Foram rastreados R$ 260 milhões em propina movimentados pela cúpula do transporte do estado.
Polícia Federal cumpre mandados em prédio na Lagoa, Rio (Foto: Cristina Boeckel/G1)
A Polícia Federal realiza na manhã desta segunda-feira (3) mais uma etapa da operação Lava Jato no Rio de Janeiro. Desta vez, o foco da ação é a cúpula do transporte rodoviário do estado. Os agentes estão nas ruas para cumprir oito mandados de prisão, dos nove que foram expedidos.
Na noite de domingo (2), a força-tarefa da Lava Jato antecipou parte da operação e cumpriu o outro mandado de prisão, contra Jacob Barata Filho. Um dos maiores empresários do ramo de ônibus do Rio foi preso no Aeroporto Internacional Tom Jobim, ao tentar embarcar para Lisboa, Portugal. O empresário já estava na área de embarque quando foi detido.
De acordo com as investigações, foram rastreados R$ 260 milhões em propina pagos pelos investigados a políticos do estado. Agentes também fazem buscas nas cidades de São Gonçalo e Paraíba do Sul, no estado do Rio de Janeiro, e nos estados do Paraná e Santa Catarina.
Prisão em Florianópolis
Rogério Onofre, ex-presidente do Departamento de Transportes Rodoviários do Rio (Detro), foi preso em Florianópolis, segundo informações da TV Globo. Agentes da PF também cumprem mandados de busca e apreensão na capital de Santa Catarina e no Leblon, na Zona Sul do Rio, em imóveis ligados a Onofre.
Segundo investigações, pelas mãos de Onofre passaram pelo menos R$ 40 milhões em propina. Ele é advogado, ex-prefeito de Paraíba do Sul – com dois mandatos – e foi indicado em 2007 pelo então governador Sérgio Cabral, também preso na Lava Jato, para a presidência do Detro, órgão que fiscaliza o transporte intermunicipal no Rio. Em um perfil no Facebook sobre sua gestão, Onofre diz que recebeu autonomia total para combater o crime.
Presidente da Fetranspor
Por volta das 6h30, agentes da PF estavam no apartamento de Lélis Marcos Teixeira, presidente da Federação das Empresas de Transportes de Passageiros do Estado do Rio de Janeiro (Fetranspor), na Lagoa, Zona Sul do Rio. Lélis já havia sido levado em condição coercitiva em outra operação da Lava Jato e desta vez tem um mandado de prisão contra ele.
Policiais federais também foram a um condomínio na orla da Barra da Tijuca, na Zona Oestepara cumprir mandado de prisão contra José Carlos Lavoura, integrante do conselho da Fetranspor. Os investigadores, no entanto, receberam a informação de que ele está em Portugal. A Polícia Federal vai acionar a Interpol para encotrar Lavoura.
Outro alvo da operação é Marcelo Traça Gonçalves, presidente do Sindicato de Empresas de Transporte Rodoviário do Rio de Janeiro. Mais quatro pessoas que tiveram a prisão decretada ainda não tiveram a identidade revelada.
A operação desta segunda-feira foi baseada nas delações premiadas do ex-presidente do Tribunal de Contas do Estado Jonas Lopes e do doleiro Álvaro Novis.
Empresário preso no Galeão
O empresário Jacob Barata Filho foi preso no aeroporto Tom Jobim, por volta das 23h30, tentava embarcar para Lisboa. De lá, os agentes o encaminharam para o Instituto Médico Legal (IML), no Centro do Rio. O comboio da PF chegou ao IML às 23h50 e deixou o local cinco minutos depois, seguindo direto para a sede da Polícia Federal.
Jacob Barata Filho é um dos maiores empresários do ramo de ônibus do Rio de Janeiro e foi preso pela força tarefa da Lava Jato, por volta das 21h, na área de embarque. O mandado de prisão foi expedido pelo juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal, com base em investigações do Ministério Público federal e da Polícia Federal que encontraram indícios que o empresário pagou milhões em propina para políticos do Rio.
A Polícia Federal estava monitorando o empresário e antecipou a prisão, que aconteceria nos próximos dias, quando foi informada que Jacob embarcaria para Portugal com passagem só de ida.
Filho do 'Rei dos Ônibus'
O pai do preso na noite deste domingo, Jacob Barata, atua no ramo dos transportes via ônibus no Rio de Janeiro há várias décadas. Ele é conhecido como "Rei do ônibus" e é fundador do grupo Guanabara, do qual Jacob Barata Filho também é um dos gestores. Várias empresas do conglomerado atuam no transporte de passageiros no Rio. Os negócios da família também já se estenderam para outras cidades, estados e meios de transporte.
Em nota, a defesa do empresário alegou que ele estava realizando viagem de rotina a Portugal, onde possui negócios há décadas e para onde faz viagens mensais. A defesa do empresário disse que irá se pronunciar sobre o processo assim que tiver acesso aos autos.
G1
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