terça-feira, 29 de maio de 2018

Longas filas em postos após Exército garantir saída de caminhões para abastecimento

DORA PAULA PAES, BÁRBARA CABRAL E PAULA VIGNERON



Longas filas se formaram para abastecimento

Após acordo, a Polícia Rodoviária Federal (PRF) e o Exército foram chamados, na tarde desta segunda-feira (28), para garantir a saída de caminhões da Cacomanga, na Tapera, para abastecer os postos do município. O Exército permaneceu no km 71 da BR 101, onde estava um grupo de caminhoneiros, e os postos puderam receber os combustíveis. O preço da gasolina estava variando de R$ 5,09 a R$ 5,37 nas bombas. Caminhoneiros de todo o país estão paralisados desde o dia 21, em protesto contra o alto preço do combustível. Os impactos da greve da categoria, que chegou ao oitavo dia nesta segunda, afetam diversos setores. Além de filas registradas em postos de combustível, que chegaram a aproximadamente dois quilômetros, escolas tiveram aulas suspensas, empresas de transporte tiveram que reduzir frotas e faltam produtos em supermercados.

De acordo com o comandante da 2ª Companhia de Infantaria do Exército (antigo 56º BI), capitão Kurlan Luiz Marques Barbosa, as ações de auxílio aos caminhões foram feitas em horários esparsos, conforme a necessidade e avaliação dos agentes.
— Nosso papel aqui hoje é garantir o direito de ir e vir dos caminhoneiros que, por algum motivo, não queiram aderir à greve. Sem nenhuma ação contra os caminhoneiros, até porque o movimento está pacífico e eles têm respeitado esse direito de ir e vir — informou o comandante.
No Centro de Campos, postos próximos à ponte Leonel Brizola começaram a receber combustíveis por volta das 15h30. Outras unidades, localizadas nos cruzamentos das avenidas 28 de Março e Artur Bernardes e, também, da José Alves de Azevedo (Beira-Valão) com 28 de Março, já foram reabastecidas nesta segunda-feira. Na rua dos Goitacazes, em frente ao estádio Ary de Olveira e Souza, e em outros postos no bairro do Turfe, também houve reposição dos produtos. Em determinados pontos, como na avenida XV de Novembro, foram registrados cerca de dois quilômetros de filas de veículos.
Os caminhoneiros em Campos acompanhavam o transporte do combustível sem nenhum tipo de manifestação e voltaram a frisar que isso não acaba com a paralisação, nem a enfraquece, o que preocupa, segundo eles, é a possibilidade de coação por parte de patrões para que seus funcionários furem o movimento. “Vamos continuar onde estamos. Do nosso grupo de 200 caminhões, apenas dois foram embora”, disse Reila da Costa, carreteira há 8 anos, de Goiás, que está fora de casa há três meses. Seu marido, motorista de outra carreta, também endossa.
Na Cacomanga, a equipe da Folha 1 não conseguiu contato com responsáveis para saber a quantidade de combustível disponível para o reabastecimento e a previsão de vinda das refinarias para a distribuição na cidade.
Petroleiros vão parar nesta quarta em apoio
O portal do Sindicato dos Petroleiros do Norte Fluminense (SindipetroNF) publicou comunicado da Federação Única dos Petroleiros (FUP) e seus sindicatos filiados, convocando a categoria para uma greve nacional de advertência de 72 horas. Os trabalhadores do Sistema Petrobras iniciarão o movimento a partir do primeiro minuto de quarta-feira, 30 de maio, para baixar os preços do gás de cozinha e dos combustíveis, entre outras propostas.
Conforme nota, “a atual política de reajuste dos derivados de petróleo, que fez os preços dos combustíveis dispararem, é reflexo direto do maior desmonte da história da Petrobrás”. Eles alegam que o presidente da Petrobras, Pedro Parente, e o presidente da República, Michel Temer, intensificaram a crise ao convocar as força armadas para ocupar as refinarias. Eles pedem, ainda, o fim das importações de derivados de petróleo, não às privatizações e ao desmonte da Petrobras e a demissão de Pedro Parente da presidência da empresa.
Reflexo — Segundo o Sindipetro-NF, já estaria faltando alimentos em plataformas da Bacia de Campos, obrigando o desembarque.
