Arnaldo Neto/Foto: Michelle Richa
“O que não posso admitir é que por pirraça e revanchismo queiram descontar, não no Rafael Diniz, na população. É essa quem mais vai sofrer com a falta de responsabilidade, com a transição irresponsável que está acontecendo. Eu desci do palanque, a eleição já acabou. Agora, nós temos que administrar esta cidade. O que eu lamento é que, talvez, não tenham descido do palanque ou não tenham aceitado a derrota. Querem se vingar por meio da população. Não estão se vingando do Rafael Diniz, estão fazendo mal à população”. As palavras são do prefeito eleito de Campos, Rafael Diniz (PPS), em entrevista coletiva na tarde de sobre o processo de transição do município que, para ele, “não começou de fato”.
Acompanhado por parte de sua equipe de transição — José Paes Neto, futuro Procurador Geral do Município, Leonardo Wigand, responsável pela transição na área da Fazenda, Fábio Bastos, Governo, e Felipe Quintanilha, da Transparência e Controle —, Rafael falou sobre a falta de informações essenciais. Diniz citou não ter tido acesso a dados sobre dívidas com fornecedores, listas de RPAs e a situação do Instituto de Previdência dos Servidores de Campos (PreviCampos).
Sobre a considerada “caixa preta” do PreviCampos, Rafael lembrou de um projeto do Executivo no qual é pedido autorização para dação de imóveis para quitar as dívidas com o instituto. Contudo, ele diz não ter dados sobre como tal projeto avaliaria os bens. Para Diniz, a dívida apenas com o PreviCampos é superior a R$ 400 milhões.
A convocação de concursados no apagar das luzes da atual gestão também foi contestada. “Convocaram 200 concursados da Educação. Qual o objetivo? Inchar a folha salarial e inviabilizar o nosso governo? Não houve qualquer tipo de diálogo antes das convocações”. A falta de diálogo foi queixa constate. “Transição não é apenas o ato de prestar informação. Eu acho que é o ato de você dialogar. Por isso desde o início eu manifestei e repito sempre a intenção de fazer uma transição pacífica e responsável”.
Convênios com hospitais que estão próximos do fim e falta de informações sobre a manutenção de programas sociais foram outros temas abordados na coletiva. Segundo Rafael, a previsão de orçamento do cheque cidadão em 2017 é de R$ 28 milhões. Neste ano, para o mesmo programa social, foram destinados R$ 40 milhões. No cartão cidadão (passagem social) para o ano que vem é está previsto a R$ 21 milhões, enquanto até outubro deste ano foram R$ 29 milhões.
Diniz ainda questionou o motivo pelo qual a atual gestão está agindo dessa forma: “Querem pesar ainda mais a folha de pagamento do funcionalismo público de Campos e impossibilitar o pagamento dos servidores? Não vão inviabilizar o meu governo, vão inviabilizar a cidade de Campos”.
Diniz defende 50% de suplementação
O projeto de Lei Orçamentária que trâmita na Câmara de Campos para 2017 ainda não foi aprovado. Vereadores do grupo governista tentam reduzir o percentual de suplemetação para o próximo prefeito de 50%, como foi no governo Rosinha Garotinho, para 15%. Rafael diz que lutará para manter em 50% apenas neste ano.
— Eu acho que o percentual tem de se menor. Assumo o compromisso de que quando nós elaborarmos o orçamento, no ano de 2017, o percentual vai cair. E não através da Câmara, apresentado por nós mesmos. Só que não fomos nós que elaboramos este Orçamento. As informações não são prestadas — garantiu Diniz.
O prefeito eleito firmou compromisso ainda com o próximo gestor. “No próximo ano nós vamos apresentar a peça orçamentária com uma redução desse percentual. E mais, quando passarmos o bastão para outra gestão, assumo o compromisso de garantir 50% para o novo prefeito, para que ele tenha liberdade para remanejar o orçamento”.
Abertura de pregões para terceirização
A equipe de Rafael também lembrou que foi pedida a suspensão de pregões de serviços de terceirização que chegam a quase R$ 100 milhões, mas o pedido foi ignorado pela atual gestão. “Como podem prever, com os pregões das terceirizações, uma despesa de R$ 97 milhões, se a previsão no orçamento para 2017 é de R$ 8,9 milhões?”, indagou Diniz. Ainda assim, ontem, o Diário Oficial trouxe um pregão para terceirização de merendeiras.
Para o prefeito eleito, na vida pública “é preciso saber ganhar e perder”. “Há 30 anos o meu avô Zezé Barbosa, que foi prefeito de Campos três vezes, soube perder. E entregou a Prefeitura com dinheiro em caixa. Meu pai, o ex-vereador e ex-deputado Sergio Diniz perdeu por dois votos e também entendeu. Um dia eu também irei sair da política. É preciso ter serenidade na hora das vitórias e nas derrotas, sem se esquecer que ao tentar se vingar de um adversário, quem paga o preço é a população”.
Em nota, a Prefeitura de Campos informou que o processo de transição “vem ocorrendo de forma regular”.
Fmanha/Show Francisco
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