A subutilização do Centro de Eventos Populares Osório Peixoto (Cepop) é apontada pelo Observatório Social de Campos. Sem o Campos-Folia, espaço passa a ser aberto, com força, à iniciativa privada. Obra faraônica custou aos cofres públicos quase R$ 70 milhões. Mas, Campos agora vive nova realidade: sem dinheiro, sem festa. “O que é complicado é a Prefeitura ter gasto uma fortuna e o espaço ser subutilizado, sem uso a maior parte do tempo”, declarou o diretor administrativo financeiro do Observatório Social de Campos, o arquiteto Renato Siqueira.
Para ele, a área destinada ao Cepop, na qual acontecerá o Holi Brasil – Festival das Cores (19 de julho) e show da dupla sertaneja Henrique e Juliano (5 de agosto) — eventos da iniciativa privada, nos quais os participantes terão que pagar ingressos a preço nem um pouco “popular” — possui diversos fatores que prejudicam a movimentação e a ampliação de eventos populares, como o Campos Folia.
Em fevereiro, a Prefeitura firmou parceria com a iniciativa privada para a realização de programas culturais no Cepop com o objetivo de criar, junto aos populares, um calendário fixo de eventos, promovidos pelo governo do município. Renato acredita que a realização de shows mediante aluguéis é típica de espaços culturais públicos.
— A gente tem que entender o que são esses espaços. Temos o Sambódromo do Rio de Janeiro, que foi criado para que houvesse desfile das escolas de samba no Carnaval. Não quer dizer que o espaço tenha uso exclusivo para isso. No mesmo espaço, ocorrem eventos particulares — comentou o arquiteto.
No entanto, Renato acredita que a construção, feita entre os anos 2010 e 2012 e para a qual foram despendidos R$ 68 milhões, pertence a uma área de difícil acesso para os moradores da cidade.
— Quando há eventos, não há ônibus o suficiente para atender às pessoas que querem ir. Também está mal localizado, de acordo com o zoneamento urbano. É uma área de menos infraestrutura e de desenvolvimento urbano restrito. Embora a Avenida Alberto Lamego seja definida como uma área recreativa, não é para esse tipo de equipamento. Ele estaria mais bem localizado se estivesse às margens da Avenida Artur Bernardes, por exemplo. Deveria ter sido implantado em uma região periférica — opinou o diretor do Observatório Social.
Em relação a evento popular, no próximo sábado (04) será realizado o “Arraiá do Bem”, iniciativa do Grupo Super Bom e da secretaria estadual de Cultura, com show de Elba Ramalho. A entrada é um 1kg de alimento não perecível.
Campos Folia — O arquiteto Renato Siqueira reafirmou que o Cepop de ser usado tanto para eventos públicos e populares, como o Campos Folia, quanto para atividades relacionadas à iniciativa privada. No entanto, as festas promovidas pelo município exigem outros cuidados.
— Para fazer o Carnaval, não precisa somente ter o espaço. Tem que ter policiamento, socorro emergencial. Funcionários serão mobilizados. Mas o espaço é subutilizado. Ele deveria ter trazido a certeza de que, se tem espaço, as coisas não deixariam de acontecer. Mas existe o espaço e não é utilizado — apontou.
O profissional acrescenta que a não realização do Campos Folia em 2015 está vinculada a aspectos econômicos, conforme alegado pela Prefeitura de Campos. “O Carnaval só não acontece por questão de embaraço financeiro. Mais uma evidência de que as contas não estão ajustadas. O município está todo embaraçado por uma condição que a Prefeitura criou. Não adianta ter equipamento urbano, mas não ter finanças”, ressaltou, questionando o retorno financeiro obtido com o aluguel do Centro de Eventos Populares. — Quanto tem custado para eventos particulares? Esse dinheiro não viabilizaria o Carnaval?
A Folha da Manhã entrou em contato com a assessoria da Superintendência da Fundação Cultural Jornalista Oswaldo Lima para saber a quantidade de eventos particulares e públicos que ocorreram no último ano no Cepop, se houve retorno financeiro para a Prefeitura e onde teria sido aplicado o dinheiro. No entanto, até o fechamento da edição, não foram dadas as respostas.
Manutenção — Na semana passada, a assessoria de imprensa da Superintendência de Iluminação Pública da secretaria Municipal de Infraestrutura e Mobilidade Urbana informou que foram substituídos, no Cepop, 224 reatores dos postes de iluminação pública.
Paula Vigneron/Fotos: Folha da Manhã/Show Francisco
Nenhum comentário:
Postar um comentário