quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Mãe que abandonou bebê em caixa pode pegar até quatro anos de prisão


POR ANGÉLICA FERNANDES
Rio - Ontem à tarde, os dois policiais que atenderam a ocorrência, André, Ednalva e a sobrinha, Leocássia dos Anjos, que amamentou a criança, prestaram depoimento na 38º DP (Brás de Pina). O delegado Roberto Cardoso espera encontrar a mãe do bebê até amanhã.
Foto: Severino Silva / Agência O Dia
Casal encontrou bebê na porta de casa | Foto: Severino Silva / Agência O Dia
“Vamos fazer uma varredura nos hospitais”, explica ele, que pretende confrontar digitais do pé do bebê com as coletadas no teste do pezinho nas unidades. Se encontrada, a mãe biológica responderá por crime de abandono de incapaz e pode pegar de 9 meses a 4 anos de prisão.

Ednalva e André quase adotaram o filho da sobrinha. “Ela queria me dar a criança porque já tem uma filha especial de 3 anos e um menino de 4 anos”, explica Ednalva.


Entusiasmada com a ideia, Ednalva fez até o enxoval do bebê. Quando a criança nasceu, Leocássia desistiu de doar o filho. “Fiquei triste, mas disse que iria ajudar a criar de longe”, conta Ednalva, que agora cuidar de Vitória.


Família encontra recém-nascida na porta de casa com bilhete pedindo cuidados

O mecânico André Luiz da Silva, 39, saía para trabalhar por volta das 7h quando viu na porta de sua casa uma caixa de papelão. Ele pensou que fosse lixo, mas quando abriu teve uma surpresa. Dentro da caixa, uma menina recém-nascida e bilhete que dizia: “Família, por favor toma conta desta criança, ela tem 12 dias de vida. Espero que deem muito carinho e amor para ela. O nome dela é Vitória”.

A bebê foi abandonada em vila residencial na Rua Jabuti, em Cordovil, na manhã de ontem. Na caixa, também havia roupas, fraldas e lenço umedecido. O recado foi escrito no verso de um papel contendo instruções para cuidados com recém-nascido. Este documento é entregue às mães que têm seus filhos em hospitais públicos. A pequena foi levada ao Hospital Getúlio Vargas, na Penha, e será encaminhada para um abrigo municipal.


QUEM ACHOU QUER ADOTAR


“Na hora fiquei revoltado e pensei ‘como um ser humano pode abandonar um filho?’ Depois me acalmei porque pelo menos a criança parou em casa de boa família”, relata André. Sua esposa, Ednalva da Silva, logo pegou a menina no colo. “Ela ficou agarrada em meu pescoço e começou a chorar”. Em seguida, o casal chamou a sobrinha, que tem um bebê, para amamentá-la. A polícia foi chamada e chegou em poucos minutos.

“Vou fazer de tudo para ficar com ela. É o destino, não tem jeito”, declara Ednalva. Pais de duas meninas, de 14 e 15 anos, o casal sofreu a perda de bebê há 17 anos por complicações no parto.


De acordo com o Conselho Tutelar, para ter a guarda de Vitória, o casal já teria que estar na lista de adoção. Mas Ednalva conta que vai entrar com pedido na Vara da Infância.


André não perde as esperanças: “ Já estou fazendo planos para os 15 anos dela, quero a mesma festança que fiz para minha filha biológica”.

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