domingo, 23 de outubro de 2016

FRANCIMARA A. BARBOSA LEMOS, “Chegou a vez da mulher governar”



Prefeita eleita de São Francisco de Itabapoana, em uma disputa voto a voto com o prefeito Pedrinho Cherene (PMDB), Francimara Barbosa Lemos (PSB) diz que agora é o momento da “mulher governar”. Casada com Frederico Barbosa Lemos, que já foi vice-prefeito do município e nora do radialista Barbosa Lemos, que também governou a cidade, ela garante que possui seu próprio jeito de governar. “Tenho meus ideais e irei implantar minha marca”, diz. Sobre o desafio, a prefeita eleita comentou sobre obras inacabadas e afirmou que vai buscar parcerias para reiniciar as obras e deixou claro que não haverá revanchismo. “Temos que olhar pra frente e mudar de vez a história de nossa cidade”, comentou.

Folha – A disputa pela Prefeitura de São Francisco de Itabapoana foi bem acirrada. Algumas pesquisas indicaram você com larga vantagem, outras apontavam para a vitória de Pedrinho Cherene (PMDB). No fim, você venceu com uma diferença de 113 votos. O que foi decisivo na reta final da campanha?

Francimara Barbosa Lemos – A maior pesquisa foi o contato olho no olho do eleitor. Nós conseguimos levar o nosso projeto aos quatro cantos deste município. Fico muito orgulhosa, pois as pessoas reconheceram que nossa cidade precisa de mudança.

Folha – E a transição de governo, já está sendo articulada? Você, ou a sua equipe, já conversou com o atual prefeito para iniciar? Quem fará parte da sua equipe? Como espera encontrar o município que administrará até 2020?

Francimara – Já protocolamos o pedido de transição e vamos solicitar junto ao TCE (Tribunal de Contas do Estado) o acompanhamento durante a mesma para que possamos apresentar a população de nossa cidade a realidade que vamos encontrar. Nossa equipe está muito bem preparada para tal. Já estamos cobrando maiores esclarecimentos junto a polícia e os desdobramentos a respeito desta invasão por hackers ao sistema de computadores da Prefeitura, conforme foi amplamente divulgado na imprensa. Precisamos esclarecer melhor a população este fato.

Folha – Sua vitória em São Francisco se une a outras na região com um sentimento “mudancista”. Como exemplos, a oposição venceu em Campos, São João da Barra, Quissamã. Como será a aproximação com os eleitos nesses municípios para buscar benefícios para a região?

Francimara – Carla Machado (PP) é uma grande amiga e incentivadora do nosso projeto em São Francisco. O Rafael Diniz é amigo de infância do meu esposo Frederico, já nos encontramos e firmamos um compromisso de mudar a realidade que vive nossa região. A união será fundamental para o crescimento.

Folha – Por falar em São João da Barra, existe uma situação que compromete os dois municípios, que é a paralisação das obras da ponte da Integração. Como pretende articular para que não aconteça com essa construção o mesmo que ocorreu com a ponte João Figueiredo, que ficou apenas nos pilares?

Francimara – Como já bem disse, o desenvolvimento de nossa região depende da união de todos nós. A ponte da integração sem dúvida será a grande obra que vai interligar São Francisco ao seu município mãe, São João da Barra. O senador Romário (PSB) já se colocou à disposição para nos ajudar a realizar este sonho tão grandioso.

Folha – Com uma nominata pequena, comparada ao seu principal adversário na disputa, você só tem na composição eleita para a Câmara dois vereadores do seu palanque. Já existe diálogo com eleitos nos palanques adversários para ter governabilidade? O fato de ter poucos parlamentares aliados eleitos pode ser uma dificuldade?

Francimara – A eleição terminou dia 02 de outubro, vamos governar para todos. Já estamos dialogando com os vereadores eleitos e não tenho dúvidas que os mesmo querem o melhor para nossa cidade. Não vejo qualquer dificuldade.

Folha – E com relação à sua equipe de governo, já existem nomes escolhidos para o secretariado? Pode revelar alguns? Qual o critério para escolha do seu secretariado?

Francimara – Já existem alguns nomes sim, no momento oportuno iremos anunciar. O critério técnico tem sido fundamental para composição do nosso governo.

Folha – O seu vice, Claudio Henriques (DEM), já tem experiência como vereador e também como vice-prefeito na gestão de Pedro Cherene. Qual foi o papel dele durante a campanha e como ele vai atuar durante a gestão de vocês?

