terça-feira, 7 de julho de 2015

Desabafo de um “independente”

O vereador Albertinho (Pros) é mais um na extensa lista de ex-aliados do casal Garotinho. Em seu segundo mandato na Câmara de Campos, o parlamentar mais votado em Guarus na eleição de 2012 deixa claro que não vai mais “engolir sapos”. Em entrevista à Folha ele afirma que pessoas no grupo gostam de “dividir para reinar”. Sobre a venda do futuro, o ex-rosáceo afirma que o próximo gestor municipal não pode “pagar pela inconsequência e pela má administração de alguns gestores”. Sobre o seu futuro político, Albertinho garante que é possível vencer sem o apoio da máquina. Na visão do parlamentar, o povo mais humilde “está cansado de guerras, perseguições e aproveitamento, pois sempre são usados com programas sociais e depois descartados”. O vereador também fez uma autoanálise em relação ao Albertinho de hoje e o de 2008, quando foi eleito pela primeira vez, e garantiu que atualmente ele está mais maduro “começando a discordar com algumas atitudes”.

Folha da Manhã – No primeiro governo da prefeita Rosinha Garotinho (PR) você foi um dos mais ferrenhos governistas na Câmara, chegando a ser conhecido como o “Homem Bomba” de Garotinho. O que faz um aliado tão próximo abandonar a bancada da situação e se declarar “independente”?

Albertinho – É bom deixar bem claro que quando um grupo cresce, começam a aparecer pessoas que querem dividir para poder reinar. E isso vinha acontecendo diariamente no grupo. Foi isso que aconteceu e me levou a tomar essa decisão.

Folha – Na eleição de 2008 você obteve 2.580 votos. Já em 2012, após caminhar com o governo Rosinha durante quatro anos, pulou para 4.128 votos. Deixar o grupo governista não coloca em risco a sua performance para a eleição 2016?

Albertinho – Não, até porque não fui o candidato da máquina, como vocês próprios noticiaram em alguns blogs. Foi uma campanha humilde, de serviços prestados, e com vários amigos de diversos bairros que viviam nos bastidores e se tornaram novas lideranças com o nosso apoio. Foi por isso que obtive essa expressiva votação com a ajuda do povo e de nossos amigos

Folha – Nos últimos 15 anos, mesmo nos momentos difíceis para Garotinho em Campos, quando viu o seu candidato ser derrotado na disputa pela Prefeitura, em 2004 e 2006, o grupo sempre foi muito forte em Guarus. Porém, a última pesquisa do instituto Pro4 mostra que, pela primeira vez, o desgaste começa a chegar em Guarus. Como morador de Guarus e vereador mais votado no distrito, você acha que a pesquisa reflete a realidade?

Albertinho – Com certeza, até porque não vivo em gabinetes, vou em busca da realidade, pois vivo dela. Vou de encontro ao povo e isso tem me revelado a real situação do desgaste do governo diante de nosso povo de Guarus. O povo humilde de Campos está cansado de guerras, perseguições e aproveitamento, pois sempre são usados com programas sociais e depois descartados.

Folha – Na sua opinião, tendo em vista a máquina inchada, a crise atual e a venda do futuro, quais são as características que os próximos gestores terão que ter para evitar um drama ainda maior para Campos?

Albertinho – Tenho certeza que será um grande desafio para o próximo gestor, mas nada é impossível. Vamos precisar de uma pessoa comprometida, que tenha responsabilidade com o dinheiro publico, invista mais em saúde, educação, transporte de qualidade, etc... Sobre a venda do futuro (royalties) espero que a Lei de Responsabilidade Fiscal seja cumprida, para que nenhum gestor pague pela inconsequência e pela má administração de alguns gestores.

Folha – A oposição sempre foi bem votada na chamada “pedra” e sentia dificuldade para conquistar votos nas áreas mais populares. Existe a possibilidade de uma parceria da oposição com os “independentes”, visando o pleito de 2016?

Albertinho – Analisaremos lá na frente. Temos que levar em consideração a vontade popular, porque o povo esta cansado de políticos difamadores, que usam da dificuldade da massa popular para se beneficiar eleitoralmente.

