O rico patrimônio histórico sanjoanense merece uma visita
Quem desembarca em São João da Barra se depara com o passado em cada esquina. A cidade, tão conhecida pelas suas praias, reúne um rico patrimônio arquitetônico que ajuda a contar quase quatro séculos de história.
À beira do Rio Paraíba do Sul, o mercado municipal dominava o comércio na área central até a primeira metade do Século XX. A construção, de 400m2, foi transformada no Centro Cultural Narcisa Amália. Trata-se de uma homenagem à jornalista e professora nascida no município em 1852 que lutou em prol de um maior acesso à cultura por parte das mulheres e contra a opressão dos fracos e escravos. O espaço, inaugurado em 1992, conta com diversos ambientes, onde estão guardados objetos históricos, além de um pátio e um palco.
Na avenida principal, fica o prédio da Antiga Câmara e Cadeia. Com seus 350m2 de área bem conservados (a última restauração aconteceu em 2011), o imóvel ainda guarda, no primeiro andar, as grades das celas que abrigavam escravos e condenados. No segundo pavimento, ficava a sede do governo municipal, construída em 1709. Atualmente, o edifício abriga um arquivo histórico.
Bem em frente, a elegante Igreja Matriz de São João Batista impressiona em seu estilo barroco brasileiro. Construído originalmente em madeira, no ano de 1630, o prédio passou por diversas reformas. Em 1882, um incêndio destruiu 70% da sua estrutura. A construção atual, com 1.100m2, é caracterizada por sua planta em cruz grega, na qual chamam a atenção três grandes janelas arredondadas. Seu interior guarda uma maquete da última ceia em estilo setecentista.
Bem próximo dali, o Cine-Teatro São João é o principal palco de apresentações culturais de cidade. Inaugurado em 1906, ele tem acomodações para 200 pessoas, entre plateia e galerias, e guarda algumas relíquias, como uma máquina de projeção da década de 1930. Desde 2005, o espaço é administrado pela prefeitura, que promoveu diversas obras de restauração.
Às margens da BR-356, está localizada a Estação das Artes Derly Machado, cujo nome homenageia uma professora que se dedicou ao desenvolvimento social do município. O edifício de 1.400m2 tem a arquitetura típica das estações ferroviárias do início do Século XX, época em que os trens partiam dali em direção a Campos. Transformado em centro de referência para o artesanato local, o prédio ainda guarda dois bancos de madeira da mobília original. O pátio externo foi organizado para poder acolher pequenas feiras ao ar livre.
A pouca distância da área central, o Palácio Cultural Carlos Martins é uma imponente construção de dois andares e 665m2 de área, datada de 1870. Uma restauração feita em 2008 devolveu-lhe a aparência de chalé. No térreo, o espaço tem quatro salas de médias dimensões, dedicadas às artes plásticas, à dança, à literatura e à música. No andar superior, cujo acesso se faz por uma bela escadaria em granito, o visitante encontra cinco salas, onde acontecem exposições temporárias, sala multimídia e estúdio fotográfico. O conjunto é completado por um agradável jardim, aberto a toda a população.
Para encerrar o tour, nada melhor do que conhecer o antigo Fórum. Construído no Século XIX para ser a moradia do Comendador André Gonçalves da Graça, era à época o palacete mais confortável de São João da Barra, tendo inclusive hospedado o Imperador Dom Pedro II em 1847. A torre que se ergue de um dos cantos do corpo do edifício era o ponto mais alto da cidade. O edifício de 737m2 atualmente encontra-se fechado à visitação, mas a administração municipal planeja criar ali uma instituição cultural.
Fonte: Ururau
Foto: Paulo Sérgio Pinheiro