Abordagem multidisciplinar ajuda a retardar o avanço da doença e os sintomas que atrapalham a rotina
POR LETÍCIA NUNES
Parkinson.
A doença de Parkinson é uma manifestação neurodegenerativa que atinge a função motora do paciente. Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) mostram que tal condição progressiva do sistema nervoso atinge até 2% da população acima dos 65 anos. No Brasil, o Ministério da Saúde aponta que cerca de 200 mil indivíduos já possuem diagnóstico para o problema. O Parkinson também atinge pacientes de faixas etárias mais jovens. A boa notícia é que a abordagem multidisciplinar ajuda a retardar o avanço da doença e, consequentemente, os sintomas que atrapalham a rotina.
A geriatra Dra. Deborah Casarsa explica que o Parkinson faz com que o paciente comece a ter alterações motoras, que promovem lentidão ao realizar tarefas simples. Os movimentos não são voluntários. “Ele apresenta mais uma rigidez e também o famoso tremor de repouso. Além deste sintoma, há ainda apatia da face. O paciente sorri e chora com a mesma expressão. Ele perde a expressão facial e isso ocorre geralmente em pessoas mais jovens”, relata.
A especialista destaca que a doença traz sofrimento, justamente porque os pacientes não conseguem realizar as atividades da rotina, ficando impossibilitados. “Nós temos algumas dicas para ajudar no convívio diário e evitar acidentes em casa, como o uso do lençol de cetim, que faz o paciente escorregar um pouco mais no leito e com que ele levante com mais facilidade. Indicamos o uso de canetas específicas e colheres para a alimentação, além da instalação de pisos antiderrapantes e barras de apoio”, frisa.

Reabilitação com exercícios físicos
A professora de Educação Física Vânia Cruz trabalha com a reabilitação de pacientes com Parkinson. “O começo foi desafiante. Eu recebi a proposta de um amigo, portador da doença, que sempre foi um indivíduo ativo. Porém, o Parkinson é muito rápido, logo, se não houver uma estrutura ou uma abordagem com exercícios adequados, ele avança. Com essa oportunidade, eu mergulhei no assunto, fui pesquisar, me especializar, e tenho visto ótimos resultados. Percebo ainda a carência de profissionais da área especializados”, esclarece.
Vânia ainda acrescenta que o Parkinson é uma doença muito flutuante, ora ele responde de forma muita positiva, outras vezes, regride. “É preciso uma abordagem sistemática com o neurologista, fisioterapeuta, educador físico, fonoaudiólogo, psicólogo, nutricionista, entre outros profissionais. Quando conseguimos essa ação de terapias complementares, o objetivo é alcançado mais facilmente e potencializado. Primeiro, o profissional precisa entender em que estágio a doença está para elaborar uma estratégia e conseguir melhorar os sintomas. Nós trabalhamos com exercícios aeróbicos para melhorar a capacidade cardiorrespiratória, associados a um treinamento de força. É possível ainda incluir atividades de mobilidade e alongamento. Temos um indivíduo que precisa de uma atenção global, mas com foco principalmente na autonomia, na qualidade de vida e na eficiência dos movimentos”, indica.
Resultados positivos
A especialista revela que percebe logo de imediato uma evolução na forma de interagir do paciente. “Ele começa a ter mais confiança nos movimentos. Quando a gente consegue desenvolver e melhorar o volume muscular, juntamente com a força e a agilidade, notamos mudanças de comportamento. É possível melhorar a marcha, que é uma característica também da doença, em que o paciente apresenta lentidão neste sentido. Percebemos ainda alterações no equilíbrio e na rigidez. A atividade física no Parkinson deve ser aliada à medicação. Esse conjunto de ações e de interferências consegue retardar o progresso da doença”, garante.
Cuidado com o psicológico
Com experiência na abordagem destes pacientes, a educadora física ainda avalia a necessidade dos familiares e cuidadores ficarem atentos aos sinais, principalmente os tremores.
“Para basicamente qualquer tipo de problema, o diagnóstico precoce é muito importante. Nesta situação não é diferente. Percebendo algo fora do normal, procure um neurologista. Há outra questão que eu acho muito importante. Nós sabemos que é uma doença que atinge também o aspecto psicológico. Há muitos relatos de depressão. Logo, a atenção da família nesse momento é essencial. Existem ainda exercícios que podem ser feitos em casa, com o cuidador, filho ou neto. Estar em contato com a natureza também ajuda. É preciso fazer com que o paciente não sinta a sensação de isolamento. Procure um profissional para melhor orientar a respeito das atividades ideais e ainda ajudar o paciente”, esclarece Vânia Cruz.
Fonte:Terceira Via
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