Após ser velado na capela mortuária da Santa Casa, o corpo do
radialista Walace Oliveira, que morreu na última terça-feira(05/02), no
Instituto Brasileiro Contra o Câncer, em São Paulo, foi sepultado, pouco depois
das 17h no Cemitério do Caju. O radialista lutava contra o câncer no pâncreas.
No velório amigos e familiares lembravam momentos e histórias que
passaram com Walace, ressaltando ainda mais sua característica feliz e amiga de
todos.
Segundo o radialista Felício de Souza, a morte do companheiro foi repentina e
pegou todos de surpresa. “A morte do Walace pegou todos de surpresa. Dois meses
antes, em plena atividade, foi a uma consulta e descobriu o problema e foi para
São Paulo. É uma perda muito grande para o rádio, para o carnaval, para o
sindicalismo e seu hall de amizades”, disse.
Já para o compositor, carnavalesco e amigo, Jorge Luís, O Bambu, a vida de
Walace foi marcada por lutas. “A morte dele foi uma perda irreparável para nosso
carnaval e a sociedade campista. O Walace estava sempre orientando os
carnavalescos e lutando para melhorar o carnaval. O carnaval de Campos está de
luto”, disse aconselhando ao poder público que na passarela do samba, Walace
Oliveira seja homenageado.

Segundo o radialista Josélio Rocha, o amigo era uma pessoa que
cumpriu o seu destino. “Walace foi uma de minhas primeiras invenções, eu botei
para trabalhar em rádio nove companheiros e o Walace foi um deles, lá por volta
dos anos 70, na Rádio Difusora com seus vinte e poucos anos, garotão. O Walace
se aprofundou, se tornou um grande profissional, uma pessoa polêmica, uma
pessoa que criou muitas áreas de atritos, mas fez muitos amigos. Quase 40 anos
de rádio, um dos principais profissionais do rádio esportivo de Campos, foi
líder sindical por muito tempo, presidente de sindicato e hoje nós estamos nos
despedindo dele aqui. Uma pessoa que, eu repito, era amiga, polêmica, mas cada
um de nós tem o seu destino e Walace cumpriu o destino dele.”
Já a irmã Solange de Oliveira Reis, lembrou da figura guerreira do
irmão, mesmo nos momentos mais difíceis da vida.
“Ele cantou aquela música do Geraldo Vandré, Caminhando e cantando
para as pessoas que ligavam para ele, ‘quem sabe faz a hora, não espera
acontecer’. Então o tempo todo ele mostrou muita disposição de continuar
lutando, ainda que ele tivesse total consciência do problema que ele estava
vivendo, dos limites que a medicina tem para resolver, mas ele se manteve
tranquilo, não desistiu em momento algum, não era a característica dele. Ele
estava sempre muito alegre, sereno, cantando. E no sábado ele falou ‘Eu quero
de vocês quatro dias pra mim’. A gente ficou ao lado dele o tempo todo, ele
ficou muito sereno, não sentiu dor em momento nenhum. Os recursos todos no
hospital e da medicina, no sentido de tornar esses dias mais tranquilos
possíveis. A gente também, da nossa parte está muito tranquilo, pela postura
que ele assumiu perante a doença, do enfrentamento que ele teve em relação à
doença e a forma como ele se mostrou otimista, mesmo com um problema assim, com
limites tão grandes. Eu tive um grande aprendizado com meu irmão nesses dias,
de manter a alegria, a serenidade, essa era uma característica muito forte do
meu irmão, viveu a vida da forma que ele quis, priorizando as relações humanas.
Isso para ele estava em primeiríssimo lugar. Nunca foi um homem que almejasse
ter nada. Ele, materialmente não vai deixar nada para os filhos, agora o
otimismo dele, a alegria e a harmonia. Eu falei para ele no sábado, a gente
conversando, ‘meu irmão, eu nunca briguei com você’. A gente nunca brigou. Eu e
o Walace nunca tivemos um desentendimento. Ele buscava o tempo todo resolver as
coisas de maneira muito harmônica. Teve suas contradições na vida, como todos
nós temos, nossos limites, mas eu acho que eu aprendi muito com ele,
principalmente nesses dias finais dele. A serenidade, a tranquilidade e a
alegria que ele teve eu acho que foi um aprendizado muito grande, para mim e
para família toda.”
Já o amigo Maguinho, ex-jogador de futebol e ex-presidente da FME,
lembrou toda a saga do radialista no esporte.
“Nosso amigo Wallace sempre foi uma figura irreverente, mas ao mesmo tempo
muito participativo. Ele sempre foi uma pessoa do esporte, da cultura com o
samba, sempre gostou de carnaval, uma pessoa carnavalesca, foi alegre, e uma
figura impar. Para todos nós que somos de Campos, que somos contemporâneos, é
uma perda significativa, para o nosso município.”

Outro amigo radialista que falou sobre Walace foi o Gilberto
Vasconcelos, que lembrou o lado polêmico do amigo. “Foi uma figura que marcou
sua existência como radialista. Polêmico às vezes, principalmente quando se
tratava de carnaval, ele tinha sempre uma crítica, certas vezes até um tanto
quanto severa, mas sempre muito positivo nas suas declarações, nas suas
opiniões e justamente por isso ficou marcado na história do rádio campista, a
figura do Wallace de Oliveira. Um grande amigo, é uma grande lacuna que vai
ficar aberta, nós da ACERJ, a Associação dos Cronistas Esportivos, perdemos na
semana passada o Jorge Nunes, que era um comentarista da Rádio Tupi, também
muito polêmico, quando se tratava de Vasco da Gama então, ele era um aficionado
e falava o que queria e assim como o Jorge Nunes era um defensor do Vasco, foi
o Wallace tricolor. Então são duas lacunas que dificilmente serão fechadas. A
gente sofre muito, mas torce para que ele possa ser no andar de cima, tão ativo,
tão positivo quanto foi aqui na Terra” .
Postado por: CLÍCIA CRUZ
Fonte: URURAU