(Foto: Campos 24 Horas)
Com
o tema Fraternidade e Saúde Pública, a Conferência Nacional dos Bispos
do Brasil (CNBB) lançou nesta quarta-feira (22) a 49ª Campanha da
Fraternidade, que pretende sensibilizar os fiéis sobre a situação das
pessoas que enfrentam longas filas de atendimento e falta de vagas em
hospitais públicos do país. Em Campos, o bispo dom Roberto Francisco
Ferrería Paes lançou a campanha na Catedral do Santíssimo Salvador, no
Centro da cidade.
Para
o secretário-geral da CNBB, dom Leonardo Steiner, não é exagero dizer
que a saúde pública no país não vai bem. De acordo com ele, é
preocupante a decisão do governo de cortar cerca de R$ 5 bilhões da área
de saúde. “Os problemas verificados na área da saúde são reflexo do
contexto mais amplo de nossa economia de mercado, que não tem, muitas
vezes, como horizonte, os valores ético-morais e sociais”.
No
texto-base da campanha, a CNBB expõe as grandes preocupações da Igreja
com relação à saúde pública, como a humanização do atendimento aos
pacientes e o financiamento da saúde pública, classificado pela
confederação, como “problemático e insuficiente”. A entidade critica
ainda a escassez de recursos destinados ao Sistema Único de Saúde (SUS).
O
texto da campanha compara os gastos da saúde no Brasil com o de alguns
países em que 70% do que é dispendido na área vêm do governo e 30%, do
contribuinte. Já no Brasil, em 2009, o governo foi o responsável por 47%
(R$ 127 bilhões) dos recursos aplicados na saúde, enquanto as famílias
gastaram 53% (R$ 143 bilhões).
No
entanto, segundo dom Leonardo, a Igreja reconhece também alguns avanços
na área, como a redução da mortalidade infantil, a erradicação de
algumas doenças infecto-parasitárias e o aumento da eficiência da
vacinação e do tratamento da aids. “São significativos os avanços
verificados nas últimas décadas na área da saúde pública”.
De
acordo com o ministro da saúde, Alexandre Padilha, que participou do
evento, este ano a saúde terá orçamento 17% maior que em 2011, R$ 72
bilhões. “O aumento de R$ 13 bilhões é o maior aumento nominal que já
existiu de recursos para a saúde de um ano para o outro, desde o ano
2000. O meu papel como ministro não é ficar esperando os recursos virem,
mas, sobretudo, fazer mais com o que temos”.
Segundo
ele, o debate sobre o financiamento da saúde continua e será mais amplo
com o apoio da campanha da fraternidade. O ministro disse ainda que o
contingenciamento de R$ 5 bilhões, com o corte do Orçamento anunciado
pelo governo na semana passada, não afetará nenhum programa da pasta.
“Tudo o que estava programado pelo Ministério da Saúde e foi encaminhado
para o Congresso Nacional está absolutamente mantido”.
Segundo
o membro do Conselho Nacional de Saúde Clóvis Boufleur, a campanha da
fraternidade pretende efetivar a participação de conselhos estaduais e
municipais de saúde. Entre os temas que serão debatidos nos conselhos,
está a violência, a obesidade e a gravidez na adolescência. “A violência
dentro de casa se transformou em um problema de saúde. A partir dos 4
anos de idade, os acidentes e a violência são as principais causas de
mortes de crianças e jovens”.