segunda-feira, 20 de novembro de 2017

Novembro Azul: um toque para os homens

Campanha nacional faz alerta ao câncer de próstata, que atinge 61 milhões de homens no Brasil a cada ano
SAÚDE POR LETÍCIA NUNES

O câncer de próstata é o segundo mais incidente em homens no Brasil, ficando atrás somente do câncer de pele não-melanoma. São mais de 61 milhões de casos diagnosticados por ano no país, segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca). De acordo com a American Cancer Society, a estimativa é que um em cada sete homens tenha a doença ao longo da vida no planeta. Por isso, a campanha Novembro Azul é dedicada à conscientização da detecção precoce da doença.

O oncologista Gustavo Drumond explica que, ao contrário das mulheres, os homens não têm o costume de ir ao médico com frequência, vão apenas quando estão doentes. O Novembro Azul ocorre justamente com essa proposta de fazer com que o público masculino tenha mais qualidade vida.

“Ainda existe um tabu e também muita resistência, mas é preciso continuar batendo nessa tecla de que o homem precisa se cuidar e aderir à campanha, pois quanto mais se fala do problema existe a tendência de a pessoa buscar auxílio. O Novembro Azul serve para informar e esclarecer dúvidas à sociedade sobre o câncer de próstata. Como essa iniciativa já se tornou tradicional no calendário, assim como o câncer de mama, e o acesso à saúde também melhorou com o passar dos anos, é possível notar que esse panorama tem mudado”, ressalta.

A próstata é uma glândula existente somente no corpo do homem, localizada na parte baixa do abdômen. Trata-se de um órgão muito pequeno, logo abaixo da bexiga e à frente do reto, responsável por produzir parte do sêmen, líquido que contém os espermatozoides, liberados durante o ato sexual. O câncer de próstata mata quase 14 mil pessoas no Brasil. Segundo o urologista José Nogueira, a doença é assintomática, fazendo com que na maioria das vezes o paciente não perceba e demore a procurar um médico.

“O câncer de próstata seria uma alteração nas células do órgão que elas se multiplicam de maneira desordenada, como todo câncer, podendo comprometer, inclusive, outros órgãos. O homem é acometido de maneira que ele não percebe essas alterações, por isso a importância do rastreamento da doença”, comenta.

Ao contrário dos outros tipos de doença, não existe uma fórmula para se prevenir do câncer de próstata. O urologista revela que as visitas regulares ao médico e a adoção de hábitos saudáveis proporcionam uma qualidade de vida melhor ao homem.

“O que a gente advoga é que o diagnóstico precoce da doença possibilita várias oportunidades de tratamento diferentes, com menos sofrimento ao paciente. Ter uma dieta equilibrada e praticar exercícios físicos, talvez vá resultar em benefícios para o homem no geral. A recomendação feita pela a Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) é que homens a partir dos 45 anos com histórico na família e pacientes negros devem procurar atendimento médico, pois segundo estudos, o câncer de próstata é mais agressivo nessa população e talvez se manifeste de maneira mais precoce. Caso o homem não se encaixe nesses dois grupos, o recomendado é que aos 50 anos ele passe pelo menos uma vez por ano no urologista, para fazer o exame de sangue e um exame físico, o toque retal, que pode proporcionar o paciente o diagnóstico na fase inicial da doença, começando então as orientações quanto ao tratamento”, pontua.

Tratamento

De acordo com José Nogueira, a partir do diagnóstico do câncer, pode-se pensar em algumas oportunidades de tratamento. Uma delas é a cirurgia para remoção da próstata e dos órgãos acessórios, as vesículas seminais. A intervenção visa oferecer ao homem a oportunidade de ficar curado. Porém, é preciso lembrar que a cirurgia não é indicada para todos, pois se deve levar em consideração a idade do paciente.

“O câncer de próstata geralmente acomete uma população mais idosa. Às vezes fazer com que esse paciente seja submetido a um tratamento cirúrgico torna-se um risco do ponto de vista da recuperação das suas funções vitais, em relação à atividade sexual, a questão urinária, entre outros fatores. Tentamos selecionar os pacientes que seriam os melhores candidatos ao tratamento cirúrgico explicando as consequências dessa alternativa e informando que é uma forma de se beneficiar com o objetivo da cura. Lembrando que a vantagem da cirurgia na população mais jovem seria resguardar esse paciente, caso no futuro essa doença voltar, ele poderia ter o benefício de um tratamento complementar com a radioterapia. Acredito que essa seja uma forma mais segura, amenizando as sequelas e diminuindo o sofrimento”, completa.

Radioterapia

A segunda opção para o tratamento da doença é a radioterapia, que, com o passar dos anos, foi adquirindo novas técnicas, que reduzem os efeitos colaterais, e representa uma das modalidades curativas do câncer.

“A radioterapia tem um papel central no tratamento do câncer de próstata junto com a cirurgia e é muito importante que pensa em oferecer essa possibilidade ao paciente, fazer uma discussão multidisciplinar com o cirurgião e com o próprio indivíduo, para que todos estejam envolvidos nessa decisão. Nos últimos anos, pode-se observar a introdução de novas técnicas, como radioterapia com intensidade modulada. Com essas alternativas conseguimos fazer uma dose mais alta de radioterapia naquele alvo de tratamento, nesse caso a próstata, diminuindo acentuadamente a dose de radiação nos órgãos que estão em volta, por exemplo, o reto e a bexiga, e isso é feito de maneira computadorizada e tridimensional. Trata-se do maior avanço no sentido de radioterapia para o paciente”, finaliza o radio-oncologista Ronaldo Cavalieri.

Papo de Homem

Em conscientização à campanha Novembro Azul, o oncologista Gustavo Drumond, o urologista José Nogueira e o radio-oncologista Ronaldo Cavalieri, do grupo IMNE, estarão na programação da Terceira Via TV, no programa Papo de Homem. Os médicos irão transmitir informações ao público masculino e também à sociedade sobre o câncer de próstata e o diagnóstico precoce, com o objetivo de alertar a população a respeito dos cuidados com essa doença.

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