ARNALDO NETO
Folha da Manhã
A Câmara de Campos passou por diversas mudanças nos quatro anos da atual legislatura — talvez a mais conturbada da história. Isso em razão dos desdobramentos da operação Chequinho, deflagrada na eleição de 2016, e que gerou a perda de mandatos de 14 vereadores, entre titulares e suplentes. Isso sem falar nas convocações de suplentes para cadeiras que ficaram desocupadas por quem se licenciou para assumir outras funções. Agora, com a abertura da janela partidária, período, entre a próxima quinta-feira e o dia 3 de abril, no qual os vereadores podem mudar de sigla sem sofrer sanções por infidelidade partidária, a Casa vai passar por um novo rearranjo. Além da força dos partidos, já ficará evidente quem caminhará com quem na eleição para prefeito. Outro ponto importante a ser observado é a composição das nominatas, já que está será o primeiro pleito no qual não serão permitidas coligações nas disputas proporcionais.
De maneira geral, a maioria absoluta dos nomes que hoje compõem o parlamento municipal campista tem como objetivo buscar a reeleição e trocar de partido. Só sinalizam a permanência na atual legenda o presidente da Casa, Fred Machado, e o vereador Abu, ambos do Cidadania, partido do prefeito Rafael Diniz. No entanto, Fred disse que também conversa com outras legendas e aguarda decisão do grupo. A vereador Rosilani do Renê, que está no PSC de Wilson Witzel, aguarda as próximas semanas, consideradas por ela como decisivas, para saber a definição do governador quanto à possibilidade de a legenda lançar candidato próprio a Prefeitura de Campos neste ano.
A base governista na Câmara aguarda uma primeira conversa com o prefeito nos próximos dias já para alinhar as questões de nominatas e saber quem ficará no grupo que vai buscar mais um mandato no Executivo. Rafael já afirmou que é pré-candidato à reeleição. Líder do governo na Câmara, o vereador Genásio (PSC) explicou que o esses diálogos começam agora, no período da janela, mas que Rafael também “está preocupado em dialogar com relação a importantes projetos que serão encaminhados à Câmara neste ano”.
Outro grupo na Câmara que já parece bem encaminhado é o de oposição. Quase todos os nomes já declararam apoio à pré-candidatura do deputado federal Wladimir Garotinho (PSD), “ou quem seja o nome lançado pelo grupo”, como ressaltou Josiane Morumbi. Ela, aliás, revelou que vai deixar o Patriota para assumir o diretório local do Pros, partido presidido no âmbito estadual pela deputada federal Clarissa Garotinho. Os outros vereadores da oposição flertam com siglas que já estariam acertadas para o apoio a uma possível candidatura do filho do casal Garotinho.
Também deixará o Patriota o vereador Silvinho Martins, que disse estar com tudo bem encaminhado junto ao diretório estadual do MDB para ser este o seu destino. A tendência é que o partido possa integrar, também, a base de apoio à pré-candidatura de Rafael à reeleição.
No DC, os dois vereadores que foram ameaçados de expulsão pelo deputado estadual João Peixoto, Cláudio Andrade e José Carlos, seguirão para outras legendas. Andrade disse que dialoga com todas as correntes, mas que ainda não definiu seu futuro. Já José Carlos, tem conversas avançadas com dois partidos que tendem a apoiar Rafael, Cidadania e PSB. Mas o partido de João, que já declarou apoio neste ano ao prefeito, não ficará sem representantes na Casa. Jorginho Virgílio deixará o Patriota e vai para o DC. E esse movimento, como os dos outros membros, evidencia ainda mais o racha do chamado G8, constituído por dissidentes da base governista que se declararam independentes por um determinado período.
G8 se divide no apoio ao prefeito e a Caio - Além de Jorginho, do antigo G8, grupo que aplicou duras derrotas ao prefeito no fim do ano passado, Enock Amaral deixará o Podemos para se filiar a um partido alinhado com o governo. Luiz Alberto Neném deixará o PTB, mas disse que conversará com o prefeito e com o seu grupo político para buscar um melhor entendimento. Já Joilza Rangel, que está no PSD, disse que ainda está definindo qual será o seu futuro, tanto partidário, quanto de apoio na disputa à Prefeitura.
Dr. Ivan Machado afirma que sairá do PTB e deve voltar ao PDT, partido que tem Caio Vianna como pré-candidato a prefeito. Líder do esfacelado G8, Igor Pereira ainda não decidiu seu caminho após deixar o PSB, mas será em uma sigla que apoie a pré-candidatura do filho de Arnaldo Vianna. A conclusão é a mesma do até agora tucano Paulo Arantes. Completando o antigo time do G8, Marcelo Perfil deve trocar o Podemos pelo DEM, que, nas palavras dele, tende a apoiar Caio.
Eleito com apoio da Universal, o vereador Pastor Vanderly, do Republicanos, é o único dos 25 vereadores da atual composição a não confirmar sua pré-candidatura à reeleição. Aguardará orientações superiores.
Suplentes — Fabinho Almeida, que ocupa a cadeira do hoje deputado federal Marcão Gomes (PL), disse que deixará o Cidadania de Rafael, mas que tentará o mandato em um partido da base. Marcelle Pata também deixará seu partido, o PL, mas conversará com as correntes para saber qual melhor se enquadra no seu ideal de defesa dos animais. Ela está na cadeira ocupada por Abdu Neme (PL). Atual secretário de Saúde de Campos, ele já declarou, em entrevista ao Folha no Ar, o interesse em disputar novamente o cargo. Para tal, terá de ficar atento a outra data importante do calendário eleitoral: o limite para desincompatibilização. No dia 4 de abril, terá de deixar o cargo de secretário e voltar à Câmara.