Fotos: Divulgação e Reprodução
Muito embora os indícios e as evidências já há muito sinalizassem os motivos da quebradeira do estado mais importante do Brasil, não se sabia – conforme agora aponta o MPF – que a “organização criminosa” supostamente chefiada pelo ex-governador Sérgio Cabral Filho contribuíra tanto e de forma tão implacável para a depredação do Rio de Janeiro e avassalador sofrimento de sua gente mais carente.
O esquema de corrupção ora desbaratado, quer no Rio ou em qualquer outro estado da federação, não encontra precedente na história do País. Trata-se de roubo no atacado, em todos os níveis e direções, e a plena luz do dia.
Amigos de infância, titulares de cargos do primeiro escalão do governo e altos executivos são apontados nas investigações como partícipes e laranjas no controle das malas de dinheiro, das “mesadas” e todo tipo de propina que, por enquanto, chegam a R$ 224 milhões, transformados na ostentação ‘czariana’ dos iates, mansões, fazendas, carros, joias, relógios, suntuosos jantares e tudo o mais que possa ser comprado e usufruído com dinheiro assaltado dos cofres públicos.
Mais que vergonha, uma infâmia.
Não se vai historiar aqui o que desde quinta-feira (17) ganhou as manchetes dos jornais e passou a tema central dos principais sites jornalísticos e telejornais, inclusive com ampla repercussão internacional. Do vasto enredo com seus pormenores mais sórdidos toda a mídia vem se ocupando.
Contudo, o presente registro – meramente superficial – tem procedência, posto que há apenas três semanas, no dia 30, esta página da Folha da Manhã usou todo o espaço para chamar atenção para as notícias que davam conta do escandaloso luxo com que Sérgio Cabral se lambuzara quando governador do Rio e que agora estava sendo devidamente investigado pela Lava Jato.
Com o título ‘Nem se fosse o Pedro Álvares’, comparava o daqui, que nunca trabalhou senão como político, com o navegador português, que na condição de legítimo fidalgo desfrutava com seus pares dos requintes da corte lusitana – a exemplo das francesas, espanholas e inglesas – em suntuosidades próprias da época, a dizer: de 500 anos.
Povo paga – Contudo, mesmo com citações a joalheria, a anel de R$ 800 mil presenteado à mulher Adriana, Fernando Cavendish, jantares em Mônaco, Le Louis XV e festinhas com direito a coreografia de guardanapo nas frequentes idas a Paris, – nem de longe se cogitou, como ora informa o Ministério Público Federal, rombo tão gigantesco, em parte sendo a causa do atraso dos salários dos servidores, da incerteza do 13ª e de um pacote que prevê cortes, aumento de impostos e drástico impacto no bem estar social da população. Enfim, fraudes que ajudaram a quebrar o Rio de Janeiro.
Propina para todo lado
Em dois mandatos à frente do Palácio Guanabara, Cabral teria inovado na forma de praticar corrupção. Segundo as investigações, existem evidências de que as “mesadas” pagas pela Carioca Engenharia, Andrade Gutierrez e Delta Construções – que variavam entre 200 e 500 mil por mês – eram dadas adiantadas, antes mesmo das licitações fraudulentas.
Conforme apurou as investigações, além dos 5% “protocolares”, mais 1%, denominada “taxa de oxigênio”, de quase tudo que se construía no Rio, incluindo aí a reforma do Maracanã para a Copa 2014 e o Arco Metropolitano. A cobrança de propina apontada pelo MPF alcançou também obras do PAC e – inacreditável – até em obra de favela Cabral levou o seu tanto.
Luxo desmedido – No roteiro criminoso ora descortinado pelos procuradores das forças-tarefa da Lava Jato do Rio e do Paraná, os comparsas de Cabral (operadores financeiros) apanhavam o dinheiro, lavavam e repassavam ao ex-governador. Tudo muito organizado no esquema que saqueou o estado.
Conforme as investigações, o que não virou propriedade, luxo e gastança desenfreada, foi parar nas firmas de consultoria de fachada, criadas para produzir contratos falsos a esconder a fortuna que Sérgio Cabral teria montado com o dinheiro que tirou do Rio e que a população paga ficando sem médico, sem remédio, sem hospital, sem colégio, sem moradia, sem esgoto e até mesmo sem o salário de miséria de quem acorda 4 da manhã e volta pra casa 10 da noite para ganhar. Isso, quando ganha.
Interrogação - É curioso notar que no caso específico do Rio, a desonestidade espanta não só pelo resultado desumano que produz como, também, pelo tamanho com que é praticada. Afinal, para quê roubar dinheiro em volume muito superior ao que normalmente é possível gastar?
Sérgio Cabral cumpre prisão preventiva no Presídio Bangu 8.
Fmanha/Show Francisco
Um comentário:
Mt boa reportagem que aponta o grande roubo no Estado do RJ. Todos deviam escrever mais sobre estes escândalos. (Carlos Alberto)
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