sexta-feira, 26 de junho de 2015

Meninas de Guarus: audiência é confirmada para 16 de julho


Ex-deputado Roberto Henriques manteve-se firme na denúncia do caso está preocupado. (Foto: JTV) 


Seis anos depois de denunciado, o crime que deu origem ao caso de pedofilia conhecido como “Meninas de Guarus”, pode estar perto do fim. É que o Juízo da Terceira Vara Criminal da Comarca de Campos dos Goytacazes confirmou a audiência de instrução e julgamento deste caso de abuso sexual e assassinato de menores para o dia 16 de julho, às 11 horas. No momento, estão sendo expedidos os mandados de intimação das testemunhas para a audiência. “Temo que se os culpados não forem condenados, a impunidade motive o crescimento deste tipo de crime em Campos”, disse ex-deputado estadual Roberto Henriques. Em 2012, o então deputado cobrou de vários órgãos a continuidade das investigações que culminaram na prisão de cinco suspeitos no dia 17 de outubro de 2014.

O caso ganhou repercussão a partir de junho de 2009 quando Leilson Rocha da Silva, o “Alex” - um dos investigados no processo – foi preso em flagrante em um hotel no Parque Prazeres, por suspeita de exploração sexual de crianças e adolescentes. A prisão aconteceu depois que uma adolescente de quatorze anos fugiu de um cativeiro onde vivia em condições subumanas. Uma série de depoimentos na delegacia de Guarus teria apontado Leilson como agenciador de menores para “programas” nos quais que os clientes eram pessoas influentes - como políticos de Campos e ocupantes de cargos de confiança na Prefeitura de Campos.

Leilson foi inocentado pelo crime que motivou a prisão. Suspeito de agenciamento e possível chefia da quadrilha de pedófilos, ele continua impune. A quadrilha é investigada por explorar crianças e adolescentes de ambos os sexos, de idades entre 8 e 14 anos. Trancadas em uma casa em Guarus, as vítimas eram obrigadas a manter relações sexuais com diversas pessoas por várias vezes na mesma noite. Em alguns dos programas, elas eram obrigadas a se drogar. Duas adolescentes teriam sido assassinadas de forma cruel por overdose induzida de cocaína. Os depoimentos também apontaram que os corpos foram ocultados.

Parado por anos no Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MP), o caso voltou a ser investigado pela promotora Renata Felisberto Nogueira Chaves, em junho de 2013. Entre os presos durante cumprimento de mandado de prisão estavam o ex-presidente da Câmara Municipal de Campos, o vereador Nelson Nahim; Sérgio Crespo Gimenes Júnior; Fabrício Trindade Calil; Leílson Rocha da Silva; o policial reformado da Polícia Militar Ronaldo de Souza Santos. Também citado, Thiago Machado Calil não foi localizado na ocasião.

Nahim e Sérgio foram presos porque estariam constrangendo as vítimas e testemunhas do caso durante a investigação policial. Na decisão judicial consta que "faz-se necessário o encarceramento cautelar dos mesmos para fins de resguardar a instrução criminal". Passados alguns dias, todos foram soltos por meio de Habeas Corpus.

Uma boate e quatro motéis de Guarus, e dois hotéis no Centro foram interditados na ocasião. Somente os hotéis localizados na Rua Barão do Amazonas permanecem lacrados. Segundo vizinhos dos estabelecimentos, os proprietários - que até pouco tempo mantinham uma lanchonete na rua - não são mais encontrados no local.

Os denunciados pelo MP são investigados por crimes de sequestro e cárcere privado, quadrilha ou bando, rufianismo, tráfico de drogas e condutas afins, submeter criança/adolescente à prostituição/exploração sexual, oferecimento de drogas para consumo conjunto e estupro e coação no curso do processo.

Ao falar sobre o caso, Henriques faz questionamentos. “O que me causa estranhamento é que a gente não vê a prefeita de Campos, que é mãe e avó, cobrar uma solução para o caso. Não vemos a Câmara Municipal e muito menos o Conselho Tutelar se mobilizarem por uma resposta da Justiça. Depois que eu cobrei, ocorreram algumas prisões".

Dezessete juízes se deram por impedidos de julgar o processo. "A pergunta que não quer calar é essa, o que de verdade existe? Se não há respostas, o caso não implicaria em uma lenda urbana? O fato de ficar tanto tempo para apurar, denunciar e julgar essas pessoas, não é um incentivo para que outras redes de pedofilia imperem na cidade onde não há punição? ”, questiona Roberto Henriques.
Terceira Via/Show Francisco



 

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