"Estou triste com a prisão, não via esse lado do Cabral?. A frase, pronunciada por Luiz Fernando Pezão (PMDB) ao colunista da Folha de S. Paulo Bernardo Mello Franco, tem um tom misto de lamentação e Pezão e Cabral atingiram a condição de "criatura" e "criador" e se tornaram parceiros, literalmente, até no "inferno astral" (FOTO: Brasil 247) Da redação, com Agência Brasil
"Estou triste com a prisão, não via esse lado do Cabral”. A frase, pronunciada por Luiz Fernando Pezão (PMDB) ao colunista da Folha de S. Paulo Bernardo Mello Franco, tem um tom misto de lamentação e desabafo. E não é para menos. O ex-governador está preso, denunciado em mais de 100 situações que caracterizam corrupção forte, leva a mulher, Adriana Ancelmo, a reboque e a convivência bem íntima com quem ele transformou em criatura ,pode trazer conseqüências nada agradáveis.
O jornalista da Folha pergunta a Pezão se ele não teme que Cabral o cite numa eventual delação premiada e a resposta vem seca: “Aí é com ele. Estou tranquilo quanto a isso. Minha vida está aberta, podem investigar”. Em meio a tantas outras perguntas pertinentes, o entrevistador se Pezão nunca desconfiou que o ex-governador estivesse desviando dinheiro. Não ficou sem resposta: “Nunca vi isso, nunca percebi. Para mim, é uma grande surpresa. Não sou eu que tenho que julgar as pessoas”.
Na verdade, Pezão não era uma pessoa qualquer para Cabral. E vice-versa. A convivência nos campos da política e da administração pública alimentou a amizade entre ambos. Daí ao fortalecimento da confiança o passo pareceu natural. Chegou ao ponto de o vice passar a ter mais visibilidade no governo, gerando inclusive uma observação bastante real. Muitos afirmavam: “Pezão é o governador de fato e Cabral o de direito”.
A ausência de Cabral era tão constante, que outra avaliação característica ecoava pelos corredores do Guanabara: “o governador mora no exterior [principalmente em Paris] e passeia na sede do governo”. Já nessa altura, as desconfianças de que “havia algo de podre no reino da Dinamarca” começava a ser sussurrado dentro e fora do Palácio. Escândalos como a “farra dos guardanapos” e medidas administrativas para favorecer particulares vieram a público e só restou a Cabral “dar no pé”.
É provável que a formatação do “inferno astral” de Pezão seja “por tabela” (a reboque do que enfrenta Cabral) e tenha começado a ganhar traços definidos com a oficialização dele no cargo que vinha exercendo de fato. Ganhando à reeleição, não teve como reverter a “herança maldita” deixada pelo antecessor amigo e os desgastes ganharam musculatura insustentável. Para agravar apareceu uma doença (câncer) que o deixou fora do governo, de licença, durante sete meses.
Doença gerou licença média por sete meses
Pezão foi diagnosticado com um linfoma não-Hodgkin, um tipo de câncer linfático no dia 24 de março de 2016 e entrou de licença médica quatro dias depois. Em julho, exames de imagem mostraram resolução completa do quadro de linfoma do governador. Diante do resultado, os dois últimos ciclos de quimioterapia previstos para o tratamento de Pezão foram suspensos.
Chegou a ser aventada a possibilidade de Pezão não mais reassumir. A licença, que seria até o dia 31 de agosto, teve que ser prorrogada até o dia 31 de outubro para, segundo o governo do Estado, recuperar as condições físicas de Pezão diante dos efeitos colaterais da quimioterapia. A doença do governador teve forte influência na administração, principalmente porque o vice Francisco Dornelles (PP) assumiu, demonstrou incompetência para ocupar o cargo e os problemas agravaram.
No primeiro dia de novembro, no ano passado, Pezão reassumiu, mesmo ainda estando em tratamento para recuperar as condições físicas, diante dos efeitos colaterais da quimioterapia. Três dias antes, ao participar de um seminário sobre infraestrutura na Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan), Pezão havia dito que o estado ainda não tinha recursos para pagar o 13º salário dos servidores.
Embora a crise financeira do estado estivesse na ponta das preocupações, Pezão descartou a possibilidade de demitir servidores ou reduzir os salários do funcionalismo. O governador também antecipou que iria recorrer da decisão do Tribunal de Justiça, que proibia o estado a renovar benefícios fiscais e conceder novos. Paralelamente, surgiu a crise econômica nacional, provocada pela queda brusca no preço internacional do barril de petróleo.
