Boa parte das dívidas não é de responsabilidade de quem adquiriu o bem. Campistas também sofrem
Boa parte das dívidas que atualmente estão sendo cobradas no Brasil não é de responsabilidade de quem fica com o bem, mas de terceiros que emprestam seus nomes a parentes e amigos para obter crédito ou comprar a prazo. E quem empresta o nome vai para o cadastro de devedores do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC) e Serasa, ou seja, está ficando com o nome sujo na praça.
Mesmo com a decepção de ter levado um calote, a pesquisa do SPC aponta que a maioria dos inadimplentes decidiu arcar com o prejuízo – 87% dos que limparam o nome disseram que assumiram a dívida.
Entre os endividados, os homens são os mais prudentes. Correspondem a uma pequena parcela da lista de generosidade. Já as mulheres e os idosos lideram o ranking. Três em cada dez consumidores com mais de 60 anos já tiveram o nome negativado no país.
O número de idosos inadimplentes representa 25% da população acima de 65 anos. O percentual representa quase quatro milhões de pessoas nesta faixa etária. A causa mais comum para o nome negativado é ajudar as pessoas mais próximas. “Cerca de 20% dos idosos afirmam que tiveram o nome sujo porque fizeram empréstimos para parentes e amigos. “O que é uma prática arriscada demais. O ideal é nunca emprestar o seu nome”, explica o advogado em direito do consumidor, Marcos André Girolli.
Em Campos, a pensionista Sônia Maria Ramos, 65 anos, faz parte da estatística. A idosa ficou com restrições no nome após fazer empréstimos para colegas de trabalho. “Trabalhávamos juntas há muitos anos. Elas me ajudavam a receber o pagamento no caixa eletrônico. Até o dia em que uma delas pediu para fazer um empréstimo. No outro mês, outras duas fizeram o mesmo pedido. No total, foram três empréstimos – um de R$ 10 mil e dois de R$ 9 mil. Seis meses depois elas foram demitidas e não pagaram mais nenhuma das 48 parcelas. Sem localizá-las, assumi as dívidas, mesmo sem poder. Tudo para ter meu nome ‘limpo na praça’ novamente”, afirma a pensionista.
O analista de sistemas, João Passos, admitiu que sempre põe a culpa na esposa quando algum amigo pede um empréstimo. “Digo que ela não vai gostar se souber que emprestei, porque estamos fazendo economias para uma viagem ou reforma na casa. Sei que passo a impressão de ter medo da esposa, mas não ligo. Nunca tive experiência com caloteiros, mas também evito”, ressaltou João.
Marcos André Girolli alerta: emprestar o nome é sempre um risco e não tem como se precaver do calote, só acompanhar os pagamentos. “O que vale mesmo é a confiança. A capacidade de pagamento dessa pessoa e que a pessoa que emprestou o nome verifique a regularidade desses pagamentos”.
Patricia Barreto/Terceira Via/Show Francisco
Boa parte das dívidas que atualmente estão sendo cobradas no Brasil não é de responsabilidade de quem fica com o bem, mas de terceiros que emprestam seus nomes a parentes e amigos para obter crédito ou comprar a prazo. E quem empresta o nome vai para o cadastro de devedores do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC) e Serasa, ou seja, está ficando com o nome sujo na praça.
Mesmo com a decepção de ter levado um calote, a pesquisa do SPC aponta que a maioria dos inadimplentes decidiu arcar com o prejuízo – 87% dos que limparam o nome disseram que assumiram a dívida.
Entre os endividados, os homens são os mais prudentes. Correspondem a uma pequena parcela da lista de generosidade. Já as mulheres e os idosos lideram o ranking. Três em cada dez consumidores com mais de 60 anos já tiveram o nome negativado no país.
O número de idosos inadimplentes representa 25% da população acima de 65 anos. O percentual representa quase quatro milhões de pessoas nesta faixa etária. A causa mais comum para o nome negativado é ajudar as pessoas mais próximas. “Cerca de 20% dos idosos afirmam que tiveram o nome sujo porque fizeram empréstimos para parentes e amigos. “O que é uma prática arriscada demais. O ideal é nunca emprestar o seu nome”, explica o advogado em direito do consumidor, Marcos André Girolli.
Em Campos, a pensionista Sônia Maria Ramos, 65 anos, faz parte da estatística. A idosa ficou com restrições no nome após fazer empréstimos para colegas de trabalho. “Trabalhávamos juntas há muitos anos. Elas me ajudavam a receber o pagamento no caixa eletrônico. Até o dia em que uma delas pediu para fazer um empréstimo. No outro mês, outras duas fizeram o mesmo pedido. No total, foram três empréstimos – um de R$ 10 mil e dois de R$ 9 mil. Seis meses depois elas foram demitidas e não pagaram mais nenhuma das 48 parcelas. Sem localizá-las, assumi as dívidas, mesmo sem poder. Tudo para ter meu nome ‘limpo na praça’ novamente”, afirma a pensionista.
O analista de sistemas, João Passos, admitiu que sempre põe a culpa na esposa quando algum amigo pede um empréstimo. “Digo que ela não vai gostar se souber que emprestei, porque estamos fazendo economias para uma viagem ou reforma na casa. Sei que passo a impressão de ter medo da esposa, mas não ligo. Nunca tive experiência com caloteiros, mas também evito”, ressaltou João.
Marcos André Girolli alerta: emprestar o nome é sempre um risco e não tem como se precaver do calote, só acompanhar os pagamentos. “O que vale mesmo é a confiança. A capacidade de pagamento dessa pessoa e que a pessoa que emprestou o nome verifique a regularidade desses pagamentos”.
Patricia Barreto/Terceira Via/Show Francisco