Dados são do Conselho Tutelar e da Promotoria de Tutela Coletiva da Infância e Juventude
POR OCINEI TRINDADE(Foto: Silvana Rust)
Nos últimos dois anos, em Campos dos Goytacazes, cresceu o número de registros de violência física, além de abuso sexual contra crianças e adolescentes. Os dados são do Conselho Tutelar que reúne cinco unidades. O aumento dos casos foi observado no período da pandemia de Covid-19. Em 2020, segundo o CT, foram notificados 216 casos de abuso sexual. Já em 2021, o mesmo crime teve 243 casos, com aumento de 12,5%. Autoridades e profissionais de saúde consideram a situação grave e bastante preocupante. Uma das formas de combater a violência infantil é denunciar, dizem os especialistas.
Campos possui desde outubro de 2021 o Centro de Atendimento Integrado para a Criança ou Adolescente, vítimas de abuso sexual (CAAC). Funciona no Hospital Ferreira Machado, 24 horas por dia. Neste período, foram realizados 52 atendimentos. Conta com uma equipe multidisciplinar, entre assistente social, psicólogos, pediatras, médicos legistas, e policiais que fazem o boletim de ocorrência. O objetivo do CAAC é resgatar a integridade e dignidade emocional das vítimas.
Nos últimos dois anos, em Campos dos Goytacazes, cresceu o número de registros de violência física, além de abuso sexual contra crianças e adolescentes. Os dados são do Conselho Tutelar que reúne cinco unidades. O aumento dos casos foi observado no período da pandemia de Covid-19. Em 2020, segundo o CT, foram notificados 216 casos de abuso sexual. Já em 2021, o mesmo crime teve 243 casos, com aumento de 12,5%. Autoridades e profissionais de saúde consideram a situação grave e bastante preocupante. Uma das formas de combater a violência infantil é denunciar, dizem os especialistas.
Campos possui desde outubro de 2021 o Centro de Atendimento Integrado para a Criança ou Adolescente, vítimas de abuso sexual (CAAC). Funciona no Hospital Ferreira Machado, 24 horas por dia. Neste período, foram realizados 52 atendimentos. Conta com uma equipe multidisciplinar, entre assistente social, psicólogos, pediatras, médicos legistas, e policiais que fazem o boletim de ocorrência. O objetivo do CAAC é resgatar a integridade e dignidade emocional das vítimas.
Promotora | Anik Rebello
Para a Promotoria de Tutela Coletiva da Infância e Juventude de Campos, uma das principais causas de aumento de violência se deve à ausência das aulas presenciais, crianças submetidas a lares desestruturados e abusivos ou ao abandono às ruas.
“O convívio no ambiente escolar é, sem dúvida, importante ferramenta para identificação de sinais de violência, e consequente proteção de direitos. O atraso desse serviço de modo adequado vem trazendo incalculáveis prejuízos. Várias medidas foram adotadas pelo MP em busca de garantir o retorno às aulas presenciais. O serviço do CAAC é fruto de acordo entre a PTCIJ e o Município. A expectativa é de que o funcionamento do equipamento confira à população credibilidade para denunciar o agressor, por poder contar com atendimento especializado e eficaz”, explica a promotora Anik Rebello.
Para a Promotoria de Tutela Coletiva da Infância e Juventude de Campos, uma das principais causas de aumento de violência se deve à ausência das aulas presenciais, crianças submetidas a lares desestruturados e abusivos ou ao abandono às ruas.
“O convívio no ambiente escolar é, sem dúvida, importante ferramenta para identificação de sinais de violência, e consequente proteção de direitos. O atraso desse serviço de modo adequado vem trazendo incalculáveis prejuízos. Várias medidas foram adotadas pelo MP em busca de garantir o retorno às aulas presenciais. O serviço do CAAC é fruto de acordo entre a PTCIJ e o Município. A expectativa é de que o funcionamento do equipamento confira à população credibilidade para denunciar o agressor, por poder contar com atendimento especializado e eficaz”, explica a promotora Anik Rebello.
Conselho Tutelar | Geovana Almeida
Para a conselheira tutelar, Geovana Almeida, Campos carece de mais investimento para combater à violência infantil. “Com o CAAC, tem melhorado a assistência. Porém, avançamos muito pouco. Nas localidades de Pernambuca e Ibitioca, por exemplo, tivemos 18 crianças e adolescentes agredidos. É preciso melhorar na prevenção. Não é só colar cartaz em 18 de Maio, dia de combate à violência sexual. Precisa ser permanente. Campos cresceu muito e precisa ampliar os equipamentos públicos. É preciso ter mais assistência em Guarus e Baixada”, sugere.
Para a conselheira tutelar, Geovana Almeida, Campos carece de mais investimento para combater à violência infantil. “Com o CAAC, tem melhorado a assistência. Porém, avançamos muito pouco. Nas localidades de Pernambuca e Ibitioca, por exemplo, tivemos 18 crianças e adolescentes agredidos. É preciso melhorar na prevenção. Não é só colar cartaz em 18 de Maio, dia de combate à violência sexual. Precisa ser permanente. Campos cresceu muito e precisa ampliar os equipamentos públicos. É preciso ter mais assistência em Guarus e Baixada”, sugere.