Crise causada por "insuficiência administrativa" nasce de Cabral
Os maiores prejudicados com a crise foram os municípios fluminenses, principalmente os da região produtora de petróleo da Bacia de Campos. Pezão aproveitou para usar o quadro grave como justificativa para o revés que o Estado vinha apresentando. Porém, o diagnóstico evidente era “insuficiência administrativa”, iniciada na primeira administração de Sérgio Cabral Filho, desde a qual Pezão já era considerado “governador de fato”.
As denúncias contra o Governo Cabral já se alastravam e já havia sintoma de que a Lava-Jato chegaria ao governador e alguns assessores. Quem previa não se enganou. Tanto que Ele, a esposa e inúmeros assessores estão presos. E Pezão está na linha das suspeitas de envolvimento com coisas erradas e na mira da Justiça.
“Quando tive câncer, os médicos não queriam que eu voltasse. Fiquei sete meses afastado, ainda não me recuperei e voltei pra enfrentar isso aqui. Não vou renunciar de jeito nenhum. Vou até o fim”. Ao responder à pergunta “cogita renunciar ao mandato?”, ainda que diante de tantos problemas e desgastado, Pezão deixou claro que não pensa seguir o exemplo de Cabral.
O colunista da Folha de S. Paulo lembrou que Pezão “também foi jogado às feras pela Polícia Federal, que pediu ao STJ para investigá-lo por suspeita de corrupção”. O governador contestou. “É a segunda vez. Teve primeira leva da Lava Jato, em 2014. Reviraram minha vida toda, e a PF pediu arquivamento duas vezes”.
O governador tenta, de todas as formas, demonstrar preocupação e tristeza com a situação do amigo e tranqüilidade quanto à dele próprio. No entanto, há fatos que o colocam em contradição. Um deles é a cassação recente, pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE), sob acusação de que ele teria beneficiado empresas que financiaram sua campanha. Outra: a Polícia Federal “encontra documentos que apontam repasse de propina” para o governador.
Governador é duas vezes citado em lista encontrada pela PF
É fato recente. A Polícia Federal encaminhou para o juiz Marcelo Brêtas, da 7ª Vara Federal Criminal do Rio, quinta-feira (9), anotações que apontam repasse de propina para o governador Luiz Fernando Pezão (PMDB). O nome do governador aparece duas vezes numa lista encontrada no apartamento de Luiz Carlos Bezerra, apontado como um dos operadores do ex-governador Sérgio Cabral.
Segundo os investigadores, os repasses para Pezão seriam de R$ 140 mil e de R$ 50 mil. De acordo com o relatório da PF "verificaram-se alguns escritos que podem servir de elementos probatórios que vinculam o governador atual do Estado do Rio de Janeiro, Luiz Fernando de Souza no possível esquema de recebimento de propina de um dos operadores financeiros do ex-governador Sérgio Cabral, também preso na operação Calicute".
Como ele tem foro privilegiado, por ser governador, o delegado Antônio Carlos Beaubrun Júnior pediu que a documentação fosse encaminhada ao Superior Tribunal de Justiça (STJ). O documento será analisado pelo Ministério Público Federal (MPF), que dará o parecer sobre o caso. Em nota, o governador informou que "continua à disposição da Justiça para prestar todos os esclarecimentos”.
Natural que Pezão esteja triste, chateado com o envolvimento de Cabral em tanta coisa errada e que não via este lado do amigo. Porém, difícil é acreditar que ele não desconfiava de nada. “Eu via o lado dele de fazer as coisas. O Sérgio foi um gestor que implementou políticas públicas que serviram de modelo para o Brasil inteiro, como as UPPs e as UPAs. Sempre foi um grande agregador, e eu procuro guardar essa imagem dele”.
“Eu sofro muito porque ele é um grande amigo. Tenho sentido muito por ver ele e a Adriana Ancelmo lá [na prisão] e os filhos aqui fora", lamentou Pezão, que embora convivendo com Sérgio Cabral há mais de 10 anos, tendo sido seu vice e sucessor no comando do Estado do Rio, disse que não tinha conhecimento do grande esquema de corrupção comandado pelo ex-governador durante todo esse tempo.
“O senhor se sente em condição de tocar o mandato até o fim?”, quis saber Bernardo Mello Franco, na penúltima indagação a Pezão. Não houve convicção na resposta.
