Eliane Carvalho disse que a família estava de férias e que todos desconheciam o mandado de prisão
Preso desde a manhã desta quinta-feira (19) na sede da Polícia Federal em Campos, Carlos Victor Carvalho, o CVC, membro da Associação Direita Campos, ainda não foi ouvido delegado. O mandado de prisão preventiva foi cumprido em uma pousada no município de Guaçuí, no Espírito Santo. Ele era considerado foragido desde a última segunda-feira (16), quando foi deflagrada a Operação Ulysses, que investiga a participação, financiamento e organização dos atos antidemocráticos em Brasília no último dia 8. O advogado e a mãe de Carlos Victor disseram que ele não esteve em Brasília e que não recebeu nenhum PIX. Até a publicação desta matéria, CVC ainda não tinha sido ouvido pelo delegado Wesley Amato, que está à frente do caso.
Segundo o advogado Renato Gomes dos Santos, Carlos Victor não esteve em Brasília, nunca liderou nenhuma manifestação em Campos e não conhece nenhuma das demais pessoas investigadas na operação.
“Meu cliente, infelizmente, diante das circunstâncias que estão ocorrendo no país, está sendo acusado por uma ação que ele jamais compareceu, em Brasília. As imagens que têm são pretéritas à data do dia 8. Ou seja, não existe prova cabal que possa manter legalmente o meu cliente preso. Estamos passando por uma situação política complicada, um período da história, bem complicado, mas meu cliente, inclusive, não conhece os demais investigados que se encontram acautelados pelo juízo e não faz parte da mesma direita. Todos nós sabemos que a direita em Campos é dividida, então ele nunca exerceu em momento algum nenhuma liderança de governo, nenhuma liderança de manifestação, nunca recebeu qualquer PIX e conclusão: a partir daí a defesa irá juntar as provas necessárias para que ele se mantenha livre, porque ante à visão da defesa, ele se encontra preso ilegalmente, a priori”, disse.
Renato Gomes disse que Carlos Victor é investigado por crime previsto no artigo 288 do Código Penal, “associarem-se três ou mais pessoas, para o fim específico de cometer crimes”, com previsão de pena de reclusão de um a três anos” e por tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, segundo o art. 359-L. “Tentar, com emprego de violência ou grave ameaça, abolir o Estado Democrático de Direito, impedindo ou restringindo o exercício dos poderes constitucionais”, com previsão de pena de reclusão de quatro a oito anos.
A mãe de Carlos, Eliane Carvalho, disse que estava de férias com o filho e que ninguém sabia que havia um mandado de prisão em aberto para ele. Ela disse ainda que a foto publicada do filho em Brasília foi feita no dia da posse do ex-presidente.
“Eu estou passando por um momento difícil da minha vida, com câncer, fazendo quimioterapia e a gente saiu para passear. Eu queria pedir que colocassem o fato real, porque a gente vê a mídia colocando como se ele estivesse foragido, como se ele tivesse culpa, mas não tem culpa. Ele não estava em Brasília, a foto que foi publicada, foi na posse de Bolsonaro, há quatro anos. É uma maldade, parece uma montagem de uma caça às bruxas. Muito estranho. Coloquem o que é real para que não haja muitas interpretações e condenem uma pessoa inocente”, disse Eliane.
O advogado falou ainda que até o momento não tinha conversado com o delegado, mas que houve possibilidade de colaboração premiada.
“Estou aguardando o delegado para que nós possamos conversar. Houve ilação sobre colaboração premiada, contudo, meu cliente não tem como inventar uma delação. Então, isso tudo vai ser apurado e a defesa requer que seja o mais célere possível para comprovar a inocência dele”, acrescentou o advogado que disse ainda desconhecer o direito penal aplicado.
J3News
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