Novos donos do Prontocardio se envolvem em briga judicial com ex-proprietário de hospital em Nova Friburgo
CAMPOS POR REDAÇÃO
Tapumes no Hospital Serrano: promessa de ser referência está longe de ser consumada. (Foto: Divulgação)
“Quem comprou o Prontocardio?” Essa foi a manchete interrogativa de O Jornal Terceira Via edição de 09 de abril, destacando como que uma empresa, a NZR Participações S.A., que tem capital registrado de apenas R$ 1 mil, adquiriu dois hospitais em menos de um ano por valores que passam dos R$ 40 milhões, segundo documentos e o que circula no mercado. Uma negociação espetacular e ao mesmo tempo estranha aos olhos de quem acompanha o dia a dia do mundo dos negócios. Tão estranha, que a primeira aquisição, o Hospital Serrano, em Nova Friburgo, na Região Serrana, já foi parar na Justiça com acusações pesadas de ambos os lados. Como diz o velho ditado, onde há fumaça, há fogo. E se não há, logo quando a “fumaça” se dissipar, tudo ficará claro.
O Jornal Terceira Via teve acesso a uma vasta documentação que comprova a briga entre compradores e vendedores do Hospital Serrano. Nossa equipe também esteve em Nova Friburgo e ouviu quem vendeu o hospital para a empresa de investimentos NZR Participações S/A. Trata-se do médico José Antônio Verbicário Carim, professor universitário, conceituado na área médica e que decidiu se desfazer o hospital ao completar 75 anos.
De poucas palavras, o médico admite que, mesmo com o contrato de venda sendo honrado pela NZR Participações, que pagou duas parcelas, admite que existe um litígio jurídico, e que contratou advogados renomados para acompanhá-lo nessa situação, em que a NZR coloca em curso uma auditoria no hospital de Friburgo e move ação judicial contra o médico Carim. Este, por sua vez, notifica judicialmente os donos da NZR sobre pontos da negociação envolvendo os imóveis e hipotecas.
Na notificação, o vendedor e autor de uma das ações envolvendo esse negócio expõe detalhes das cláusulas do contrato de compra e venda, referentes aos imóveis que envolveram na transação, numa das pendências que vêm se arrastando há um ano.
O médico Carim havia dito a O Jornal Terceira Via, em um contato telefônico na segunda-feira (10/03), que tinha “muita coisa para falar”. Mas no dia seguinte, na quarta-feira, ao receber a reportagem em Friburgo, foi muito econômico com as palavras e aparentou estar assustado com as pessoas com quem negociou. Mostrou-se descontente com a auditoria da NZR Participações no Hospital Serrano e disse que a questão relacionada a alterações contratuais e hipotecas dos imóveis listados na transação tem como objetivo fazer com que ele não receba R$ 6 milhões do total da venda, razão pela qual decidiu se cercar de advogados.
A NZR já teria conseguido em primeira instância uma liminar parcial contra Carim no que se refere à questão dos imóveis, em decisão do juiz Marcus Vinicius Miranda Gonçalves da Silva de Mattos, da 1ª Vara Cível de Nova Friburgo. Por outro lado, existe tramitando na mesma Vara o processo número 0008476, referente a “Compra e Venda”, onde o autor é Carim tendo como réu a NZR Participações S.A., o que ilustra bem um desarranjo contratual, no mínimo. Expressões pesadíssimas são usadas contra os vendedores na peça inicial de uma das ações, como, por exemplo, “Gato por lebre”, “dolosa omissão de informações na venda do Day Hospital”, “Mentiras deslavadas”, “Fraudes Contábeis-Inexistências de Valor Declarado como depósito em Caixa”, “Omissão de dívidas e ausências de pagamentos daquelas contrariadas antes da transferência das quotas” e “financeiro secreto”, sugerindo um Caixa 2. Estas e outras expressões mostram claramente que um negócio que começou estranho pode terminar mais estranho ainda, no mínimo.
