segunda-feira, 16 de novembro de 2020

Wladimir Garotinho sub judice x Caio Vianna

TSE ainda vai definir se a chapa mais votada será deferida ou se Dr. Bruno Calil participará do segundo turno


A eleição para prefeito de Campos terá segundo turno entre Wladimir Garotinho (PSD) e Caio Vianna (PDT). Os dois candidatos foram os mais bem posicionados neste domingo (15), em um primeiro turno marcado por abstenção expressiva, grande número de votos brancos e nulos e judicialização da disputa — cujo destino depende, agora, de uma decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Wladimir Garotinho tem 106.526 votos (42,94%) e Caio Vianna, 68.732 votos (27,71%). Ao todo, 6.839 (4,2%) eleitores votaram em branco e 15.821 (9,72%), nulo. A abstenção foi de 89.738 votantes (35,53%)%. Somados, os votos inválidos representam 49,45% do universo de pouco mais de 360 mil eleitores.

Caso não haja mudança, o segundo turno, que acontece no próximo dia 29, reedita a velha rivalidade entre dois dos mais tradicionais grupos políticos de Campos: o comandado pelo ex-governador Anthony Garotinho e o do ex-prefeito Arnaldo Vianna.

Os grupos começaram como um só, com a candidatura de Garotinho à Prefeitura de Campos em 1996, quando teve Arnaldo Vianna como vice. Após a campanha bem sucedida de Garotinho ao Governo do Estado, em 1998, Arnaldo assumiu a Prefeitura e cumpriu o restante do mandato. Dois anos depois, foi eleito para mais quatro anos.

Os então aliados entraram em rota de colisão em 2002, quando Garotinho elegeu Rosinha governadora do Estado, mas perdeu a eleição para a presidência da República. Naquele ano, Garotinho anunciou o rompimento com Arnaldo, em reunião política em Campos.
Em 2008, os grupos se enfrentaram nas urnas pela primeira vez como opositores. Rosinha Garotinho e Arnaldo Vianna foram ao segundo turno, mas Arnaldo teve os votos anulados e Rosinha acabou sendo eleita.

Conheça Wladimir…

Filho dos ex-governadores do Estado do Rio de Janeiro e ex-prefeitos de Campos Anthony e Rosinha Garotinho, o deputado federal Wladimir Garotinho (PSD) tem 35 anos, é casado e pai de dois filhos. Formado em Publicidade e Propaganda, foi criado na Lapa e permanece residindo na cidade, apesar das funções parlamentares em Brasília.

Foi o último candidato a prefeito a confirmar seu nome nas eleições deste ano. Participa do pleito com a expectativa de repetir o desempenho obtido em sua primeira candidatura a um cargo eletivo, em 2018, quando foi o candidato à Câmara dos Deputados mais votado em Campos. Ele recebeu, na cidade, 30.795 dos seus 39.398 votos.

Tem como vice Frederico Paes (MDB). O empresário enfrenta na Justiça Eleitoral um pedido de impugnação de sua candidatura, que pode resultar no indeferimento de toda a chapa. A ação foi movida pela coligação do Dr. Bruno Calil, que obteve unanimidade pela impugnação no Tribunal Regional Eleitoral do Rio de Janeiro (TRE-RJ).

… e Caio


Caio Vianna (PDT) tem 31 anos, é filho do ex-prefeito Arnaldo Vianna e da ex-primeira dama Ilsan Vianna, nascido e criado em Campos. Formado em Gestão Pública, ele preside o diretório municipal do Partido Democrático Trabalhista e é empresário da área de tecnologia e informação. Sua companheira de chapa é a dentista e sargento do Corpo de Bombeiros Militar Gilmara Gomes (PSL).

Esta é a segunda vez que Caio Vianna se candidata a prefeito de Campos. A primeira tentativa foi em 2016, quando ficou em terceiro lugar, recebendo 31.360 votos. Impulsionado pela votação expressiva, tentou, em candidatura a deputado federal. Teve a preferência de 21.017 eleitores e ocupou a suplência do PDT em Brasília.

Sem uma história política para chamar de sua, Caio Vianna chega ao segundo turno prometendo levar Campos de volta ao tempo em que a cidade era administrada por Arnaldo, mas, caso vença a eleição, deve encontrar uma Prefeitura em situação fiscal bastante distinta da época de seu pai, que contou com mais de R$ 1,5 bilhão em recursos de royalties e participações especiais do petróleo em seis anos.

Chapa Garotinho/Paes sub judice

Wladimir Garotinho e seu vice, Frederico Paes (MDB) tiveram os votos contabilizados, mas divulgados como “anulados sob judice”. Paes é alvo de um pedido de impugnação movido pelo candidato derrotado Dr. Bruno Calil (SD), que alegou que o empresário não se desincompatibilizou da da direção do Hospital dos Plantadores de Cana dentro do prazo. Como o prazo para substituir o vice está encerrado, o resultado da ação pode atingir toda a chapa.

Apesar vitória de Paes em primeira instância, o Tribunal Regional Eleitoral do Rio de Janeiro (TRE-RJ) confirmou, na última quinta-feira, por 6 a 0, o indeferimento do registro do empresário. Um recurso foi impetrado no TSE, em Brasília.

Caso Paes não consiga reverter a situação dentro do período do segundo turno, o eleitor campista pode ser surpreendido com mudança de posições dos dois primeiros colocados no primeiro turno, quando o terceiro colocado, Dr. Bruno Calil (SD), que teve 32.673 votos (13,17%), seria convocado para a disputa.

Outro cenário, mais drástico ainda, seria a convocação imediata de outra eleição para o município de Campos caso Wladimir Garotinho vença as eleições no segundo turno mas perca no TSE.

Eleição tranquila


A votação neste domingo transcorreu de forma “tranquila”, segundo o juiz Ralph Manhães, da 75ª Zona Eleitoral de Campos. Embora parte dos eleitores tenha relatado alguma dificuldade, muitos dos locais de votação permaneceram pouco movimentados, especialmente na parte da tarde.
Ao longo do dia, duas pessoas foram conduzidas à delegacia da Polícia Federal (PF) em Campos, uma delas por desobediência a uma ordem judicial e outra, um candidato a vereador, por prática de boca de urna.

O candidato a vereador foi flagrado em prática do crime eleitoral no distrito de Morro do Coco. Ele foi conduzido à delegacia da PF, onde foi lavrado um termo circunstanciado, e liberado após se comprometer a comparecer perante o juízo quando intimado.
Fonte Terceira Via

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