Subsecretaria de Atenção Básica, Vigilância e Promoção da Saúde diz que adesão às doses de reforço está aquém do esperado
O secretário municipal de Saúde, Paulo Hirano, que conduziu a reunião virtual do gabinete de crise, disse que a subida e estabilização da quarta onda da doença na cidade indica que o momento é cautela.
“Estudos técnicos e científicos já apontavam que iríamos passar por essa nova onda e hoje não temos dúvida de que estamos numa quarta onda. Onda esta amenizada pela imunização e, consequentemente com números menores, porém significativos dentro da curva estatística, principalmente nas últimas três semanas em que o município saiu do registro de dois para seis óbitos por semanais”, ponderou.
Já o infectologista e responsável técnico pela Vigilância e Saúde da Subsecretaria de Atenção Básica, Vigilância e Promoção da Saúde (Subpav), Charbell Kury, disse que a taxa de positividade para testagem que, em junho, chegou a atingir 35% nos testes de antígeno e de 40% nos testes PCR, mas que vem mantendo estabilização de 27% e 32%, respectivamente. Segundo o especialista, as subvariantes da Ômicron, BA.4 e BA.5, têm predominância de 93% em todo o mundo e com isso, “Percebemos que diminuiu a mortalidade pela doença, mas aumentou a transmissibilidade”, disse o infectologista.
Quanto à mortalidade em Campos, Charbell Kury, apresentou estudo da Subpav que analisou individualmente 18 óbitos. “Dezessete pacientes estão na faixa etária acima dos 60 anos. Destes, nove com esquema vacinal incompleto, sendo oito com duas doses e um com três doses da vacina”, disse ele acrescentando. “Isso aumenta cada vez mais a necessidade da imunização, inclusive das doses de reforço da população adulta. Essas doses são essenciais para o bloqueio de casos graves e óbitos.”
Vacinação e preocupação
Em Campos, a adesão à imunização das doses de reforço está aquém do esperado, sendo vacinadas até a última sexta-feira (9) 201.199 pessoas com a terceira dose e de 54.620 com a quarta dose. Isso representa cobertura vacinal de 42,6% e 11,4%, respectivamente.
Segundo a Subsecretaria de Atenção Básica, Vigilância e Promoção da Saúde (SUBPAV), de 5 de julho até hoje (11) há 310 casos notificados de síndrome gripal/Covid-19 ativos no município.
Dentro do atual cenário, a preocupação das autoridades em saúde de Campos ainda são os bolsões de susceptíveis, ou seja, pessoas de cinco anos ou mais que ainda não tomaram a vacina e, a possibilidade de um novo surto em especial nos não elegíveis para a vacinação, que são as crianças de três e quatros anos e, por isso, o adiamento do retorno às aulas escolares para a Educação Infantil.
“Temos observado que óbitos têm acometido pessoas acima dos 60 anos e, por isso, ressaltamos que essa parcela precisa completar o esquema de vacinação. Aqueles que têm acima de 40 anos também devem fazer a segunda dose de reforço”, reforçou Charbell Kury.
Ao citar a baixa adesão às doses de reforço, o secretário revelou que um estudo de Harvard mostra que o papel das crianças na transmissão da Covid-19 é maior do que de falava inicialmente.
“As crianças transmitem Covid-19. Por isso, orientamos as pessoas que antes de desconfiar das vacinas que investiguem. Já foram bilhões de doses aplicadas. A vacina é vítima do seu próprio sucesso. Nós acabamos com a poliomielite e isso foi graças à vacina”, disse.
Cenário atual
De acordo com o último boletim da Covid divulgado, Campos está com 57,89% de ocupação nos leitos de UTI, na rede pública e na rede privada. Os leitos de clínica médica também têm 51,61% de ocupação. Não há fila de espera
Alerta da Fiocruz
Um trabalho de sequenciamento genético realizado pela Rede Genômica da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) aponta que as linhagens BA.4 e BA.5 da variante Ômicron continuaram a ganhar espaço no país durante a segunda quinzena de junho, o que favorece a ocorrência de casos de Covid-19 em pessoas que já tiveram a doença e se recuperaram.
O estudo mostra que as subvariantes BA.4 e BA.5 representavam cerca de 8% dos casos sequenciados no país em maio e que o percentual que subiu para 25% em junho, enquanto a BA.2 perdeu espaço. O cenário é semelhante ao que ocorre na América do Norte e na Europa e tende a posicionar as duas novas subvariantes como dominantes no país.
Com o predomínio dessas duas linhagens, pesquisadores esperam uma maior ocorrência de reinfecções, já que elas são consideradas geneticamente bem distintas da BA.1 e da BA.2, que dominaram o cenário epidemiológico no primeiro semestre. O mesmo ocorreu quando a variante Ômicron BA.1 substituiu a variante Delta e causou o pico de casos registrado em janeiro e fevereiro deste ano.
Foram caracterizados geneticamente 81 casos de reinfecção por Covid-19, sendo 68 deles associados às linhagens da variante Ômicron. Entre esses casos, já há pessoas que contraíram Covid-19 a partir de vírus de duas linhagens diferentes da Ômicron.
Terceira Via/Show Francisco
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