FMIJ | Fabiano de Paula
Ações protetivas e investigativas
De acordo com o presidente da Fundação Municipal da Infância e da Juventude, Fabiano de Paula, após determinação judicial, crianças vítimas de violência ou abandono são encaminhadas para abrigos do município. “No final do ano passado, foi elaborado o Plano Municipal pela Primeira Infância, que estabelece metas e atende as crianças de 0 a 6 anos. É constituído de um diagnóstico da situação de vida, desenvolvimento e aprendizagem das crianças. A FMIJ realiza campanhas de conscientização. São instrumentos de denúncias de violência o telefone Disque 100 e o Conselho Tutelar”, explica.
Ações protetivas e investigativas
De acordo com o presidente da Fundação Municipal da Infância e da Juventude, Fabiano de Paula, após determinação judicial, crianças vítimas de violência ou abandono são encaminhadas para abrigos do município. “No final do ano passado, foi elaborado o Plano Municipal pela Primeira Infância, que estabelece metas e atende as crianças de 0 a 6 anos. É constituído de um diagnóstico da situação de vida, desenvolvimento e aprendizagem das crianças. A FMIJ realiza campanhas de conscientização. São instrumentos de denúncias de violência o telefone Disque 100 e o Conselho Tutelar”, explica.
Delegada | Ana Paula Oliveira
Os casos de violência contra crianças e adolescentes em Campos são investigados pela Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam). Para a delegada Ana Paula Carvalho, a sociedade tem se mobilizado mais para denunciar os agressores.
“Vemos um maior encorajamento para encaminhamento das denúncias. Pais, padrastos ou parentes aparecem entre os agressores. Há um trabalho investigativo quando surge a denúncia. O CAAC é a porta de entrada para essas crianças e adolescentes vítimas de crimes sexuais. Isso facilita o nosso trabalho, além de facilitar também que as denúncias cheguem até a polícia. Às vezes não é muito fácil perceber, mas há crianças que demonstram de alguma forma o abuso ou violência. Cabe à sensibilidade das pessoas que estão perto de tentar entender e dar voz a essa a essa criança”, avalia a delegada.
Dados de 2020
Abuso Sexual: 216 casos
Agressão Física: 567 casos
Violência Psicológica: 193 casos.
Dados de 2021
Abuso Sexual: 243 casos
Agressão Física: 602 casos
Violência Psicológica: 78
Fonte: Conselho Tutelar
Apoio emocional às vítimas
A psicóloga Eliana Bess acompanha há oito anos crianças e adolescentes vítimas de violência, encaminhadas ao Conselho Tutelar. Ela conta que quem sofre abuso sexual sempre chega assustado, frequentemente em grande sofrimento.
Os casos de violência contra crianças e adolescentes em Campos são investigados pela Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam). Para a delegada Ana Paula Carvalho, a sociedade tem se mobilizado mais para denunciar os agressores.
“Vemos um maior encorajamento para encaminhamento das denúncias. Pais, padrastos ou parentes aparecem entre os agressores. Há um trabalho investigativo quando surge a denúncia. O CAAC é a porta de entrada para essas crianças e adolescentes vítimas de crimes sexuais. Isso facilita o nosso trabalho, além de facilitar também que as denúncias cheguem até a polícia. Às vezes não é muito fácil perceber, mas há crianças que demonstram de alguma forma o abuso ou violência. Cabe à sensibilidade das pessoas que estão perto de tentar entender e dar voz a essa a essa criança”, avalia a delegada.
Dados de 2020
Abuso Sexual: 216 casos
Agressão Física: 567 casos
Violência Psicológica: 193 casos.
Dados de 2021
Abuso Sexual: 243 casos
Agressão Física: 602 casos
Violência Psicológica: 78
Fonte: Conselho Tutelar
Apoio emocional às vítimas
A psicóloga Eliana Bess acompanha há oito anos crianças e adolescentes vítimas de violência, encaminhadas ao Conselho Tutelar. Ela conta que quem sofre abuso sexual sempre chega assustado, frequentemente em grande sofrimento.
Psicóloga | Eliana Bess
“É preciso em primeiro lugar, acolher. Quase sempre inclui um longo abraço, ou dar o colo, quando se trata de uma criança pequena. É necessário criar um ambiente de máxima confiança para que eles falem. Muitas vezes não conseguem. Eles têm medo e vergonha. Sentem-se culpados pela violência sofrida. Nos casos de abusos sexuais prolongados, relatam que cedem porque o abusador ameaça suas mães, de forma velada ou explicitamente. A maioria das vítimas de violência sexual relata que as genitoras não acreditam nelas, e muitas vezes, são agredidas por elas”, observa.
Eliana recomenda a necessidade de encaminhamento das vítimas para o serviço de psicologia da rede municipal. “Muitas vezes não só para a vítima, mas também para a mãe. Também solicito qualquer necessidade que percebo imprescindível para auxiliar e minimizar os danos psicológicos causados à vítima”, conclui.
“É preciso em primeiro lugar, acolher. Quase sempre inclui um longo abraço, ou dar o colo, quando se trata de uma criança pequena. É necessário criar um ambiente de máxima confiança para que eles falem. Muitas vezes não conseguem. Eles têm medo e vergonha. Sentem-se culpados pela violência sofrida. Nos casos de abusos sexuais prolongados, relatam que cedem porque o abusador ameaça suas mães, de forma velada ou explicitamente. A maioria das vítimas de violência sexual relata que as genitoras não acreditam nelas, e muitas vezes, são agredidas por elas”, observa.
Eliana recomenda a necessidade de encaminhamento das vítimas para o serviço de psicologia da rede municipal. “Muitas vezes não só para a vítima, mas também para a mãe. Também solicito qualquer necessidade que percebo imprescindível para auxiliar e minimizar os danos psicológicos causados à vítima”, conclui.
Fonte: Terceira Via
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