Via solicitou o posicionamento da Prefeitura de Campos e do Ministério Público para saber o que será feito e aguarda posicionamento dos órgãos.


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