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Depois da revolução sexual dos anos 1960, ficou
mais fácil para a mulher fazer escolhas diferentes do que era esperado tradicionalmente:
casar-se e ter filhos. Meio século depois, é impossível enumerar as
possibilidades que uma mulher.
Priorizar a carreira, cuidar da casa e dos filhos,
conciliar as duas coisas, casar-se com outra mulher, não se casar, cumprir o
protocolo tradicional ou mesmo não fazer planos? As escolhas são muitas. Como
são muitas as mulheres. E muitos sonhos, desejos, anseios. Diferentes escolhas
mostram que não há fórmula para ser mulher. Nem para ser feliz. Ser mulher é
lutar para que seus direitos e desejos sejam respeitados. Sejam eles quais
forem.
A psicóloga Elizângela Roque divide, aos 40 anos de
idade, o tempo entre os pacientes e os oito filhos. Logo que se casou, os
planos eram seis crianças. Em 2011, já com cinco, conheceram um colega de
classe do filho mais novo. A criança era de um abrigo e eles decidiram
adotá-la. Quando deram entrada no processo, descobriram que ela tinha um irmão.
“Adotamos os dois e eles estão conosco há um ano e
meio. No processo de adoção eu fiquei grávida”, conta. Hoje, com os oito
filhos, a rotina depende de muita organização: tem hora para assistir TV, para
fazer tarefa e para as atividades extraclasse. “É uma opção de vida. Sou
profissional, sou psicóloga de formação e trabalho no serviço público. É um
grande desafio, não é nada simples, mas é também uma alegria muito grande”.
Aumentar a família faz parte dos planos da
jornalista Marina Marcondes. Ela e a companheira já têm uma filha cada, de
relacionamentos anteriores. O sonho agora é criar juntas um menino. “Acho que
não é pelo fato de eu ser lésbica que não posso gerar uma criança. A gente não
tem nada muito decidido ainda, porque ter mais uma criança gera gastos e uma
série de questões financeiras e estruturais”, pondera.
Por enquanto, as duas estão se organizando para
poder dar um irmão às duas filhas. “A vontade é muito forte, o sonho é muito
grande e o amor, para gerar mais uma vida, é maior ainda. Se não der pra gerar,
a gente pensa em adotar. O que a gente quer, na verdade, é dar amor a uma
criança”, resume.
Professora de formação e dona de casa desde o
casamento, Luciana Chagas abriu mão da carreira para se dedicar à maternidade.
“Eu me sinto completamente realizada. Toda mulher que é mãe, com quem eu converso,
fala que a melhor coisa que existe é ter filho, porque eles trazem uma sensação
inigualável e a gente se sente muito amada”, relata.
Ser professora era um sonho de infância. “Renunciei
muito consciente e muito feliz por isso”, destaca. Para Luciana, valeu a pena
estar constantemente ao lado da primeira filha, hoje com um ano. “É uma
novidade ver uma criança se desenvolvendo, a gente aprende o tempo inteiro. E é
uma oportunidade de se doar”.
A
maternidade e o casamento não fazem parte dos planos da também professora
Verônica Lima. Para ela, a realização está em outras escolhas. “Quando penso em
realização, penso em viajar mais, aprender mais, conhecer mais gente, falar
outro idioma. Eu não penso que [trazer] uma criança ao mundo vá me deixar mais
ou menos realizada do que sou hoje em dia. Talvez, para algumas pessoas sim,
mas para mim isso não é sinônimo [de realização]”.
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