Aeroportos da região — Nos aeroportos da região, as informações são de que houve fornecimento de querosene de aviação e os voos foram mantidos nesta segunda-feira.
“Bolsa Diesel” para solucionar problema
Após o “Bolsa Diesel”, o presidente Michel Temer espera que paralisação chegue ao fim nesta terça-feira. O governo reforça que acabou a negociação. O ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República, Sérgio Etchegoyen, disse que a redução do diesel chegará ao bolso da população. Segundo ele, os R$ 0,46 que serão reduzidos no preço do combustível beneficiam não só os caminhoneiros, mas a todos que consomem os produtos transportados por eles.
— O diesel é um combustível que transporta praticamente tudo que consumimos. O resultado do custo da gasolina no preço final das coisas é muitas vezes menor do que o preço do diesel — disse Etchegoyen e acrescentou: “Ocusto de transporte vai resultar numa planilha de custo mais baixa para o prestador de serviço e para os comerciantes”.
A redução do preço do diesel em R$ 0,46 nas bombas será pelo prazo de 60 dias, sendo que depois desse período, o preço será ajustado mensalmente.
Política de preços — Nesta segunda-feira, a Petrobras reduziu, pela quinta vez consecutiva, o preço da gasolina nas refinarias. O combustível teve redução de 2,8% no preço e passará a custar R$ 1,9526 por litro. Desde 16 de maio, a gasolina não custava menos do que R$ 2.
Apesar disso, no mês de maio a gasolina acumula uma alta de 8,6%, já que, em 28 de abril, o litro do combustível tinha o custo de R$ 1,7977.
Tributos — As mudanças na legislação e a alta nos preços fizeram o setor de combustíveis pagar 57,8% a mais de tributos federais nos quatro primeiros meses do ano, em relação ao mesmo período do ano passado. Divulgado pela Receita Federal, o valor está corrigido pela inflação oficial pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).
De janeiro a abril, o setor de combustíveis pagou R$ 22,121 bilhões em tributos federais em valores corrigidos pelo IPCA, contra R$ 14,017 nos mesmos meses do ano passado. De acordo com o chefe do Centro de Estudos Tributários da Receita Federal, Claudemir Malaquias, a alta variação de R$ 8,104 bilhões acima da inflação reflete principalmente as mudanças na legislação do Programa de Integração Social (PIS) e da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins).
Governo é o alvo — Nesta segunda, o presidente da Associação Brasileira dos Caminhoneiros (Abcam), José da Fonseca Lopes, afirmou que depois de terem as reivindicações atendidas pelo governo, os caminhoneiros querem voltar ao trabalho, mas estão sendo impedidos por “infiltrados”, os chamados de “intervencionistas” que, segundo ele, “querem derrubar o governo”.
Locaute — A Polícia Federal, em sigilo, começou a interrogar empresários que supostamente estariam ajudando na paralisação. O número de inquéritos para investigar a greve já chega a 48. As investigações ocorrem em 25 estados. No locaute, os empresários agem em razão dos próprios interesses e não das reivindicações dos trabalhadores. Vinte pessoas físicas e associações estão sendo investigadas, segundo informou O Globo.

Greve na BR 101 — A Autopista Fluminense, concessionária que administra a BR 101, divulgou, na tarde desta segunda, um panorama da greve na rodovia. De acordo com a assessoria, no km 75 (Campos dos Goytacazes), no distrito de Ururaí) não houve mais restrições, mas manifestantes orientaram os caminhões para a RJ 238, Estrada dos Ceramistas, onde permanecem estacionados desde o último sábado (26).
Em outra região da BR 101, entre o km 294 e o km 297 (Itaboraí), os caminhoneiros permanecem estacionados nos acostamentos e via marginal. Ainda nesta região, populares realizaram uma passeata no km 297 da pista, no sentido Niterói, onde o tráfego fluiu por uma faixa de rolamento.

Vejam fotos em São Francisco de Itabapoana.

 

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