JÉSSICA FELIPE
Protesto de servidores municipais
Cerca de 50 servidores municipais de várias categorias se reuniram em um protesto, em frente à Prefeitura de Campos na tarde desta quarta, contra a decisão do pagamento parcelado do 13º salário, divulgado pelo Executivo na última terça-feira. Depois de um acordo, quatro servidores foram recebidos pela vice-prefeita Conceição Sant’Anna. Mesmo diante do protesto, a decisão permanece, até o momento, apenas professores e pedagogos receberão o valor integral do 13º, a ser pago pelo Fundeb. O Sindicato dos Professores e Servidores Públicos Municipais (Siprosep) convocou um novo ato para esta quinta e não descartou a possibilidade de uma greve. Além da reclamação dos servidores, a Câmara de Dirigentes e Logistas de Campos (CDL) também emitiu nota sobre o impacto que o comércio pode sofrer com o parcelamento, principalmente na época de Natal.
O grupo de manifestantes se reuniu em frente à sede da Prefeitura de Campos com cartazes e expuseram seus pontos de vista. Participaram do ato servidores das áreas de Segurança, Educação (aqueles que não recebem pelo Fundeb), Saúde, Obras, Assistência Social, entre outros departamentos.
Odisséia Carvalho, de 54 anos, pedagoga do município filiada ao Sindicato Estadual dos Profissionais da Educação (Sepe), esteve presente no ato em solidariedade às outras categorias. “Isso é um absurdo. As pessoas programam toda a sua vida dentro de um orçamento e houve uma promessa de campanha dizendo que haveria o pagamento do 13º”, ressaltou.
Depois de aguardarem cerca de três horas pela tentativa de acordo com os representantes do poder público, foram apresentadas as seguintes justificativas: “O valor recebido pelo Fundeb (ainda parcial de dezembro) não é suficiente para pagar os servidores da educação. Para o restante das categorias, não há recurso e eles demoraram em dar a noticia, por que ainda estavam aguardando até o último momento, a entrada de alguma verba”, apresentou uma das participantes da reunião.
O grupo representante das categorias chegou a apresentar três propostas que, segundo eles, também foram inviabilizadas pelo poder público. “Diminuir o interstício de tempo do pagamento do 13º, colocar a primeira parte do pagamento para antes do dia 28 ou antecipar os pagamentos. Não havendo nenhuma possibilidade por parte deles, não fechamos nenhum acordo”, disse Marlon Andrews, presidente da Associação dos Guardas Civis Municipais de Campos.
O presidente do Siprosep, Sérgio Almeida, se desculpou com a categoria e convocou um novo ato. “O prefeito precisa explicar diretamente aos servidores, o motivo do parcelamento do 13° salário, que é um direito de qualquer trabalhador e tem data para ser pago. Chega de culpar gestões passadas. O servidor precisa de soluções imediatas”, considerou.
Impacto - O presidente da CDL Campos, Joilson Barcelos, também se pronunciou sobre a situação. “Isso vai representar algo em torno de menos R$ 60 milhões circulando no comércio para as vendas de Natal”, comenta o presidente, que espera que administração municipal encontre medidas que não onerem contribuintes para recompor suas contas.
Vice-prefeita dialoga com manifestantes
Uma comissão, formada por servidores públicos municipais do quadro permanente da Prefeitura de Campos, foi recebida ontem pela vice-prefeita, Conceição Sant’Anna, acompanhada pelo secretário de Gestão Pública, André Oliveira, e demais gestores municipais. O prefeito Rafael Diniz não pode participar porque está participando de uma reunião da Organização dos Municípios Produtores de Petróleo (Ompetro). Representando a categoria, os servidores fizeram perguntas, principalmente, sobre o parcelamento do 13º salário do funcionalismo. A vice-prefeita falou sobre as dificuldades financeiras que o município vem atravessando e frisou que a prefeitura vem pagando servidores em dia.
Entre as informações repassadas, durante a reunião, estavam a queda de arrecadação do município, este ano, que está com R$ 1 bilhão a menos em relação ao ano passado; o pagamento de R$ 40 milhões de juros, referente ao empréstimo feito pela gestão passada à Caixa Econômica Federal, que ficou conhecido como “venda do futuro”, além do déficit de mais de R$ 50 milhões encontrado pela atual gestão, no início do ano, que vem sendo reduzido em virtude de medidas que estão sendo tomadas, como redução de contratos, entre outras.
Representando os servidores, estavam a auxiliar de turma, Rose Santos; a técnica de enfermagem, Karina Franco; e o presidente da Associação dos Guardas Civis Municipais de Campos, Marlon Andrews. A vice-prefeita explicou que a situação financeira do município impediu que o 13º fosse pago de forma integral e lembrou que o pagamento dos servidores em dia tem sido prioridade da administração. “Tenham certeza de que estamos fazendo o possível e o impossível para manter os salários dos servidores em dia. Nossa luta tem sido muito grande para garantir o pagamento dos servidores”, afirma Conceição.
Também participaram da reunião o superintendente de Comunicação, Thiago Bellotti; de Postura Municipal, Fabiano Mariano; o comandante da Guarda Civil Municipal, Wyllian Bolckau e o diretor executivo da superintendência de Paz e Defesa Social, Darcileu Amaral. André explicou, ainda, que o município pagou à Caixa Econômica Federal R$ 40 milhões de juros referentes à operação de crédito de antecipação de royalties, feita no ano passado, ainda pela gestão anterior. “Dos municípios do Rio de Janeiro, Campos foi o único que antecipou os royalties, tendo que pagar estes juros altíssimos, que poderiam estar sendo utilizados na saúde, educação e melhoria das condições de trabalho dos servidores”, ressalta o secretário.