Especialista fala da necessidade de oferecer qualidade de vida aos pacientes portadores da doença
POR LETÍCIA NUNESCom o avanço da idade da população, algumas doenças começam a preocupar os familiares e o próprio indivíduo. A doença de Alzheimer é uma delas. Apesar de atingir, habitualmente, pessoas com mais de 60 anos, alguns diagnósticos são feitos em pessoas mais jovens. Esquecimentos, desorientação no tempo e espaço costumam ser os primeiros sinais. Neste contexto, o quadro do paciente acaba evoluindo com o tempo e a angústia é ainda maior, pois até o momento não existe cura para o problema. Dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) revelam que 50 milhões de pessoas sofrem de algum tipo de demência. Deste número, 70% dos casos são de Alzheimer. No Brasil, o número de pacientes com demência deverá triplicar até 2050.
Setembro é o mês de alerta para conscientização da doença de Alzheimer e 21 é o dia marcado para lembrar a importância de transmitir informações a respeito. A geriatra Dra. Deborah Casarsa acredita que o conhecimento sobre o assunto alivia um pouco a rotina de quem cuida e também do paciente portador. “Na realidade, o Alzheimer é uma doença neurodegenerativa, mas com falhas cognitivas, principalmente da memória, mas não só dela. Há uma alteração tanto da atenção, quanto das funções executivas. A capacidade de planejamento e a organização também sofrem prejuízos, além da velocidade de processamento do paciente ser menor do que das pessoas normais, ou seja, ele tem dificuldade em adquirir informações novas. Um esquecimento aliado às alterações cognitivas que interferem na rotina de vida do paciente. Se há suspeitas, uma avaliação neuropsicológica é fundamental”, alega.
Dra. Déborah Casarsa é geriatra
Contexto pandêmico
A especialista revela que a pandemia e o isolamento foram catastróficos com a qualidade de vida dos idosos e ainda mais sendo portadores de demência. Foram muitos prejuízos cognitivos e altas chances de fraturas dentro de casa. Os pacientes que já tinham uma demência inicial evoluíram muito rápido, porque deixaram de buscar ajuda médica, com medo de sair, assim como os seus familiares. “Os cuidadores precisam estar atentos, principalmente em relação à memória de curto prazo. A de longo prazo, eles preservam um pouco mais. Muitas vezes, o próprio paciente tem a percepção, mas está inseguro e com medo. Logo, ele não relata realmente o que é. Por isso, a importância do cuidador familiar ou do profissional, para que possa delinear o que está acontecendo. O que eu vi foram perdas cognitivas, aumento desses prejuízos e muita alteração comportamental”, explica.
A médica lembra que o fato que diminuiu um pouco esta questão foi o atendimento virtual. “A gente conseguiu orientar várias famílias, fazer diagnósticos, mesmo à distância, melhorando a qualidade de vida desse paciente. O diagnóstico da doença de Alzheimer inicialmente é clínico. Sinais e sintomas devem ser observados. Depois, é preciso fazer exames laboratoriais para excluir outras opções, que possam cursar com o esquecimento e que sejam reversíveis. A doença de Alzheimer não vai melhorar, ela vai piorar. Porém, essa notícia não pode ser impactante, porque a gente pode, sim, melhorar a qualidade de vida e dar dignidade a esse paciente portador de demência. Temos que ensinar a família como cuidar! O médico tem que ter uma relação com o paciente e com os familiares. As medicações vêm para frear o processo desgastante. O diagnóstico precoce é fundamental!”, frisa.
O que esperar do futuro?
Estudos ocorrem no mundo todo na tentativa de encontrar soluções ou algo que demonstre verdadeiro avanço na questão da doença de Alzheimer. A Dra. Déborah Casarsa participou do Congresso Mundial de Alzheimer e tem algumas informações importantes a compartilhar.
“Este ano, o evento foi à distância e, entre os assuntos, temos o Aducanumab, que é uma medicação promissora e que foi já certificada nos Estados Unidos. Embora existam muitos conflitos de interesse ainda é algo muito caro para os brasileiros e só está indicado para quem tem demência inicial. E temos também o Canabidiol, que não está aprovado para a doença de Alzheimer, mas alguns pacientes já fazem uso no mundo. Porém, a nossa sociedade de geriatria ainda não recomenda, logo, não prescrevemos. Contudo, estas são as alternativas citadas por pesquisadores e que são vislumbradas em um futuro”, acredita.
Contexto pandêmico
A especialista revela que a pandemia e o isolamento foram catastróficos com a qualidade de vida dos idosos e ainda mais sendo portadores de demência. Foram muitos prejuízos cognitivos e altas chances de fraturas dentro de casa. Os pacientes que já tinham uma demência inicial evoluíram muito rápido, porque deixaram de buscar ajuda médica, com medo de sair, assim como os seus familiares. “Os cuidadores precisam estar atentos, principalmente em relação à memória de curto prazo. A de longo prazo, eles preservam um pouco mais. Muitas vezes, o próprio paciente tem a percepção, mas está inseguro e com medo. Logo, ele não relata realmente o que é. Por isso, a importância do cuidador familiar ou do profissional, para que possa delinear o que está acontecendo. O que eu vi foram perdas cognitivas, aumento desses prejuízos e muita alteração comportamental”, explica.
A médica lembra que o fato que diminuiu um pouco esta questão foi o atendimento virtual. “A gente conseguiu orientar várias famílias, fazer diagnósticos, mesmo à distância, melhorando a qualidade de vida desse paciente. O diagnóstico da doença de Alzheimer inicialmente é clínico. Sinais e sintomas devem ser observados. Depois, é preciso fazer exames laboratoriais para excluir outras opções, que possam cursar com o esquecimento e que sejam reversíveis. A doença de Alzheimer não vai melhorar, ela vai piorar. Porém, essa notícia não pode ser impactante, porque a gente pode, sim, melhorar a qualidade de vida e dar dignidade a esse paciente portador de demência. Temos que ensinar a família como cuidar! O médico tem que ter uma relação com o paciente e com os familiares. As medicações vêm para frear o processo desgastante. O diagnóstico precoce é fundamental!”, frisa.
O que esperar do futuro?
Estudos ocorrem no mundo todo na tentativa de encontrar soluções ou algo que demonstre verdadeiro avanço na questão da doença de Alzheimer. A Dra. Déborah Casarsa participou do Congresso Mundial de Alzheimer e tem algumas informações importantes a compartilhar.
“Este ano, o evento foi à distância e, entre os assuntos, temos o Aducanumab, que é uma medicação promissora e que foi já certificada nos Estados Unidos. Embora existam muitos conflitos de interesse ainda é algo muito caro para os brasileiros e só está indicado para quem tem demência inicial. E temos também o Canabidiol, que não está aprovado para a doença de Alzheimer, mas alguns pacientes já fazem uso no mundo. Porém, a nossa sociedade de geriatria ainda não recomenda, logo, não prescrevemos. Contudo, estas são as alternativas citadas por pesquisadores e que são vislumbradas em um futuro”, acredita.
Fonte: Terceira Via
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