Cíntia Fonseca falou sobre os momentos de terror desde o crime até o encontro com o corpo do neto, no sepultamento
“Eu sonhei que tudo isso ia acontecer com a minha filha, Letycia. Dois dias antes, sonhei que ela tomaria um tiro na barriga e outro na cabeça. Ela agonizava no chão e me pedia ajuda. Parece que era Deus me preparando. Acordei sufocada, orando, e não contei a ela para não preocupá-la.”
A fala é de Cintia Fonseca, a mãe que viu a filha e o neto morrerem, na última quinta-feira (02), um mês após a jovem completar 31 anos, na Rua Simeão Scheremeth, no Parque Aurora, em Campos.
Em entrevista ao jornal O Globo, a mãe de Letycia, que estava com ela no momento do crime e junto com o irmão dela e tio da vítima ajudou no socorro, contou que, no dia do crime, ela e a filha estavam envolvidas com a mudança de apartamento da jovem.
“Ela me buscaria às 18h. Fomos eu e minha tia Simone, que tem Síndrome de Down. Na volta, ao passar em frente à minha casa, vimos dois homens do outro lado da rua e falei para ela tomar cuidado. Eu estava com medo de assalto. Ela seguiu e parou em frente à casa da Simone. Desci, abri o portão e, quando voltei para ajudar minha tia, vi os mesmos caras vindo. Em nenhum momento olharam para mim e já fizeram os disparos contra ela. Como o vidro era transparente, eu vi toda a cena”, contou a mãe.
Cíntia detalhou os momentos de terror. “No primeiro tiro, ela colocou a mão no rosto, e eu ouvi seu último grito. No segundo, ela colocou a mão na barriga — mesmo gesto da boneca que estava no bolo que fizemos para comemorar os 31 anos dela e a chegada do Hugo. E, então, o sangue começou a vazar. Parecia um jato d’água”, lembrou.
A reação de Cíntia em defesa da filha foi instantânea. “Você vê alguém dando um tiro na cabeça da sua filha grávida e entra em desespero: corri para tentar segurar o atirador. Ele era mais alto do que eu, não consegui ter o apoio da arma, me virei e me joguei no chão; é quando ele atira em mim. Grito, grito, peço ajuda e meu tio aparece. Sentei no banco do carona, puxei a minha filha. Eu pressionava a cabeça dela e fazia respiração boca a boca, mas, quando puxava o ar, o que eu tirava era sangue”, disse.
A mãe viu a morte da própria filha e lutou pela vida do neto. “Em frente ao hospital, eu já sabia que ela não estava mais viva. Ficou pálida. Eu só pedi para que salvassem o Hugo. Ao mesmo tempo que eu criei uma esperança, não conseguia ver o Hugo com a gente, mas não sei o porquê. Ele morreu no dia seguinte. No dia do enterro dos dois, vi meu neto pela última vez. Eu o peguei no colo, todo molinho, e ajeitei o corpo dele no caixão”, contou.
Cíntia contou ainda que a filha não tinha inimigos e que, pela foram que aconteceu, ela identificou que teria envolvimento de pessoa conhecida, que sabia dos horários da filha.
A mãe contou ainda que a filha conheceu o pai do seu filho e suspeito de ser mandante da sua morte quando estudava no Instituto Federal Fluminense. Eles tiveram um relacionamento conturbado, com diversas interrupções e retornos e ele dizia estar em processo de separação, se esquivando quando a jovem falava em conhecer a família dele.
Fonte: J3News
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