Povos originários, ritos, questões raciais e suas reverberações, estética negra, identidade. Oito jovens de Macaé vão expor trabalhos produzidos ao longo do ano de 2023 e que ficarão na mostra até abril
Cerca de 40 obras de arte – três delas de alunos de Macaé – estarão distribuídas pela Casa Firjan a partir do próximo sábado (02/03) na exposição “Arte Maker: Tecnologias Ancestrais”. Os artistas são alunos e alunas de Ensino Médio de 16 Escolas Firjan SESI localizadas pelo estado do Rio de Janeiro, sendo Macaé a única representante do Norte e Noroeste Fluminense. Os estudantes fizeram parte do Itinerário de Inovação Arte Maker, uma atividade optativa oferecida, de forma gratuita, que tem o objetivo de unir a potência da cultura maker com as reflexões e a multidisciplinaridade da arte contemporânea.
Ao longo do ano de 2023, professores e estudantes formaram grupos de pesquisa, tiveram encontros de formação com artistas renomados e puderam desenvolver trabalhos artísticos sobre questões relevantes para a sociedade e para a arte contemporânea. A temática escolhida para guiar os trabalhos deste ano foi justamente “Tecnologias Ancestrais”.
Alunos e alunas deveriam refletir, em suas pesquisas e, consequentemente, em suas obras, sobre os saberes indígenas e afro-diaspóricos, tanto na estética e materiais utilizados para suas composições quanto no desenvolvimento artístico e tecnológico sustentável. Assim, ao longo de todo o ano, os estudantes realizaram experimentações que, ao final do período letivo, passaram por uma seleção para integrar a exposição coletiva na Casa Firjan.
Artistas de Macaé
Entre as obras macaenses presentes na exposição estão a tela em aquarela "Selva de Mãe do Rio Menino", de Maryanna Peçanha, uma reprodução em miniatura do gigantesco grafite homônimo produzido por Daiara Tukano; atrançagem para cestaria, miçangaria e pedraria "Nossas raízes", das alunas Maria Eduarda Goudat, Rafael Lima, Wagner de Abreu, Luan Maia, João Marcos Farpa e Ana Júlia Haydt; e a aquarela e grafite sobre tela "Zaoris", de Luiza Taveira, que retrata homens que nasceram em uma Sexta-Feira Santa, a partir de uma lenda de lenda de origem árabe trazida pelos espanhóis ao Brasil.
“A exposição é a culminância do projeto, dá visibilidade à produção de alunos e alunas e chama atenção para o próprio Arte Maker, que é um projeto diferencial dessas 16 Escolas Firjan SESI. Além disso, serve como um estímulo para que novos ingressantes no Ensino Médio se interessem por essa disciplina optativa”, afirma Antenor Oliveira, Gerente de Cultura e Arte da Firjan SESI.
Júlia Costa, Coordenadora de Educação Cultural da Firjan SESI, explica que o Arte Maker parte da ideia de fazer com que alunos e alunas sejam criadores. “A escolha pelas artes visuais torna o projeto inovador na experiência do estudante. A arte contemporânea é nosso disparador para guiar essa produção artística. Não só para a exposição, mas para um olhar reflexivo, questionador e transformador do mundo. O Arte Maker é um projeto que foi criado para escutar alunos e alunas através da produção de sua arte. Durante todo o percurso, são eles os protagonistas”.
A Arte Maker promove a reflexão dos estudantes
Como parte da metodologia STEAM (sigla, em inglês, para Ciências, Tecnologia, Engenharia, Artes e Matemática), a cultura maker apresenta aos jovens o conceito de “faça você mesmo”, além de estimulá-los a refletir sobre suas próprias realidades. Foi pensando sobre sua própria negritude que Isaac Rodrigues, de 17 anos, aluno do terceiro ano do Ensino Médio na Escola Firjan SESI Gonçalo e do curso técnico de Automação Industrial na Firjan SENAI, produziu a obra “Redescoberta das Cores”.
“Sempre gostei muito de desenhar e comprava muitos lápis para colorir. Mas não encontrava lápis com a minha cor de pele. A partir daí, me inspirei em um trabalho de fotografias para criar bases com diferentes cores, utilizando elementos naturais, como urucum, anil azul, argilas marrom e amarela e óleos minerais e de rosa mosqueta”, detalha Isaac, que ainda produziu, junto com seus colegas Letícia Gomes, Maria Fernanda Oliveira, Nathan Velasco e Yuri Jaciel de Aquino, um vídeo documentário que também será exibido na exposição.
Thaís Cruz Teixeira, professora da Escola Firjan SESI Tijuca, no Rio de Janeiro, reforça a função da disciplina de Arte Maker como uma possibilidade para os jovens pesquisarem, refletirem e expressarem questões que estão nas pautas contemporâneas, como as relacionadas à temática da exposição.
“Entendo a Arte como uma oportunidade de trabalhar o tema ancestralidade dentro da Educação. Tem muitos assuntos que alunos e alunas trazem para as aulas que ainda são tabus. Então, é um momento de questionar, pensar, refletir sobre suas próprias origens, sobre práticas familiares presentes em seus cotidianos, sobre questões individuais ou coletivas”, acredita Thaís.
Serviços “Arte Maker – Tecnologias Ancestrais”
De 02/03 a 14/04
Entrada gratuita
Local: Casa Firjan (Rua Guilhermina Guinle, 211, Botafogo – Rio de Janeiro)
Horários de funcionamento: de terça a domingo, das 9h às 19h
Fonte: Firjan
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