Francimara – O Cláudio Henriques foi fundamental em nosso projeto. Sua experiência vai acrescentar em todos os aspectos. Terei um grande parceiro ao meu lado durante o nosso governo.

Folha – Você já atuou no município como secretária de Promoção Social e diz que teve boa aprovação popular pelo trabalho realizado. O que esperar do seu governo nas questões sociais?

Francimara – Existem famílias que não tem banheiro em sua residência em São Francisco. É triste esta realidade. Pude ver de perto o quanto nosso povo está sofrendo. As casinhas populares de barra do Itabapoana estão com o esgoto a céu aberto há anos e nada foi feito. Famílias passam fome em nossa cidade. Conheço bem a realidade que vive nosso povo e farei o que for possível para mudar este quadro. Basta ter boa vontade e uma equipe responsável.

Folha – A agricultura e a pecuária são vocações históricas do município, assim como a pesca. Essas áreas terão que tipo de incentivo?

Francimara – Apoiar a quem produz será prioridade em nosso município. Aqueles que movimentam nossa economia terão um carinho especial.

Folha – A atual gestão conseguiu algumas obras em parceria com o estado e a União. Se compararmos a outros municípios da região, inclusive, São Francisco recebeu muitas obras. Isso mostra certa habilidade de articulação. Você já procurou saber o andamento dessas obras? Pretende articular essas parceiras também?

Francimara – Infelizmente nossa cidade está sendo reconhecida como a cidade das obras inacabadas. Posso citar algumas aqui: a praça do pescador em Guaxindiba, o posto de saúde Gargaú, a rodoviária, o complexo cultural, o posto de saúde de Floresta, entre muitas outras. Já estamos nos articulando para retomar todas estas e outras obras o mais rápido possível. Temos que olhar pra frente e mudar de vez a história de nossa cidade.

Folha – Como você avalia a participação do senador Romário, o candidato mais votado em todo estado do Rio nas eleições de 2012, na sua campanha? Vocês já conversaram sobre pautas para o município? Quais?

Francimara – Foi fundamental a sua participação. O senador já colocou seu gabinete à disposição de nossa cidade. Várias pautas já foram discutidas. Saneamento básico, por exemplo, nossa cidade não tem um metro sequer de esgoto tratado, a conclusão da ponte da Integração entre outras. Neste momento o que mais precisamos e de parceria entre nossa cidade e governos estadual e federal.

Folha – Seu marido, Frederico Barbosa Lemos, foi prefeito da cidade em 2012, após a cassação de Beto Azevedo, de quem ele era vice. Por contas reprovadas na Câmara, ele não poderia ser candidato no pleito deste ano. Você só foi candidata por esse motivo? Caso ele pudesse ser candidato, você não seria? E qual será o papel dele na sua gestão?

Francimara – O Frederico assumiu o município em um momento desastroso, pagou um preço alto por não ter conseguido se desvencilhar dos problemas que enfrentou naquele curtíssimo período. A escolha do meu nome foi feita pelo povo, pesquisas foram feitas no município onde meu nome saiu na frente. Como gestora da Promoção Social mostrei meu potencial e sou reconhecida por isso. Sempre estive ao lado do Frederico em todos os momentos de nossos 12 anos de casados. Somos o esteio um do outro, temos uma família linda e abençoada. Nossa filha Maria Fernanda terá orgulho sempre de nós. Ele será fundamental, mas já teve o seu momento, agora chegou a vez da mulher governar.

Folha – Além do seu marido, seu sogro, José Antonio Barbosa Lemos, foi o primeiro prefeito do município. O peso do seu sobrenome de casada, o Barbosa Lemos, foi importante nessa campanha. Como você sentiu isso?

Francimara – O meu sogro emancipou nossa cidade, é reconhecido pela grande maioria como o realizador das grandes obras da cidade. Tenho orgulho de carregar o sobrenome do meu marido e sogro, porém quero lembrar que sou filha de Chico Galinheiro e Léa. Tenho minhas raízes em São Francisco, minha família mora aqui. Tenho meus ideais e irei honrar e implantar minha marca.

Folha – São Francisco muitas vezes é chamado de “primo pobre” da região porque, apesar do seu extenso litoral, não recebe royalties como produtor de petróleo. É uma luta antiga tornar o município produtor. Você vai entrar nessa luta? De que forma?

Francimara – Já entramos nesta luta, não podemos mais sofrer com esta triste realidade. Estamos formando uma equipe só para tratar deste assunto. O senador Romário já disponibilizou o seu gabinete para em Brasília mudarmos definitivamente este quadro.
Fmanha/Show Francisco

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