O J3News buscou saber um pouco mais sobre as escolhas e quebra de padrões de algumas delas, cada uma ao seu modo.
POR THABATA FERREIRAElizabeth Torquato | Em busca de realização pessoal e profissional, ultrapassou barreiras sociais da sua época. (Foto: Silvana Rust)
Independente do contexto em que foram criadas, algumas mulheres escolhem, em certo momento da vida, abraçar suas próprias escolhas. Decidir ter filhos ou não, optar pelo casamento e vida a dois, o tipo de trabalho e o roteiro que querem viver podem interferir totalmente no mundo ao seu redor e na sociedade. Por isso, o J3News, no período de marca do Dia Internacional da Mulher (dia 8 de março), buscou saber um pouco mais sobre as escolhas de algumas delas e o que entendem por ser mulher, individualmente. Cada uma ao seu modo.
Com 36 anos, formada em Psicologia, mãe solo e com exemplos reais sobre a importância da independência feminina em casa, Conceição Gama, que também faz parte do Conselho Regional de Psicologia e Conselho Municipal dos Direitos da Mulher de Campos, diz que, para falar de sua história, não teria como não pensar, primeiro, na história de sua mãe. “É uma mulher que sempre foi independente, que sempre correu atrás da sua vida profissional, teve uma origem humilde e buscou trabalhar desde os 13 anos porque quis. Porque queria ter o próprio dinheiro, porque queria ter sua independência”, recorda, enfatizando que “ver, acompanhar e crescer com essa mulher independente, autônoma, que sempre resolveu suas coisas por conta própria”, passou a ser referência para ela.
Independente do contexto em que foram criadas, algumas mulheres escolhem, em certo momento da vida, abraçar suas próprias escolhas. Decidir ter filhos ou não, optar pelo casamento e vida a dois, o tipo de trabalho e o roteiro que querem viver podem interferir totalmente no mundo ao seu redor e na sociedade. Por isso, o J3News, no período de marca do Dia Internacional da Mulher (dia 8 de março), buscou saber um pouco mais sobre as escolhas de algumas delas e o que entendem por ser mulher, individualmente. Cada uma ao seu modo.
Com 36 anos, formada em Psicologia, mãe solo e com exemplos reais sobre a importância da independência feminina em casa, Conceição Gama, que também faz parte do Conselho Regional de Psicologia e Conselho Municipal dos Direitos da Mulher de Campos, diz que, para falar de sua história, não teria como não pensar, primeiro, na história de sua mãe. “É uma mulher que sempre foi independente, que sempre correu atrás da sua vida profissional, teve uma origem humilde e buscou trabalhar desde os 13 anos porque quis. Porque queria ter o próprio dinheiro, porque queria ter sua independência”, recorda, enfatizando que “ver, acompanhar e crescer com essa mulher independente, autônoma, que sempre resolveu suas coisas por conta própria”, passou a ser referência para ela.
(Foto: Acervo pessoal)
“Sempre tive essa questão muito forte na minha vida, de que não estava crescendo para ser esposa, dona de casa ou ‘submissa’ a alguém ou que precisasse ter um relacionamento para ser uma mulher feliz, completa, ou qualquer outra construção social. Esse senso comum de que a mulher precisa de um parceiro, de um casamento para ser feliz, para ser inteira, não foi construído ao longo da minha vida. E até nos meus relacionamentos românticos, a minha mãe sempre me incentivou a terminar se não tivesse OK. Então, isso para mim, acho que fez muita diferença na forma como eu vejo o mundo, a vida, os relacionamentos, ao valor que eu dou às amizades, à família e não, necessariamente, ao relacionamento romântico”, reflete.
Seu conceito sobre ser mulher, segundo ela mesma reforça, é exatamente o motivo inicial que inspirou o Dia Internacional da Mulher: não se encaixar, ser revolução. “A gente já nasce numa sociedade que nos oprime, que nos violenta, que cerceia nossa liberdade, nossos corpos, nossas possibilidades profissionais. Então, a gente já cresce entendendo que se a gente não cabe, a gente precisa modificar para caber. A sociedade está em eterna modificação. Eu acredito muito que se a gente está em um lugar que não nos favorece, a gente tem que fazer esse lugar mudar”, defende.
“Sempre tive essa questão muito forte na minha vida, de que não estava crescendo para ser esposa, dona de casa ou ‘submissa’ a alguém ou que precisasse ter um relacionamento para ser uma mulher feliz, completa, ou qualquer outra construção social. Esse senso comum de que a mulher precisa de um parceiro, de um casamento para ser feliz, para ser inteira, não foi construído ao longo da minha vida. E até nos meus relacionamentos românticos, a minha mãe sempre me incentivou a terminar se não tivesse OK. Então, isso para mim, acho que fez muita diferença na forma como eu vejo o mundo, a vida, os relacionamentos, ao valor que eu dou às amizades, à família e não, necessariamente, ao relacionamento romântico”, reflete.
