quinta-feira, 5 de dezembro de 2019

Mais de 10 pessoas morrem em 3 dias no HFM e familiares de pacientes denunciam precariedade

Prefeitura diz que mortes são proporcionais ao número de atendimentos e nega circulação de 'bactéria resistente' na unidade


Hospital Ferreira Machado (Foto: Silvana Rust/Arquivo)

Somente nos últimos três dias — domingo (1º), segunda (2) e terça-feira (3) — mais de 10 pessoas morreram no Hospital Ferreira Machado, o maior do interior do Estado do Rio de Janeiro. A informação foi passada pelo diretor do Sindicato dos Servidores Municipais de Campos que também trabalha como auxiliar administrativo da unidade, Bira Santiago, em reportagem da InterTV. Segundo ele, teriam sido 14 óbitos e, em 15 anos atuando ali, ele “nunca viu tanta morte em tão pouco tempo”, mortes essas que seriam, ainda de acordo com o diretor, motivadas pelo “descaso do gestor público com a saúde do município”. No entanto, segundo nota encaminhada pela Prefeitura de Campos à imprensa, foram, na realidade, 11 mortos, “quantidade proporcional ao número de pacientes atendidos no Ferreira Machado diariamente”. Além da precariedade estrutural e de atendimento denunciada pelos familiares dos pacientes, eles ainda temem uma suposta “bactéria resistente” que estaria circulando no hospital, mas Prefeitura nega tal boato.

Ainda por meio de nota, a Prefeitura de Campos esclareceu que, no dia 1/12 (domingo), duas pessoas morreram; no dia 2/12 (segunda), foram três pacientes mortos; e seis no dia 3/12 (terça-feira) — sendo a maior parte dessas mortes decorrente de causas agravadas de Acidente Vascular Cerebral (AVC) e uma por atropelamento, mas “de maneira nenhuma ocasionadas pela qualidade do atendimento”. Ainda de acordo com o diretor do Hospital, Dr. Elbo Batista, esse número de óbitos “está dentro da taxa de normalidade prevista”. O diretor também esclareceu que “não existe nenhuma bactéria resistente na unidade e nenhum caso de contaminação como foi falsamente divulgado”.

A InterTV, em reportagem que foi ao ar nesta quarta-feira (4), mostrou relatos de familiares de pacientes que sofrem com a precariedade do Hospital Ferreira Machado. Segundo eles, os leitos de UTI estão lotados, assim como os corredores da unidade hospitalar. As paredes do hospital também estariam mofadas e faltam insumos essenciais para o atendimento. A reportagem mostrou ainda uma fotografia feita por Fábio Souza, filho de um paciente do HFM, que mostra um gato embaixo de uma maca do hospital. Sobre isso, a Superintendência do Hospital Ferreira Machado informou que “há algumas semanas gatos foram retirados da parte externa da unidade, ressaltando que nunca houve problemas nos locais onde há pacientes” e que “um contato foi feito com o CCZ para que ajudasse nesse caso”.

O diretor do Siprosep, Bira Santiago, declarou ainda que a falta do repasse aos quatro hospitais contratualizados do município também estaria contribuindo para a dificuldade na prestação dos atendimentos no HFM. Isso porque aqueles pacientes que seriam atendidos nesses hospitais recorrem somente ao Ferreira, uma vez que o Hospital Geral de Guarus (HGG) também está em obras. “O HFM está sobrecarregado. Não temos onde colocar os pacientes”, declarou o diretor. Em nota, a Superintendência do Ferreira pontuou apenas que “os leitos de UTI do HFM estão recebendo normalmente os pacientes, de acordo com as necessidades”.
Fonte:Terceira Via

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