Outras pessoas continuam sendo investigadas no inquérito que apura estelionato, falsidade ideológica e associação criminosa
Agentes chegam à delegacia após cumprimento de mandados
(Fotos: Silvana Rust)
A Polícia Federal (PF) indiciou cinco alunos da Faculdade de Medicina de Campos (FMC) por estelionato, falsidade ideológica e associação criminosa. Eles são investigados por forjar documentação para conseguirem obter bolsas da faculdade. Segundo o delegado que preside o inquérito, Wesley Amato, para obter o título de filantrópica, a faculdade precisa ofertar um determinado número de bolsas, concedidas exclusivamente a estudantes de baixa renda. Os suspeitos não se enquadravam nos critérios, mas, mesmo assim, se inscreveram no Cadastro Único para Programas Sociais (CadÚnico), do Governo Federal, e apresentaram comprovantes de rendimentos não compatíveis com o padrão de vida real que mantinham.
Na manhã desta quinta-feira (26), a Polícia cumpriu 17 mandados de busca e apreensão, 10 em Campos, um em São Francisco de Itabapoana, um em Mimoso do Sul (ES), dois em Linhares (ES) e dois em Cachoeiro de Itapemirim (ES). Todos os mandados são referentes a alunos e pais de alunos que obtiveram bolsas em Campos.
Também esta manhã, alguns estudantes e pais foram intimados a comparecer à Delegacia da PF em Campos para prestar depoimento. “Nós recolhemos documentos, escrituras, e teremos materialidade para comprovar que esses alunos não se enquadram no critério de baixa renda”, disse o delegado.
As investigações tiveram início no ano de 2018, quando uma reportagem de TV chamou a atenção para o padrão de vida de alguns alunos bolsistas. A partir desse momento, a PF instaurou o inquérito, que ganhou força em 2021. “Dos nove alunos investigados na época, indiciamos cinco. Dois foram excluídos do inquérito porque comprovamos que eles, de fato, se enquadravam nos critérios. Os outros dois nós ainda dependíamos de materialidade. Mas, a partir das provas recolhidas hoje, acredito que vamos ter elementos suficientes para indiciá-los também”, disse o delegado.
Faculdade de Medicina de Campos
(Foto: Arquivo)
Filhos de empresários receberam auxílio emergencial
De acordo com o delegado, entre os investigados há filhos de médicos e filhos de empresários que, claramente, não são pessoas de baixa renda. Alguns desses pais de estudantes chegaram a movimentar, em três anos, as quantias de R$ 12 e R$ 13 milhões.
No curso da investigação, a polícia verificou que, por estarem inscritos no CadÚnico — cadastro de famílias de baixa renda mantido pelo Governo Federal — além de receberem fraudulentamente as bolsas de estudos, os alunos e alguns pais chegaram até a receber Auxílio Emergencial, derivado das ações de enfrentamento aos efeitos da pandemia de Covid-19.
O nome da operação, “Falso Positivo”, é em alusão ao termo em medicina, que significa o exame físico ou complementar em que o resultado indica a presença de uma doença, quando na realidade ela não existe.
Fotos divulgadas pela Polícia Federal mostram o interior de um imóvel comercial de propriedade de um dos alvos da operação, localizado no bairro Pelinca, em Campos.
Terceira Via/Show Francisco
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