quinta-feira, 9 de junho de 2022

Sessão da Câmara de Campos tem ameaças de 'tiro, porrada e bomba'

Aldir Sales 
Juninho Virgílio e Maicon Cruz / Genilson Pessanha
Não é verso de funk, mas a sessão da Câmara de Campos desta quarta-feira (8) foi marcada por ameaças de “tiro, porrada e bomba”. Os trabalhos estavam relativamente calmos, até a parte final, quando houve troca de ofensas, encarada, exame toxicológico, cantoria e até “briga com AR-15” (arma de grosso calibre) e “explosão” entre os vereadores de oposição e da base governista.

Fred Machado (Cidadania) usou a tribuna para protestar contra a decisão do presidente interino Leon Gomes (PDT), que negou o pedido assinado por ele para anular a sessão do dia 1º de junho, quando houve o arquivamento da ação de destituição contra o presidente Fábio Ribeiro (PSD) e o vice Juninho Virgílio (União). No entanto, o vereador conhecido pela tranquilidade surpreendeu ao falar em “explodir a Câmara”.

— Vai ser difícil chegar a uma conciliação. Acho que temos que partir para retaliações. Partir para briga, com AR-15 mesmo. Explodir a Câmara — desabafou Fred, sem paciência, antes de explicar sua irritação sobre o pedido negado.
Após a repercussão, o vereador postou um vídeo nas redes sociais pedindo desculpa pela declaração.

Os vereadores da oposição entraram com pedido de destituição do presidente e vice por causa da condução da eleição da Mesa Diretora em 15 de fevereiro. Na ocasião, o líder da oposição Marquinho Bacellar (SD) chegou a ser proclamado vencedor, mas teve a vitória anulada por decisão da própria Mesa. O entendimento foi de que Nildo Cardoso (União) não votou nominalmente, o que contraria o regimento interno.

O parecer da comissão processante – formada por Kassiano Tavares (PSD), Alvaro Oliveira (PSD) e Marcione da Farmácia (União) – contra Fábio e Juninho foi pelo arquivamento da denúncia. A ação entrou na pauta da terça-feira (31), quando a sessão se estendeu até o início da madrugada e foi suspensa porque situação e oposição não chegaram a um entendimento sobre o rito do processo.

Pelo entendimento da Mesa Diretora, todos os envolvidos na denúncia – o presidente e o vice, denunciados, e os 13 vereadores oposicionistas, por serem autores da ação – não poderiam votar. Já pela interpretação dos advogados do grupo de oposição, apenas os integrantes da Mesa ligados diretamente na denúncia estariam impedidos. Neste caso, além de Fábio e Juninho, o vereador Maicon Cruz, como segundo vice-presidente e um dos autores da ação seria o único do grupo a não votar.

A sessão de 31 de maio continuou no dia seguinte, mas, de acordo com a oposição, só restavam mais 15 minutos para ela ser encerrada. Os advogados do grupo argumentam que o presidente interno Leon Gomes colocou em votação a abertura de uma nova sessão no dia 1º de junho, que foi reprovada pela maioria.

Os oposicionistas dizem, ainda, que os 13 vereadores do grupo obstruíram legalmente a nova sessão, que teria sido aberta sem o quórum mínimo de participantes. Foi nesta sessão que a votação do parecer aconteceu, apenas com vereadores governistas, que decidiram arquivar as denúncias contra Fábio e Juninho.

Mais confusão
Já na parte da palavra livre, Juninho Virgílio subiu na tribuna para responder Raphael Thuin (PTB) e Maicon Cruz (PSC) e houve mais confusão, com baixaria e troca de ofensas entre vereadores.

Mais cedo, Thuin criticou a falta de ações do governo para geração de empregos e foi rebatido por Juninho. O vice-presidente acusou o colega de ter fechado vilas olímpicas enquanto presidente da Fundação Municipal de Esportes (FME) durante a gestão do ex-prefeito Rafael Diniz (Cidadania) e foi chamado de mentiroso. Virgílio respondeu, dizendo que o parlamentar de oposição é “fanfarrão”.

Na sequência, Juninho Virgílio também defendeu o governo das declarações de Maicon Cruz, que chamou a administração do prefeito Wladimir Garotinho (sem partido) de “sem palavra”. Juninho, então, foi irônico ao dizer que sem palavra era Maicon, em uma referência ao dia da eleição da Mesa Diretora, quando ele chegou a assinar um documento de intenção de voto em Fábio Ribeiro, mas acabou votando em Marquinho Bacellar. Em sua resposta, o Cruz pediu um exame toxicológico do colega.

Durante a fala do vice-presidente, os vereadores da oposição esvaziaram o plenário enquanto Juninho chamava Maicon de “vacilão” e dizendo que levaria o exame e que iria cantar para o parlamentar do PSC.

Fonte: Fmanhã 



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