Falta de apoio financeiro leva instituições a uma situação de penúria. Campanhas e doações ainda são pouco para as despesas
POR REDAÇÃO
POR TAYSA ASSIS e ULLI MARQUES
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POR TAYSA ASSIS e ULLI MARQUES
“Este é o nosso cantinho, nossa benção. Isso aqui não pode fechar porque não temos ninguém no mundo e nem mais para onde ir”. O lamento é de Maria das Graças Mendes, a “Baiana”, uma das mais antigas residentes do Asilo Monsenhor Severino, em Campos. Ela, que desde o primeiro dia na casa nunca recebeu visitas de parentes, faz um apelo “a quem tem coração”. Sua súplica tem fundamento: com dívidas exorbitantes e despesas mais elevadas que a receita mensal, a instituição, que completa 83 anos de existência, ameaça fechar as portas caso não receba ajuda. A situação não é diferente no Asilo Nossa Senhora do Carmo: com poucos recursos e infraestrutura precária, os idosos residentes no local também vivem dia após dia com a incerteza do amanhã.
Embora a tal luz no fim do túnel pareça cada vez mais distante, as duas instituições contam com a sensibilidade da sociedade para alcançá-la. De forma paradoxal, o Monsenhor Severino vive sua melhor e também sua pior fase dos últimos anos. A nova administração — que assumiu em maio de 2015 — fez inúmeras mudanças, que proporcionaram mais qualidade de vida aos internos. Por meio de doações de empresas, o local passou por uma reforma providencial e, se antes os idosos faziam no máximo três refeições por dia, atualmente fazem seis.
Mas os débitos da antiga administração ainda perseguem os sonhos do novo presidente, Ricardo Luiz, e do advogado Júlio Pizelli, que presta serviço jurídico voluntário na instituição. Segundo eles, existem mais de 30 processos trabalhistas, fiscais e da área cível no nome do asilo. E, enquanto se arrecada aproximadamente R$ 28 mil por mês, só a folha de pagamento de funcionários ultrapassa os R$ 30 mil; fora os R$ 8 mil de encargos sociais (INSS, Fundo de Garantia), R$ 10 mil das contas água e luz e a quantia despendida na compra de insumos, como fraldas, luvas, medicamentos, agulhas e fitas para medir insulina, materiais de higiene/limpeza e alimentação.
Embora a tal luz no fim do túnel pareça cada vez mais distante, as duas instituições contam com a sensibilidade da sociedade para alcançá-la. De forma paradoxal, o Monsenhor Severino vive sua melhor e também sua pior fase dos últimos anos. A nova administração — que assumiu em maio de 2015 — fez inúmeras mudanças, que proporcionaram mais qualidade de vida aos internos. Por meio de doações de empresas, o local passou por uma reforma providencial e, se antes os idosos faziam no máximo três refeições por dia, atualmente fazem seis.
Mas os débitos da antiga administração ainda perseguem os sonhos do novo presidente, Ricardo Luiz, e do advogado Júlio Pizelli, que presta serviço jurídico voluntário na instituição. Segundo eles, existem mais de 30 processos trabalhistas, fiscais e da área cível no nome do asilo. E, enquanto se arrecada aproximadamente R$ 28 mil por mês, só a folha de pagamento de funcionários ultrapassa os R$ 30 mil; fora os R$ 8 mil de encargos sociais (INSS, Fundo de Garantia), R$ 10 mil das contas água e luz e a quantia despendida na compra de insumos, como fraldas, luvas, medicamentos, agulhas e fitas para medir insulina, materiais de higiene/limpeza e alimentação.
Dos 60 idosos que vivem no Monsenhor Severino, oito ficam na área particular e, na teoria, deveriam contribuir com R$ 1.200 mensais. Mas a inadimplência já ultrapassa os 50%. Entre os outros 52 moradores, poucos são os que colaboram com parte da aposentadoria. Além disso, o asilo não é contemplado com recursos municipais, estaduais ou federais. “Em resumo, estamos em estado de calamidade e o fechamento da instituição é iminente. A verdade é que tentamos de todas as maneiras tornar a vida desses idosos mais agradável e confortável; mas a situação está a cada dia mais difícil”, lamenta o presidente.
Na tentativa de salvar a instituição, foram tomadas algumas medidas com o intuito de arrecadar verbas. Uma delas é o baile voltado para a comunidade, que acontece todas as quintas-feiras a partir das 19h, com música ao vivo. Também são realizados almoços, jantares e cafés beneficentes pelo menos duas vezes ao mês. Mas, de acordo com o presidente, ainda não é o suficiente para tirar o Monsenhor Severino do vermelho. A ideia agora é lançar um carnê para que colaboradores voluntários possam contribuir mensalmente com qualquer quantia, tornando-se sócios do asilo. “O projeto do carnê ainda não saiu do papel, mas logo estará disponível. Nosso objetivo é sensibilizar a sociedade e trazê-la para perto de nós. Sentimos que essa é a única solução possível no momento”, comenta Ricardo.
O amor nos tempos de crise
Na tentativa de salvar a instituição, foram tomadas algumas medidas com o intuito de arrecadar verbas. Uma delas é o baile voltado para a comunidade, que acontece todas as quintas-feiras a partir das 19h, com música ao vivo. Também são realizados almoços, jantares e cafés beneficentes pelo menos duas vezes ao mês. Mas, de acordo com o presidente, ainda não é o suficiente para tirar o Monsenhor Severino do vermelho. A ideia agora é lançar um carnê para que colaboradores voluntários possam contribuir mensalmente com qualquer quantia, tornando-se sócios do asilo. “O projeto do carnê ainda não saiu do papel, mas logo estará disponível. Nosso objetivo é sensibilizar a sociedade e trazê-la para perto de nós. Sentimos que essa é a única solução possível no momento”, comenta Ricardo.
