Três homens foram presos pela morte de João Paulo Freitas, de 18 anos; ele levou vários tiros em uma emboscada na área rural de Morro do Coco
João Paulo Freitas. (Fotos: Acervo Familiar)
O dia 18 de janeiro de 2021 foi trágico para João Paulo Freitas, de 18 anos. Ele morreu com vários tiros em uma estrada de Sesmaria, localidade do distrito de Morro do Coco, em Campos dos Goytacazes. De acordo com investigações policiais, o jovem foi morto a mando de Renato Monteiro da Silva, de 45 anos. Os dois tiveram um relacionamento íntimo no passado. Outras duas pessoas acusadas de participarem do crime foram presas. O caso está sendo julgado pela 1ª Vara Criminal de Campos em um processo de 1,5 mil páginas. A primeira audiência para ouvir os acusados aconteceu no último dia 16 de setembro.
De acordo com Rodrigo Benevides, advogado da família de João Paulo Freitas, o acusado de ser o mandante do crime estaria inconformado com o casamento da vítima com uma mulher. Renato Moreira, conhecido como Renatinho de Mutuca, teria encomendado a morte de João Paulo. Ele contratou Carlos Eduardo Rosa da Silva que fez a execução dos disparos após uma emboscada. Foram cerca de cinco tiros.
Já Everaldo Lima da Silva teria atuado como motorista de Carlos Eduardo, vulgo Gadernal, no dia do assassinato. Todos são acusados por homicídio qualificado. A pena prevista é de 12 a 30 anos de prisão. O crime, considerado passional, não deu a vítima o direito de se defender.
Renato Moreira foi preso no dia 25 de março em Campos, após investigações policiais concluírem que ele agiu como mandante do crime que matou João Paulo Freitas. Carlos Eduardo Rosa Silva e Everaldo Lima Silva foram presos no dia 25 de maio na Região Serrana, onde moravam. Carlos Eduardo está no Complexo de Bangu, no Rio de Janeiro; e Everaldo em uma prisão de Nova Friburgo, enquanto aguardam julgamento. Eles devem se apresentar à Justiça de Campos pela segunda vez no ´próximo dia 21 de outubro. Neste dia, réus e testemunhas serão ouvidos.
João Paulo com os cinco irmãos mais velhos.
“Sabemos que Carlos Eduardo tem participações em outros crimes, como tráfico de drogas. Ele vivia em Morro do Coco, era conhecido de longa data de Renato, mas se mudou para a Região Serrana. Renato teria pago R$ 1 mil para matar João Paulo, além de oferecer a moto da vítima que desapareceu após o crime no dia 18 de janeiro. Everaldo recebeu R$ 300 para dirigir e levar Carlos Eduardo de Friburgo até o local do crime, na estrada de Sesmaria, perto da residência da vítima, em Campos. Na delegacia, todos admitiram participação no crime”, explicou o advogado Rodrigo Benevides.
Morte brutal
A universitária Priscila Freitas, irmã de João Paulo, diz que a família se desestabilizou desde a morte do rapaz que era o caçula de seis irmãos.
“Minha mãe abandonou o emprego e não consegue dormir sem remédios. Todos ficamos muito abalados emocionalmente. Ninguém esperava por essa morte precoce e tão perto de nossa casa. Estamos muito traumatizados”, conta.
De acordo com Priscila, após a morte do irmão, Renato Moreira prestou solidariedade à família e se prontificou a ajudar em procedimentos de cartório para o sepultamento de João Paulo. “Ele era uma pessoa conhecida em Morro do Coro, não tinhamos intimidade. Ele se aproximou da família e tentou dissimular a participação no crime. Ao mesmo tempo, queria saber se havia informações da investigação. Era uma forma de saber alguma novidade”, acredita.
Priscila Freitas contou que soube do envolvimento do irmão com Renato no passado. Segundo ela, João Paulo estava contente com o relacionamento que assumiu com a esposa. “Ele era muito jovem. Estava cursando o segundo ano do ensino médio e trabalhava na lavoura e na pecuária da nossa família”, comentou.
Depoimento da família
Os pais e os irmãos da vítima decidiram divulgar um depoimento sobre o que espera da Justiça.
“Enquanto família do João Paulo, esperamos que a justiça seja feita e lutaremos sempre por isso. Falar do João Paulo sem emocionar é muito difícil. Ele era um menino cheio de sonhos, estava terminando o ensino médio. Queria fazer curso técnico e falava sempre em continuar ajudando nas atividades da propriedade da família, que seria nas lavouras de aipim e produção leiteira. Infelizmente, ele teve a vida interrompida e não pôde colocar nada disso em prática. Para nós da família, é muito doloroso lembrar que o acusado de ser o mandante do assassinato do João Paulo ficou em contato com algumas pessoas da família, chorava e demonstrava o tempo todo um sofrimento que nunca existiu. O João Paulo não estará mais fisicamente aqui conosco. Nunca mais nossa família será a mesma. Esperamos que a justiça seja feita, acreditamos na celeridade dos profissionais envolvidos e não mediremos esforços para que ela aconteça”, destacou.
Processo em sigilo
A reportagem não conseguiu contato com as defesas de Renato Moreira da Silva e Carlos Eduardo Rosa da Silva, que são acompanhados pela Defensoria Pública de Campos. Já a defesa de Everaldo Lima da Silva disse que não poderia se pronunciar devido ao sigilo do processo. “No entanto, acredita na inocência do cliente, que não tem antecedentes criminais, nem conhecia a vítima; e que a Justiça deve levar isto em consideração”.
Terceira Via/Show Francisco
Nenhum comentário:
Postar um comentário