A venda do que hoje é o Hospital Serrano foi feita há um ano, pelo valor de R$ 11,5 milhões, em 10 parcelas semestrais, sendo a última em 1º de maio de 2021. Duas parcelas já foram pagas.
“Mentiras deslavadas”aparece na briga da NZR contra o ex-proprietário do hospital.
Os tapumes do Hospital Serrano
Ao comprar há um ano a Clínica de Vídeo Laparoscopia Ltda. e transformá-la no Hospital Serrano, a NZR Participações S.A. anunciou que faria dele o mais moderno hospital de Nova Friburgo. A unidade mantém há um ano as características arquitetônicas originais, embora sua fachada esteja coberta por um tapume. Existe um anexo construído aparentemente em fase de tratamento final, onde o novo hospital promete implantar um centro cirúrgico, e já contaria com um tomógrafo. Mas a promessa de um grande hospital de referência está longe de ser consumada, segundo alguns médicos ouvidos naquela cidade.
O hospital, que fica na rua General Osório, no bairro do Suspiro, onde existem outras unidades médicas, tem um letreiro indicando seu nome e o atendimento de urgência em regime de 24h. Mudança rápida mesmo se deu no quadro de funcionários, muitos antigos colaboradores da então clínica foram demitidos.
Prontocardio — Em relação à compra e venda do Hospital Prontocardio, em Campos, muito pouco se sabe, ainda, uma vez que tudo está sendo tratado com muito sigilo. Os novos diretores se recusam a falar com nossa equipe e muito menos revelam publicamente os termos e valores da transação, situação incomum quando não se tem nada a esconder. Nas grandes negociações envolvendo empresas de amplo cunho social, é de praxe que tudo seja feito com a máxima transparência possível, pois são recebedoras de recursos públicos, ainda mais que a empresa compradora é uma S.A.
Diante de tantas informações desencontradas envolvendo essas negociações milionárias, muita coisa poderá surgir no decorrer dos litígios, até porque o Brasil está assistindo de pé ao poder das delações premiadas, colocando cabeças premiadas atrás das grades.
CAMPOS POR REDAÇÃO
Tapumes no Hospital Serrano: promessa de ser referência está longe de ser consumada. (Foto: Divulgação)
“Quem comprou o Prontocardio?” Essa foi a manchete interrogativa de O Jornal Terceira Via edição de 09 de abril, destacando como que uma empresa, a NZR Participações S.A., que tem capital registrado de apenas R$ 1 mil, adquiriu dois hospitais em menos de um ano por valores que passam dos R$ 40 milhões, segundo documentos e o que circula no mercado. Uma negociação espetacular e ao mesmo tempo estranha aos olhos de quem acompanha o dia a dia do mundo dos negócios. Tão estranha, que a primeira aquisição, o Hospital Serrano, em Nova Friburgo, na Região Serrana, já foi parar na Justiça com acusações pesadas de ambos os lados. Como diz o velho ditado, onde há fumaça, há fogo. E se não há, logo quando a “fumaça” se dissipar, tudo ficará claro.
O Jornal Terceira Via teve acesso a uma vasta documentação que comprova a briga entre compradores e vendedores do Hospital Serrano. Nossa equipe também esteve em Nova Friburgo e ouviu quem vendeu o hospital para a empresa de investimentos NZR Participações S/A. Trata-se do médico José Antônio Verbicário Carim, professor universitário, conceituado na área médica e que decidiu se desfazer o hospital ao completar 75 anos.
De poucas palavras, o médico admite que, mesmo com o contrato de venda sendo honrado pela NZR Participações, que pagou duas parcelas, admite que existe um litígio jurídico, e que contratou advogados renomados para acompanhá-lo nessa situação, em que a NZR coloca em curso uma auditoria no hospital de Friburgo e move ação judicial contra o médico Carim. Este, por sua vez, notifica judicialmente os donos da NZR sobre pontos da negociação envolvendo os imóveis e hipotecas.