Folha – No ano passado você disputou uma cadeira na Alerj e obteve 10.381 votos. O que faltou para alcançar um resultado melhor? A máquina privilegiou as candidaturas de Pudim e Bruno Dauaire? Sua mágoa com o grupo começou após constatar a falta de apoio?

Albertinho – Não digo mágoa, mas decepção, até porque teve candidato que não tem nenhuma história com o nosso grupo politico. Eu, por exemplo, tenho uma história de 25 anos. Acompanhava e acreditava neste grupo político, e me senti desvalorizado com a coordenação politica, mas fiquei muito feliz com os 10.381 votos de amigos que acreditaram em nossa proposta, sem o apoio da máquina administrativa.

Folha – Durante a articulação para a eleição da mesa diretora, após o surgimento de um grupo “independente”, o blog “Opiniões”, do jornalista Aluysio Abreu Barbosa revelou os bastidores uma tensa reunião onde Garotinho teria dito que tirou você “da lama”. Mesmo após esse episódio, você votou no candidato apoiado por ele (Edson Batista) e continuou no grupo. Se engoliu um “sapo” naquela ocasião, você não pode engolir outro “sapo” agora e voltar para a base?

Albertinho – Não, é importante esclarecer que não estava presente na hora da votação, pois foi tão rápida a sessão para eleição da atual Mesa Diretora da Câmara, que quando cheguei ao plenário, já tinha acontecido. Sobre o episodio do mesmo ter tido a infelicidade de utilizar essa palavra, onde eu jamais falaria para um inimigo, pois é uma frase muito pesada, é bom lembrar que ele deve ter se esquecido que lá atrás, em sua campanha de prefeito, nós colocávamos caixotes em ruas sem calçamento para ele discursar. Deve ser por isso que o mesmo citou que nos tirou ‘da lama’”.

Folha – Você tem divulgado no Facebook uma campanha de filiação do Pros, com o objetivo de montar um time forte para 2016. Como está o partido em Campos? É possível contar com uma nominata poderosa sem o apoio da máquina?

Albertinho – Sim, até porque existe uma força popular querendo mudança e sonhando com uma Campos melhor. Diversas lideranças estão nos procurando para se filiar ao Pros e participa do pleito de 2016.

Folha – Em março de 2013 foi aprovada na Câmara uma Indicação Legislativa de sua autoria que sugeria a criação de um Conselho para fiscalizar a aplicação dos royalties. Porém, a proposta chegou à Prefeitura e nunca foi colocada em prática. O que houve?

Albertinho – Não sei, mas estive várias vezes na Procuradoria do município cobrando o andamento desta Indicação Legislativa, e sempre recebia a mesma resposta: ‘Está na mesa da Prefeita’.

Folha – Cogita-se nos bastidores a possibilidade do deputado estadual Geraldo Pudim (PR) disputar a Prefeitura de Campos pelo PMDB. Existe a possibilidade dos “independentes” caminharem ao lado de Pudim?

Albertinho – Tudo é possível, mas aguardaremos o posicionamento do deputado estadual Geraldo Pudim, pois no momento nós só estamos ouvindo as conversas pelos bastidores, nada oficial.

Folha – Com a bancada governista reduzida, tudo indica que os articuladores do grupo rosáceo vão manobrar para evitar que os vereadores “independentes” e oposicionistas se destaquem. A mudança na regra das CPIs demonstrou isso. Existem outras “manobras” em curso?

Albertinho – Não acredito, mas tudo é possível. Basta analisarmos como foram conduzidas as ultimas sessões da Câmara.

Folha – Quais são as principais diferenças entre o Albertinho eleito pela primeira vez em 2008 e o Albertinho de 2015, que resolveu encarar o líder e se posicionar de forma independente?

Albertinho – Um Albertinho mais maduro politicamente, que começou a discordar com algumas atitudes, que me levou ao rompimento politico. Porque alguns líderes não gostam de discordância, pois os mesmos se colocam acima do bem e do mal.

 Folha da Manha/Show Francisco 



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