De acordo com relatos da categoria, somente no início desse mês foram confirmados 20 casos da doença na unidade
O Sindicato dos Petroleiros do Norte Fluminense (Sindipetro-NF) recebeu relatos de casos na plataforma P-67 no dia 14 de outubro, na Bacia de Santos. Petroleiros a bordo apresentaram sintomas gripais, como tosse seca. De acordo com relatos da categoria, somente no início desse mês foram confirmados 20 casos da doença na unidade.
Diretor do Sindipetro-NF, José Maria Rangel considera fundamental que a companhia petrolífera faça uma testagem em massa dos trabalhadores e trabalhadoras antes e durante o embarque e no momento de retorno da escala de trabalho offshore. Segundo ele, isso não vem acontecendo.
“Desde o início do processo, o sindicato se colocou à disposição da empresa para que, juntos, encontrássemos saídas que mitigassem os efeitos da contaminação dos trabalhadores offshore. Mas a empresa, lamentavelmente, faz ouvido de mercador e não escuta as sugestões – critica o diretor, observando que a entidade sindical distribui máscaras e faz a testagem de trabalhadores, uma obrigação que seria da Petrobras”, afirma.
Logística deficiente, lucro recorde
Os relatos de quem enfrenta a Covid-19 indicam sofrimento físico e psicológico. Segundo um estudo de caso promovido pela Universidade de Brasília (UnB) com dez trabalhadores das indústrias química e de petróleo, seis deles relataram contágio laboral; ou seja, no ambiente de trabalho. Três relataram demora das empresas em afastá-los dos locais de trabalho, o que provocou novos contágios.
Zé Maria cita a deficiência na logística como um fator agravante, principalmente pelos cortes que a Petrobras fez no setor de transporte. “Hoje não se tem o desembarque das pessoas contaminadas porque não há tripulação, nem aeronave suficiente. Isso é inadmissível para uma empresa que este ano vai lucrar mais de R$ 100 bilhões”.
O diretor do Sindipetro-NF também responsabiliza o atual governo federal por ter desmobilizado os principais órgãos de fiscalização e controle na área de segurança e saúde que estavam atrelados ao Ministério do Trabalho e Emprego. Sem fiscalização e sem testagem em massa, restam ao Paulo Cezar e a milhares de petroleiros rezar para que superem com saúde os dias de trabalho em confinamento.
Ascom
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