Seu conceito sobre ser mulher, segundo ela mesma reforça, é exatamente o motivo inicial que inspirou o Dia Internacional da Mulher: não se encaixar, ser revolução. “A gente já nasce numa sociedade que nos oprime, que nos violenta, que cerceia nossa liberdade, nossos corpos, nossas possibilidades profissionais. Então, a gente já cresce entendendo que se a gente não cabe, a gente precisa modificar para caber. A sociedade está em eterna modificação. Eu acredito muito que se a gente está em um lugar que não nos favorece, a gente tem que fazer esse lugar mudar”, defende.
(Foto: Acervo pessoal)
As escolhas para a liberdade financeira
Para algumas mulheres, o sonho da independência e da conquista, inclusive financeira, passa por escolhas como colocar total foco nos estudos, no trabalho e, quase sempre, no desafio de romper convenções. A campista Elizabeth Torquato tem 65 anos e começou a trabalhar aos 18 anos, contrariando os padrões de toda a sua geração e, consequentemente, de seu pai à época. Seu grande sonho de independência era passar em um concurso público. Aos 24 anos foi morar em Manaus, com seu irmão, onde ficou por cerca de dois anos e trabalhou em uma unidade bancária. Voltou para Campos depois de um tempo e, em um ano e meio e algumas tentativas para concursos, passou para a Petrobras.
“Eu entrei na Petrobras no dia 3 de junho e fazia aniversário no dia 9 de junho. Foi um presente na minha vida”, contou. Depois de concursada pela empresa, ela ainda cursou Fisioterapia, conquistou muitos sonhos de vida e depois de trabalhar 30 anos e se aposentar, decidiu, também, fazer o último processo seletivo temporário do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), quando também foi aprovada e trabalhou pelo período previsto.
As escolhas para a liberdade financeira
Para algumas mulheres, o sonho da independência e da conquista, inclusive financeira, passa por escolhas como colocar total foco nos estudos, no trabalho e, quase sempre, no desafio de romper convenções. A campista Elizabeth Torquato tem 65 anos e começou a trabalhar aos 18 anos, contrariando os padrões de toda a sua geração e, consequentemente, de seu pai à época. Seu grande sonho de independência era passar em um concurso público. Aos 24 anos foi morar em Manaus, com seu irmão, onde ficou por cerca de dois anos e trabalhou em uma unidade bancária. Voltou para Campos depois de um tempo e, em um ano e meio e algumas tentativas para concursos, passou para a Petrobras.
“Eu entrei na Petrobras no dia 3 de junho e fazia aniversário no dia 9 de junho. Foi um presente na minha vida”, contou. Depois de concursada pela empresa, ela ainda cursou Fisioterapia, conquistou muitos sonhos de vida e depois de trabalhar 30 anos e se aposentar, decidiu, também, fazer o último processo seletivo temporário do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), quando também foi aprovada e trabalhou pelo período previsto.
Ulli Marques | Hoje, vive um grande sonho no Rio. (Foto: Acervo pessoal)
“Venho de uma geração em que as mulheres, se eram para ser felizes ou não felizes, não importava, a exigência era que elas se casassem e tivessem filhos. Para o meu pai, a gente só podia sair de casa casada. Que não era uma mentalidade dele, era da época. A mulher tinha um determinado tipo de estudo só para ter uma base. Mas ela, muitas vezes, não ia usar aquilo porque ou ela era dona de casa ou trabalhava meio expediente. E mais o casamento e filhos. Essa era a história que, para mim, já era um desespero porque eu sabia que não era aquilo que eu queria para a minha vida” contextualiza.
Elizabeth conta que passar na Petrobras veio como símbolo do que tanto havia desejado que era a independência financeira. “Se um dia eu me casasse ou fosse viver com alguém, não poderia existir essa dependência. Hoje, sou dona da minha vida, faço tudo sem precisar de outra companhia, faço tudo sozinha, mas não quer dizer que eu seja autosuficiente. Só não dependo de outra pessoa para viver a minha vida. Eu acho que isso resume ser mulher: um ser humano que é diferente do homem e que quer o seu lugar na sociedade”.
Desejo por independência passado por gerações
O contexto da libertação feminina através da escolha pela independência se reforça por gerações. Hoje, com 31 anos, a jornalista, professora, mestre e doutoranda Ulli Marques também declara que essa força de vontade de conseguir realizar sonhos, alcançar o lugar que queria, sempre foi muito forte. “Eu não queria repetir os padrões que eu via. Vindo de uma família pobre. Eu não queria repetir de jeito nenhum. Eu queria ser diferente das pessoas que eu via, das meninas da minha escola, das professoras, da minha mãe, da minha família, eu queria muito seguir um outro caminho. O meu caminho, a minha independência, morar sozinha, viver em alguma cidade grande, ler muito, ser conhecida por isso, ser uma pessoa que as pessoas admiram pelo conhecimento. Sempre foi algo muito forte dentro de mim”, disse.
