Quem observa o vento, nunca semeará ...
Viver não é difícil,
mas a gente complica.
Queremos entender tudo,
saber tudo,
ter a ciência e as ferramentas
e construir um mundo que,
na realidade,
está muito além de nós.
Cada dia que passa nos
surpreendemos com os acontecimentos,
como se não fossem previsíveis
e tentamos construir à nossa volta
a redoma que vai nos proteger e
dar abrigo aos nossos.
O que acontece aos outros
pode nos acontecer,
como o ar que invade cada narina
dos animais e dos homens
e os torna iguais,
mortais e dependentes de
uma força Maior.
Essa realidade às vezes nos choca,
como se não fôssemos,
cada um,
o outro para um outro.
E ter consciência da vida,
da sua fragilidade e beleza não
deveria nos intimidar.
Cada dia basta a si mesmo
e se as dores de ontem continuam
doendo no peito,
as possíveis alegrias do amanhã
devem nos fazer olhar para
o momento presente e construir
com ele o melhor que podemos
com as nossas mãos.
Precisamos viver agora como
se o instante seguinte não fosse
existir e fazer de cada momento
o mais precioso de todos.
Precisamos dar de nós
com a consciência que o que fazemos
ou deixamos de fazer fica enraizado
nos que prosseguem nosso caminho.
O amor, o ódio,
a esperança e a desilusão
são sementes que plantamos.
O sorriso é o sol que oferecemos
e o abraço o calor que
abriga a vida.
Cada instante temos escolhas,
cientes ou inconscientes e elas
constroem o que somos
ou deixamos de ser.
Quem observa o vento,
nunca semeará.
Mas aquele que estuda seu
coração e olha para o Alto,
esse possuirá campos imensos
e nada lhe será recusado.
Deus ama ao que dá
com alegria e oferece com
alegria ao que ama.
Se tiver que deixar uma
herança aqui na terra,
que seja esta:
o bem que você fez sem
contar e sem escolher.
Somos todos sim,
construídos do mesmo barro,
mas nosso coração se
modela cada dia,
com cada lição,
cada porta que abrimos,
cada mão que oferecemos.
TEXTO: Letícia Thompson
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