domingo, 27 de fevereiro de 2022

Foliões saem às ruas na largada do feriado e se unem em pequenos blocos desde o amanhecer

Márcia Folleto/Agência GloboGrupos que saíram de locais diferentes, se reuniram no Largo da Prainha

O carnaval que deixa saudades (livre pelas ruas) e a folia possível neste momento de pandemia (a das festas privadas) acabaram ensaiando um encontro ontem no raiar do primeiro dia do feriado de Momo no Rio. De manhã cedinho, o Largo da Prainha foi palco dessa mistura — que, se por um lado, foi como um grito de quem quer a vida de volta ao normal, por outro, inspira preocupação devido às consequências da aglomeração que se formou. Em meio ao casario histórico do bairro da Saúde, brincaram os que passaram a noite nos muitos eventos fechados da Zona Portuária e que resolveram esticar a diversão. E também aqueles que madrugaram para seguir pequenos blocos não autorizados que se armaram na região, sem resistência dos órgãos de fiscalização.

Na largada do feriado, o que ficou claro é que o adiamento dos desfiles da Sapucaí e o cancelamento oficial dos cortejos de rua não devem conter o ímpeto dos foliões. Tudo bem que regiões como Santa Teresa ficaram com as ladeiras desertas quando, em outros tempos, seriam tomadas por uma mar de gente. E, pelo menos nesse começo, as escolas de samba e os blocos tradicionais respeitaram as regras vigentes, e muitas das agremiações optaram também por participar ou promover festas particulares com entrada paga, até como saída para fazer caixa e gerar renda para músicos e outros trabalhadores que passaram quase dois anos desempregados. Faltou convencer parte dos cariocas e turistas. Apesar da queda no número de casos da Covid no Rio, cientistas desaconselharam os cortejos pela falta de controle, por exemplo, de quem está vacinado ou não.

— Não sei o que esperar desse carnaval, mas o que eu quero é carnaval todo dia. Está tudo meio liberado, meio proibido. A vontade é viver o que a gente perdeu no ano passado, voltar com força — resumia a cientista de dados Ana Luiza Gardeazabal, que anteontem à noite estreou na folia extra-oficial no ritmo de uma roda de samba em frente à Banca do André, na Cinelândia.

Mais de 200 opções

Já entre os “virados” e “madrugadores” da Zona Portuária, alguns ousaram na fantasia. Surgiu até uma dupla catarinense vestida com biquíni de Jade Picon, digital influencer que participa do Big Brother Brasil 2022.Mas a maioria resolveu só colocar um acessório brilhoso aqui, uma purpurina ali, ou reciclar figurinos de outros carnavais. Era o bloco do Resto do Resto, apelidou um ambulante. Nada que tirasse o encanto para quem vivia tudo aquilo pela primeira vez, como um casal formado por um francês e uma alemã que mora no Brasil temporariamente e não queria ir embora sem conhecer a folia.

— Meus pais perguntaram: “mas não cancelou o carnaval?” Eu ri e disse: “mais ou menos". Estávamos na festa fechada, mas nada se compara à rua. Isso é Brasil — dizia o francês Michael.

Nos eventos fechados, porém, tampouco faltou animação. Entre as atrações, além de DJs, baterias de escolas de samba e blocos, havia nomes badalados do cenário nacional, como Gloria Groove e Duda Beat. E, sem exageros, são centenas de opções neste feriado. Só em dois dos principais sites de vendas de ingressos na internet, a procura por “carnaval 2022” aponta cerca de 200 alternativas. Muitos organizadores distribuíram concorridas cortesias. A maior parte do público, no entanto, teve mesmo que pôr a mão no bolso para comprar as entradas.

— Essas festas são fundamentais para gerar emprego a muita gente que está parada por não ter o carnaval de rua — afirma André Schmidt, diretor do bloco Quizomba.
Fonte: https://extra.globo.com/

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