segunda-feira, 22 de abril de 2024

Brasil tem 1º caso local de cólera desde 2006

Ministério da Saúde confirmou diagnóstico em Salvador, mas paciente não transmite mais a doença e não foram identificados outros casos

Fachada do Ministério da Saúde na Esplanada dos Ministérios. Foto: Divulgação

O Brasil registrou o primeiro caso de contaminação local de cólera em 18 anos. O paciente é um homem de 60 anos, de Salvador, Bahia, que teve o diagnóstico confirmado em março. De acordo com o Ministério da Saúde, considerando o período de transmissibilidade da cólera, ele não dissemina mais a doença desde o último dia 10. Não foram identificados outros casos. As informações constam em nota técnica publicada pela pasta na sexta-feira.

“Trata-se de um caso isolado, tendo em vista que não foram identificados outros casos após a investigação epidemiológica realizada pelas equipes de saúde locais junto às pessoas que tiveram contato com o paciente”, diz o documento. No entanto, o ministério destaca que, “diante do cenário de casos de cólera no mundo”, é importante que profissionais de saúde estejam “sensibilizados quanto à situação epidemiológica de doença, à detecção de casos, à investigação epidemiológica e às medidas de prevenção e controle”.

Ainda segundo a nota técnica, o paciente não tinha histórico de deslocamento para países com ocorrência de casos confirmados, por isso foi considerado um caso autóctone, ou seja, resultado de transmissão local, e não trazido de fora. No Brasil, os últimos registros do tipo haviam sido em 2005. Desde então, apenas diagnósticos importados foram confirmados no país.

A preocupação do ministério em relação ao cenário mundial é devido ao avanço da doença em diversos lugares onde a cólera é endêmica. “De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), de janeiro a março de 2024, 31 países registraram casos ou declararam surto de cólera”, aponta o documento do Ministério da Saúde. No final de fevereiro, haviam sido notificados 79,3 mil casos e 1,1 mil mortes, embora estima-se que os números sejam subestimados.

Quais os sintomas da cólera?
A cólera é uma infecção intestinal causada pela bactéria Vibrio cholerae, que libera toxinas responsáveis pelos sintomas. Elas se ligam às paredes do intestino levando a quadros de diarreia aquosa, desidratação e perda de fluidos e sais minerais, alerta o Ministério da Saúde. O paciente em Salvador, por exemplo, teve o caso investigado após apresentar diarreia e desconforto abdominal.

Como a cólera é transmitida?
A doença é transmitida por via fecal-oral, ou seja, por meio de alimentos ou água contaminados, ou de indivíduo para indivíduo, pelo contato direto com fezes ou vômitos de uma pessoa infectada. “Além disso, como o agente causador da cólera faz parte do ambiente aquático, pode se associar a mariscos (crustáceos e moluscos), peixes e algas, entre outros, possibilitando a transmissão da cólera se esses alimentos forem consumidos crus ou mal cozidos”, diz o ministério.

Em 75% dos casos, porém, ela é assintomática, e os que desenvolvem sintomas geralmente os têm de forma leve ou moderada. Porém, de 10% a 20% podem desenvolver uma forma grave que, se não tratada, oferece risco de vida devido à desidratação.

Como prevenir a cólera?
Pela sua forma de disseminação, a cólera é uma doença mais incidente em locais com condições precárias de saneamento básico e consumo de água sem tratamento adequado. Para se prevenir, o Ministério da Saúde recomenda:

Lavar as mãos sempre as mãos com sabão e água limpa principalmente antes de preparar ou ingerir alimentos, após ir ao banheiro, após utilizar conduções públicas ou tocar superfícies que possam estar sujas, após tocar em animais, sempre que voltar da rua, antes e depois de amamentar e trocar fraldas; Lavar e desinfetar as superfícies, utensílios e equipamentos usados na preparação de alimentos; Proteger os alimentos e as áreas da cozinha contra insetos, animais de estimação e outros animais (guarde os alimentos em recipientes fechados); Tratar a água para consumo (após filtrar, ferver ou colocar duas gotas de solução de hipoclorito de sódio a 2,5% para cada litro de água, aguardar por 30 minutos antes de usar);
Guardar a água tratada em vasilhas limpas e com tampa, sendo a “boca” estreita para evitar a recontaminação; Não utilizar água de riachos, rios, cacimbas ou poços contaminados para banhar ou beber; Evitar o consumo de alimentos crus ou mal cozidos (principalmente os frutos do mar) e alimentos cujas condições higiênicas, de preparo e acondicionamento, sejam precárias; Ensacar e manter a tampa do lixo sempre fechada; Usar sempre o vaso sanitário, mas se não for possível, enterrar as fezes sempre longe dos cursos de água.

Existe vacina para cólera?
A pasta explica ainda que existem vacinas para a cólera, mas que hoje elas são destinadas a populações de áreas com cólera endêmica e em situação de crise humanitária com alto risco de ou durante surtos da doença. Por isso, as doses não fazem parte do programa de imunizações do Brasil.

Recentemente, por exemplo, a OMS teve que alterar estratégias de vacinação nos países afetados neste ano devido à escassez de doses para atender todas as nações que vivem surtos de cólera, já que a produção é limitada.

Fonte: O Globo

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