“Acho que sim. Estou muito animado, nada me abate. Estamos tomando rumo neste momento difícil. Falo quase todo dia com o ministro Henrique Meirelles e com o presidente Michel Temer. Estou olhando pra frente”.
"Estou triste com a prisão, não via esse lado do Cabral”. A frase, pronunciada por Luiz Fernando Pezão (PMDB) ao colunista da Folha de S. Paulo Bernardo Mello Franco, tem um tom misto de lamentação e desabafo. E não é para menos. O ex-governador está preso, denunciado em mais de 100 situações que caracterizam corrupção forte, leva a mulher, Adriana Ancelmo, a reboque e a convivência bem íntima com quem ele transformou em criatura ,pode trazer conseqüências nada agradáveis.
O jornalista da Folha pergunta a Pezão se ele não teme que Cabral o cite numa eventual delação premiada e a resposta vem seca: “Aí é com ele. Estou tranquilo quanto a isso. Minha vida está aberta, podem investigar”. Em meio a tantas outras perguntas pertinentes, o entrevistador se Pezão nunca desconfiou que o ex-governador estivesse desviando dinheiro. Não ficou sem resposta: “Nunca vi isso, nunca percebi. Para mim, é uma grande surpresa. Não sou eu que tenho que julgar as pessoas”.
Na verdade, Pezão não era uma pessoa qualquer para Cabral. E vice-versa. A convivência nos campos da política e da administração pública alimentou a amizade entre ambos. Daí ao fortalecimento da confiança o passo pareceu natural. Chegou ao ponto de o vice passar a ter mais visibilidade no governo, gerando inclusive uma observação bastante real. Muitos afirmavam: “Pezão é o governador de fato e Cabral o de direito”.
A ausência de Cabral era tão constante, que outra avaliação característica ecoava pelos corredores do Guanabara: “o governador mora no exterior [principalmente em Paris] e passeia na sede do governo”. Já nessa altura, as desconfianças de que “havia algo de podre no reino da Dinamarca” começava a ser sussurrado dentro e fora do Palácio. Escândalos como a “farra dos guardanapos” e medidas administrativas para favorecer particulares vieram a público e só restou a Cabral “dar no pé”.
É provável que a formatação do “inferno astral” de Pezão seja “por tabela” (a reboque do que enfrenta Cabral) e tenha começado a ganhar traços definidos com a oficialização dele no cargo que vinha exercendo de fato. Ganhando à reeleição, não teve como reverter a “herança maldita” deixada pelo antecessor amigo e os desgastes ganharam musculatura insustentável. Para agravar apareceu uma doença (câncer) que o deixou fora do governo, de licença, durante sete meses.
Doença gerou licença média por sete meses
Pezão foi diagnosticado com um linfoma não-Hodgkin, um tipo de câncer linfático no dia 24 de março de 2016 e entrou de licença médica quatro dias depois. Em julho, exames de imagem mostraram resolução completa do quadro de linfoma do governador. Diante do resultado, os dois últimos ciclos de quimioterapia previstos para o tratamento de Pezão foram suspensos.
Chegou a ser aventada a possibilidade de Pezão não mais reassumir. A licença, que seria até o dia 31 de agosto, teve que ser prorrogada até o dia 31 de outubro para, segundo o governo do Estado, recuperar as condições físicas de Pezão diante dos efeitos colaterais da quimioterapia. A doença do governador teve forte influência na administração, principalmente porque o vice Francisco Dornelles (PP) assumiu, demonstrou incompetência para ocupar o cargo e os problemas agravaram.
No primeiro dia de novembro, no ano passado, Pezão reassumiu, mesmo ainda estando em tratamento para recuperar as condições físicas, diante dos efeitos colaterais da quimioterapia. Três dias antes, ao participar de um seminário sobre infraestrutura na Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan), Pezão havia dito que o estado ainda não tinha recursos para pagar o 13º salário dos servidores.
Embora a crise financeira do estado estivesse na ponta das preocupações, Pezão descartou a possibilidade de demitir servidores ou reduzir os salários do funcionalismo. O governador também antecipou que iria recorrer da decisão do Tribunal de Justiça, que proibia o estado a renovar benefícios fiscais e conceder novos. Paralelamente, surgiu a crise econômica nacional, provocada pela queda brusca no preço internacional do barril de petróleo.