Na notificação, o vendedor e autor de uma das ações envolvendo esse negócio expõe detalhes das cláusulas do contrato de compra e venda, referentes aos imóveis que envolveram na transação, numa das pendências que vêm se arrastando há um ano.
O médico Carim havia dito a O Jornal Terceira Via, em um contato telefônico na segunda-feira (10/03), que tinha “muita coisa para falar”. Mas no dia seguinte, na quarta-feira, ao receber a reportagem em Friburgo, foi muito econômico com as palavras e aparentou estar assustado com as pessoas com quem negociou. Mostrou-se descontente com a auditoria da NZR Participações no Hospital Serrano e disse que a questão relacionada a alterações contratuais e hipotecas dos imóveis listados na transação tem como objetivo fazer com que ele não receba R$ 6 milhões do total da venda, razão pela qual decidiu se cercar de advogados.
A NZR já teria conseguido em primeira instância uma liminar parcial contra Carim no que se refere à questão dos imóveis, em decisão do juiz Marcus Vinicius Miranda Gonçalves da Silva de Mattos, da 1ª Vara Cível de Nova Friburgo. Por outro lado, existe tramitando na mesma Vara o processo número 0008476, referente a “Compra e Venda”, onde o autor é Carim tendo como réu a NZR Participações S.A., o que ilustra bem um desarranjo contratual, no mínimo. Expressões pesadíssimas são usadas contra os vendedores na peça inicial de uma das ações, como, por exemplo, “Gato por lebre”, “dolosa omissão de informações na venda do Day Hospital”, “Mentiras deslavadas”, “Fraudes Contábeis-Inexistências de Valor Declarado como depósito em Caixa”, “Omissão de dívidas e ausências de pagamentos daquelas contrariadas antes da transferência das quotas” e “financeiro secreto”, sugerindo um Caixa 2. Estas e outras expressões mostram claramente que um negócio que começou estranho pode terminar mais estranho ainda, no mínimo.
A venda do que hoje é o Hospital Serrano foi feita há um ano, pelo valor de R$ 11,5 milhões, em 10 parcelas semestrais, sendo a última em 1º de maio de 2021. Duas parcelas já foram pagas.
“Mentiras deslavadas”aparece na briga da NZR contra o ex-proprietário do hospital.
Os tapumes do Hospital Serrano
Ao comprar há um ano a Clínica de Vídeo Laparoscopia Ltda. e transformá-la no Hospital Serrano, a NZR Participações S.A. anunciou que faria dele o mais moderno hospital de Nova Friburgo. A unidade mantém há um ano as características arquitetônicas originais, embora sua fachada esteja coberta por um tapume. Existe um anexo construído aparentemente em fase de tratamento final, onde o novo hospital promete implantar um centro cirúrgico, e já contaria com um tomógrafo. Mas a promessa de um grande hospital de referência está longe de ser consumada, segundo alguns médicos ouvidos naquela cidade.
O hospital, que fica na rua General Osório, no bairro do Suspiro, onde existem outras unidades médicas, tem um letreiro indicando seu nome e o atendimento de urgência em regime de 24h. Mudança rápida mesmo se deu no quadro de funcionários, muitos antigos colaboradores da então clínica foram demitidos.
Prontocardio — Em relação à compra e venda do Hospital Prontocardio, em Campos, muito pouco se sabe, ainda, uma vez que tudo está sendo tratado com muito sigilo. Os novos diretores se recusam a falar com nossa equipe e muito menos revelam publicamente os termos e valores da transação, situação incomum quando não se tem nada a esconder. Nas grandes negociações envolvendo empresas de amplo cunho social, é de praxe que tudo seja feito com a máxima transparência possível, pois são recebedoras de recursos públicos, ainda mais que a empresa compradora é uma S.A.
Diante de tantas informações desencontradas envolvendo essas negociações milionárias, muita coisa poderá surgir no decorrer dos litígios, até porque o Brasil está assistindo de pé ao poder das delações premiadas, colocando cabeças premiadas atrás das grades.