quarta-feira, 12 de junho de 2024

Polícia afirma que já identificou pelo menos 10 envolvidos em sequestro seguido de morte

Delegado espera efetuar novas prisões ainda nesta semana; três menores já foram apreendidos

POR YAN TAVARES
Foto: Silvana Rust

O delegado Alexandre Netto Cardoso, titular da 134ª Delegacia de Polícia (Centro), concedeu uma entrevista coletiva, na tarde desta terça-feira (11), com esclarecimentos sobre o caso que terminou em sequestro e morte de dois adolescentes, em Campos (saiba mais aqui e aqui). Antes de serem mortas, as vítimas de 14 e 15 anos, foram torturadas.

Durante a coletiva, Alexandre Netto afirmou que a Polícia Civil já identificou cerca de 10 envolvidos no crime e que a expectativa é de que ainda nesta semana sejam efetuadas novas prisões.

“Há pelo menos cinco pessoas envolvidas diretamente nas execuções, que aconteceram às margens do Rio Paraíba, na Ilha do Cunha. Outros participaram das torturas que as vítimas sofreram em uma casa abandonada, no Parque Leopoldina. Um outro grupo dominou e sequestrou os adolescentes na saída da festa no shopping. Todos os envolvidos já foram identificados e esperamos chegar a mais prisões nos próximos dias”, declarou Alexandre Netto.

Três jovens, todos menores de idade, foram apreendidos nesta terça-feira (11). De acordo com o delegado, um deles tem envolvimento direto na execução e o outro foi encontrado com o celular de uma das vítimas. As investigações apontam que eles estavam tentando vender o aparelho.

Alexandre Netto explicou que três jovens foram dominados e levados a pé até uma casa abandonada, situada no cruzamento entre as ruas Alberto Torres e Flamínio Caldas. Lá, foram torturados. Depois, colocados em um carro e levados até a Ilha do Cunha.

Neste local, Arthur dos Santos Matias, 15 anos, e Gabriel Henrique de Lima, 14 anos, foram executados. Um outro jovem, de 18 anos, conseguiu escapar após ser baleado nas pernas, se atirando no rio e nadando. Ele é irmão de Arthur, executado no mesmo local.

“O caso é bem complexo, porque teve três fases. Primeiro, adolescentes moradores dos bairros Santa Helena e Baleeira se desentendem, por conta dos locais possuírem uma rixa entre facções criminosas. O grupo que era mais numeroso, – composto por moradores da comunidade da Baleeira -, consegue dominar o outro. Eles então levam as vítimas até a casa abandonada. Lá, outro grupo tortura e ameaça os adolescentes. Depois, um outro grupo participa da execução”, comenta.

Manifestação

Moradores do Parque Santa Helena paralisaram a BR-101, em Guarus, em uma manifestação por justiça. Os dois adolescentes mortos no caso eram moradores do bairro. Entre os manifestantes, estavam os pais de Arthur dos Santos, assassinado na Ilha do Cunha, e do jovem de 18 anos, que conseguiu escapar.

“Ele conseguiu fugir porque a arma do executor falhou. Então, o jovem correu. Na fuga, foi baleado nas suas pernas. Mesmo assim, conseguiu nadar por uma distância grande e buscar ajuda”, contou o delegado.

Durante a manifestação, a mãe de Arthur e do jovem de sobrevivente no caso, conversou com a equipe do J3News. “Covardia. Mataram duas pessoas inocentes. Meu filho tinha só 15 anos. Acabaram com a minha vida. E ainda estamos lutando pela saúde do nosso outro filho, que eles tentaram matar também. Ele está sofrendo e nós também”, disse Josete dos Santos.
AsCom

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