“Venho de uma geração em que as mulheres, se eram para ser felizes ou não felizes, não importava, a exigência era que elas se casassem e tivessem filhos. Para o meu pai, a gente só podia sair de casa casada. Que não era uma mentalidade dele, era da época. A mulher tinha um determinado tipo de estudo só para ter uma base. Mas ela, muitas vezes, não ia usar aquilo porque ou ela era dona de casa ou trabalhava meio expediente. E mais o casamento e filhos. Essa era a história que, para mim, já era um desespero porque eu sabia que não era aquilo que eu queria para a minha vida” contextualiza.
Elizabeth conta que passar na Petrobras veio como símbolo do que tanto havia desejado que era a independência financeira. “Se um dia eu me casasse ou fosse viver com alguém, não poderia existir essa dependência. Hoje, sou dona da minha vida, faço tudo sem precisar de outra companhia, faço tudo sozinha, mas não quer dizer que eu seja autosuficiente. Só não dependo de outra pessoa para viver a minha vida. Eu acho que isso resume ser mulher: um ser humano que é diferente do homem e que quer o seu lugar na sociedade”.
Desejo por independência passado por gerações
O contexto da libertação feminina através da escolha pela independência se reforça por gerações. Hoje, com 31 anos, a jornalista, professora, mestre e doutoranda Ulli Marques também declara que essa força de vontade de conseguir realizar sonhos, alcançar o lugar que queria, sempre foi muito forte. “Eu não queria repetir os padrões que eu via. Vindo de uma família pobre. Eu não queria repetir de jeito nenhum. Eu queria ser diferente das pessoas que eu via, das meninas da minha escola, das professoras, da minha mãe, da minha família, eu queria muito seguir um outro caminho. O meu caminho, a minha independência, morar sozinha, viver em alguma cidade grande, ler muito, ser conhecida por isso, ser uma pessoa que as pessoas admiram pelo conhecimento. Sempre foi algo muito forte dentro de mim”, disse.
Conceição Gama | Fonte de inspiração para mães. (Foto: Acervo pessoal)
Ulli conta que, no ano retrasado, entrevistou Conceição Muniz, que é uma professora também, de Serviço Social, da UFF, que foi a pessoa que conseguiu montar a Universidade Federal Fluminense (UFF), em Campos. “Uma mulher de noventa e poucos anos, bem idosa, negra e ela fez tudo o que quis na vida dela. Quando eu tive a oportunidade de entrevistá-la, no ano retrasado, eu me lembro que chorei muito durante a entrevista porque eu vi nela, aos noventa e poucos anos, a mulher que eu gostaria de ser. Isso me trouxe uma força que já existia dentro de mim, mas que me fez perceber que é possível, real”.
Para concluir, ela completa: “Não sei se eu seria uma mulher não convencional, acho difícil dizer isso, ainda mais em 2023, mas sou uma mulher de 31 anos, solteira, que saiu de uma cidade pequena, da periferia de Angra dos Reis e consegui alcançar algumas coisas que ninguém da minha família conseguiu. Não tem ninguém da minha família que é mestre, que fez doutorado. Hoje sou uma mulher que não pensa em ter filhos, que quer viver a vida intensamente, de todas as formas possíveis” conta ela que, hoje, vive um dos sonhos, que é morar na capital fluminense.
Ulli conta que, no ano retrasado, entrevistou Conceição Muniz, que é uma professora também, de Serviço Social, da UFF, que foi a pessoa que conseguiu montar a Universidade Federal Fluminense (UFF), em Campos. “Uma mulher de noventa e poucos anos, bem idosa, negra e ela fez tudo o que quis na vida dela. Quando eu tive a oportunidade de entrevistá-la, no ano retrasado, eu me lembro que chorei muito durante a entrevista porque eu vi nela, aos noventa e poucos anos, a mulher que eu gostaria de ser. Isso me trouxe uma força que já existia dentro de mim, mas que me fez perceber que é possível, real”.
Para concluir, ela completa: “Não sei se eu seria uma mulher não convencional, acho difícil dizer isso, ainda mais em 2023, mas sou uma mulher de 31 anos, solteira, que saiu de uma cidade pequena, da periferia de Angra dos Reis e consegui alcançar algumas coisas que ninguém da minha família conseguiu. Não tem ninguém da minha família que é mestre, que fez doutorado. Hoje sou uma mulher que não pensa em ter filhos, que quer viver a vida intensamente, de todas as formas possíveis” conta ela que, hoje, vive um dos sonhos, que é morar na capital fluminense.
Ativa | Depois da aposentadoria, Elizabeth Torquato passou recentemente em novo processo seletivo. (Foto: Silvana Rust)
Fonte: J3News
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