Censo aponta que Campos tem 23 mil mulheres a mais que homens. Elas ainda buscam igualdade de gênero
POR GABRIELA LESSA
Elas | Campos soma 253.084 mulheres, segundo o Censo
Uma atualização do Censo Demográfico de 2022, divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), aponta que a população de Campos dos Goytacazes tem cerca de 23 mil mulheres a mais do que homens, o que contabiliza aproximadamente 52% dos 483.450 habitantes do município. Com relação à faixa etária, a predominância feminina está na faixa de 40 a 44 anos, e a masculina está entre 20 e 24 anos. De acordo com a antropóloga Thais Govinda, apesar do maior número de mulheres, as disparidades ainda existem, seja no âmbito profissional, familiar, social, entre outros.
Ao todo, são 253.084 mulheres no município e 230.456 homens, segundo os dados do Censo 2022. Com relação ao último levantamento realizado, em 2010, houve crescimento populacional de 19.719 pessoas, o que representa um aumento de 4,2%. No ranking de população dos municípios, Campos dos Goytacazes está na 5ª colocação do Estado do Rio de Janeiro, na 19ª colocação na região Sudeste e na 42ª colocação no Brasil.
São 12 anos de diferença entre um Censo e o outro. No entanto, a antropóloga lembra que a discriminação de gênero segue forte.
“Por que precisamos de políticas públicas para garantir a igualdade que a Constituição Federal diz ser direito de todo cidadão brasileiro sem discriminação de gênero? Ainda precisamos nos provar o tempo todo para ter destaque em certas áreas profissionais, enquanto homens menos qualificados ganham mais destaque do que nós”, questiona.
Predominância feminina x desigualdade
Thais Govinda ainda lembra que a posição da mulher foi tema da redação do Enem 2023, que abordou os “Desafios para o enfrentamento da invisibilidade do trabalho de cuidado realizado pela mulher no Brasil”.
“Ainda somos vistas nesse lugar do cuidado com a família e o lar. Ainda somos invisibilizadas. Ainda somos questionadas sobre se nosso marido concorda com nossas escolhas pessoais, como se não tivéssemos direito à individualidade e liberdade, como se não tivéssemos conquistado há 61 anos (apenas) o direito de estudar ou trabalhar sem precisar pedir autorização ao marido. Isso sem entrar na discussão da heteronormatividade ou da quase obrigatoriedade de ser uma mulher adulta e necessariamente casada, atribuindo menor valor à mulher adulta solteira ou, ainda pior, solteira ou descasada e com filhos”, diz.
A antropóloga enfatiza, ainda, que são muitos os obstáculos que as mulheres precisam ultrapassar para fazer valer a equidade e igualdade de direitos entre os sexos, não apenas em Campos, mas em todo o país.
Sobre o Censo
O Censo ou recenseamento demográfico é uma pesquisa feita a cada 10 anos pelo IBGE. O levantamento realiza ampla coleta de dados sobre a população brasileira e permite traçar um perfil socioeconômico do país. A atual edição deveria ter acontecido em 2020, mas foi adiada por conta da pandemia de Covid-19. Em 2021, houve um novo adiamento devido à falta de recursos do governo.
Além de saber qual o tamanho da população, o Censo visa obter dados sobre as características dos moradores, como idade, sexo, cor ou raça, religião, escolaridade, renda, saneamento básico dos domicílios, entre outras informações.
Com relação a Campos dos Goytacazes, a pesquisa de 2022 aponta que o município tem uma densidade demográfica de 119,91 habitantes por km² e uma média de 2,74 moradores por residência. Ainda não há informações atualizadas sobre escolarização, índice de desenvolvimento humano municipal, mortalidade infantil, receitas realizadas, despesas empenhadas e PIB per capita.
Fonte: AsCom
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