O amor nos tempos de crise
Sempre há espaço para o amor, mesmo quando as dificuldades estão em cada canto e a alegria parece não encontrar uma brecha. Esbanjando saúde e vitalidade, Amaro Francisco de Souza, 72 anos, vai se casar. A noiva, Denair Gomes da Silva, 67 anos, não se aguenta mais tanta ansiedade. Os dois namoram há pouco mais de um ano e estão bastante envolvidos com os preparativos do casório. A cerimônia deve acontecer na igreja do Asilo Monsenhor Severino, onde moram – isso se a ameaça de fechamento não se concretizar antes da festa. Eles têm medo. Não somente por perderem a chance de oficializar o relacionamento, mas por não saberem para onde irão se perderem o lugar que chamam de “lar”. O amor nos tempos de crise Asilo Monsenhor Severino atualmente atende 60 idosos, mas a instituição ameaça fechar as portas devido à falta de recursos.
Papéis que a vida inverteu
Quilza de Almeida Gomes passou boa parte de seus 92 anos se dedicando ao próximo. Durante muito tempo, cuidou da própria mãe, que não a criou. Os papéis se inverteram até que há 17 anos, com a morte da mulher que lhe deu a vida, Quilza se mudou para o Asilo Nossa Senhora do Carmo. Depois de passar a infância, adolescência e boa parte da fase adulta sozinha, solteira e independente, esta lhe pareceu a única opção. Quando criança, aprendeu a bordar e a costurar, habilidades que ainda hoje cultiva em seu quarto. Quando perguntam se é feliz, ela demora a responder. Depois, com firmeza e bastante expressão, diz que sim. Parece não demonstrar nenhum arrependimento por ter vivido assim. Papéis que a vida inverteu
Uma instituição em ruínas
Fundado em 1904, o Asilo Nossa Senhora do Carmo sempre foi um local de visibilidade na cidade. Abandonado nas últimas décadas, atualmente é o lar de 62 idosos. O prédio histórico, depredado e em má conservação, tornou-se um triste cartão postal. A instituição, que tem uma despesa mensal de aproximadamente R$ 90 mil, tenta sobreviver com uma verba repassada pelo município, além de 70% do salário dos idosos que podem contribuir, da renda dos carnês de associados e da publicidade de painéis espalhados em seu terreno. Mesmo assim, é difícil sair do vermelho.
Segundo o presidente do asilo, André Araújo, há necessidade permanente de fraldas geriátricas e alimentos, como carnes. Empresário do setor de autopeças, André sempre contribuiu com a instituição de maneira voluntária. Para ele, desistir não é uma opção. “Por mais que as dificuldades sejam muitas, tenho certeza de que um dia conseguiremos. O que mais nossos idosos precisam, além de todas as questões de infraestrutura, materiais de limpeza e cozinha, é do afeto das pessoas de fora. Não gosto de pensar ou passar uma imagem do asilo como se ele fosse o fim de tudo. Nosso maior desejo e interesse é que a população esteja presente e que, com isso, consigamos transformar ainda mais, com carinho e alegria, a vida de nossos idosos”, afirma.
Papéis que a vida inverteu
Quilza de Almeida Gomes passou boa parte de seus 92 anos se dedicando ao próximo. Durante muito tempo, cuidou da própria mãe, que não a criou. Os papéis se inverteram até que há 17 anos, com a morte da mulher que lhe deu a vida, Quilza se mudou para o Asilo Nossa Senhora do Carmo. Depois de passar a infância, adolescência e boa parte da fase adulta sozinha, solteira e independente, esta lhe pareceu a única opção. Quando criança, aprendeu a bordar e a costurar, habilidades que ainda hoje cultiva em seu quarto. Quando perguntam se é feliz, ela demora a responder. Depois, com firmeza e bastante expressão, diz que sim. Parece não demonstrar nenhum arrependimento por ter vivido assim. Papéis que a vida inverteu
Uma instituição em ruínas
Fundado em 1904, o Asilo Nossa Senhora do Carmo sempre foi um local de visibilidade na cidade. Abandonado nas últimas décadas, atualmente é o lar de 62 idosos. O prédio histórico, depredado e em má conservação, tornou-se um triste cartão postal. A instituição, que tem uma despesa mensal de aproximadamente R$ 90 mil, tenta sobreviver com uma verba repassada pelo município, além de 70% do salário dos idosos que podem contribuir, da renda dos carnês de associados e da publicidade de painéis espalhados em seu terreno. Mesmo assim, é difícil sair do vermelho.
Segundo o presidente do asilo, André Araújo, há necessidade permanente de fraldas geriátricas e alimentos, como carnes. Empresário do setor de autopeças, André sempre contribuiu com a instituição de maneira voluntária. Para ele, desistir não é uma opção. “Por mais que as dificuldades sejam muitas, tenho certeza de que um dia conseguiremos. O que mais nossos idosos precisam, além de todas as questões de infraestrutura, materiais de limpeza e cozinha, é do afeto das pessoas de fora. Não gosto de pensar ou passar uma imagem do asilo como se ele fosse o fim de tudo. Nosso maior desejo e interesse é que a população esteja presente e que, com isso, consigamos transformar ainda mais, com carinho e alegria, a vida de nossos idosos”, afirma.
Terceira Via/Show Francisco
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