Crise causada por "insuficiência administrativa" nasce de Cabral
Os maiores prejudicados com a crise foram os municípios fluminenses, principalmente os da região produtora de petróleo da Bacia de Campos. Pezão aproveitou para usar o quadro grave como justificativa para o revés que o Estado vinha apresentando. Porém, o diagnóstico evidente era “insuficiência administrativa”, iniciada na primeira administração de Sérgio Cabral Filho, desde a qual Pezão já era considerado “governador de fato”.
As denúncias contra o Governo Cabral já se alastravam e já havia sintoma de que a Lava-Jato chegaria ao governador e alguns assessores. Quem previa não se enganou. Tanto que Ele, a esposa e inúmeros assessores estão presos. E Pezão está na linha das suspeitas de envolvimento com coisas erradas e na mira da Justiça.
“Quando tive câncer, os médicos não queriam que eu voltasse. Fiquei sete meses afastado, ainda não me recuperei e voltei pra enfrentar isso aqui. Não vou renunciar de jeito nenhum. Vou até o fim”. Ao responder à pergunta “cogita renunciar ao mandato?”, ainda que diante de tantos problemas e desgastado, Pezão deixou claro que não pensa seguir o exemplo de Cabral.
O colunista da Folha de S. Paulo lembrou que Pezão “também foi jogado às feras pela Polícia Federal, que pediu ao STJ para investigá-lo por suspeita de corrupção”. O governador contestou. “É a segunda vez. Teve primeira leva da Lava Jato, em 2014. Reviraram minha vida toda, e a PF pediu arquivamento duas vezes”.
O governador tenta, de todas as formas, demonstrar preocupação e tristeza com a situação do amigo e tranqüilidade quanto à dele próprio. No entanto, há fatos que o colocam em contradição. Um deles é a cassação recente, pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE), sob acusação de que ele teria beneficiado empresas que financiaram sua campanha. Outra: a Polícia Federal “encontra documentos que apontam repasse de propina” para o governador.
Governador é duas vezes citado em lista encontrada pela PF
É fato recente. A Polícia Federal encaminhou para o juiz Marcelo Brêtas, da 7ª Vara Federal Criminal do Rio, quinta-feira (9), anotações que apontam repasse de propina para o governador Luiz Fernando Pezão (PMDB). O nome do governador aparece duas vezes numa lista encontrada no apartamento de Luiz Carlos Bezerra, apontado como um dos operadores do ex-governador Sérgio Cabral.
Segundo os investigadores, os repasses para Pezão seriam de R$ 140 mil e de R$ 50 mil. De acordo com o relatório da PF "verificaram-se alguns escritos que podem servir de elementos probatórios que vinculam o governador atual do Estado do Rio de Janeiro, Luiz Fernando de Souza no possível esquema de recebimento de propina de um dos operadores financeiros do ex-governador Sérgio Cabral, também preso na operação Calicute".
Como ele tem foro privilegiado, por ser governador, o delegado Antônio Carlos Beaubrun Júnior pediu que a documentação fosse encaminhada ao Superior Tribunal de Justiça (STJ). O documento será analisado pelo Ministério Público Federal (MPF), que dará o parecer sobre o caso. Em nota, o governador informou que "continua à disposição da Justiça para prestar todos os esclarecimentos”.
Natural que Pezão esteja triste, chateado com o envolvimento de Cabral em tanta coisa errada e que não via este lado do amigo. Porém, difícil é acreditar que ele não desconfiava de nada. “Eu via o lado dele de fazer as coisas. O Sérgio foi um gestor que implementou políticas públicas que serviram de modelo para o Brasil inteiro, como as UPPs e as UPAs. Sempre foi um grande agregador, e eu procuro guardar essa imagem dele”.
“Eu sofro muito porque ele é um grande amigo. Tenho sentido muito por ver ele e a Adriana Ancelmo lá [na prisão] e os filhos aqui fora", lamentou Pezão, que embora convivendo com Sérgio Cabral há mais de 10 anos, tendo sido seu vice e sucessor no comando do Estado do Rio, disse que não tinha conhecimento do grande esquema de corrupção comandado pelo ex-governador durante todo esse tempo.
“O senhor se sente em condição de tocar o mandato até o fim?”, quis saber Bernardo Mello Franco, na penúltima indagação a Pezão. Não houve convicção na resposta.
“Acho que sim. Estou muito animado, nada me abate. Estamos tomando rumo neste momento difícil. Falo quase todo dia com o ministro Henrique Meirelles e com o presidente Michel Temer. Estou olhando pra frente”.
Show Francisco
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