quarta-feira, 3 de fevereiro de 2021

Petrobras: estaleiro de Campos/Quissamã pode ter 'naufragado'

Estatal encomenda estaleiros na Ásia e cria empregos fora do país

Foto: reprodução/Campos 24 Horas/arquivo.

A possibilidade da retomada das obras do estaleiro naval de Barra do Furado, no Canal das Flechas, entre Campos e Quissamã, é cada vez mais remota, assim como a indústria naval brasileira que continua em grave crise por conta da política atual direção da Petrobras, que já definiu que as duas plataformas do Campo de Búzios, a P-78 e P-79, realmente vão criar os empregos no exterior. E bem longe do Brasil. O destino dos FPSOs será a Coreia do Sul e Singapura. Vale lembrar que a inauguração do Complexo Logístico Farol-Barra do Furado deveria ter ocorrido em 2016, mas as obras iniciadas em 2012 foram paralisadas em 2014, devido a crise econômica e os escândalos de corrupção envolvendo políticos e gigantes do ramo de petróleo. 

Três empresas dos países asiáticos entregaram à Petrobras na última segunda-feira (01) propostas comerciais para a licitação da construção das plataformas que vão operar no campo de Búzios, no pré-sal, a grande aposta da companhia para aumento da produção nos próximos anos. 

As propostas foram entregues pelas pré-qualificadas entre 10 licitantes: Keppel, de Singapura, e Samsung e Daewoo, ambas da Coréia do Sul. 

Em recente entrevista por videoconferência, Carlos Alberto de Oliveira, diretor de E&P da Petrobras já deixou claro que a estatal seguirá o que está na lei. Ou seja, a obrigatoriedade de cumprir pelo menos 25% de conteúdo local nacional, que geralmente são apenas montagens de módulos, topsides, cascos e outros pequenos serviços modulares, que caberá a alguns estaleiros de Angra dos Reis e São José do Norte (RS). A maior parte, cerca de 75%, ficará no exterior, com estaleiros asiáticos. 

Oliveira disse nesta mesma entrevista que a Petrobras deve trabalhar em cima de três vertentes fundamentais: preço, qualidade e segurança. O início da operação das plataformas está previsto para 2025, com capacidade para processar diariamente 180 mil barris de óleo e 7,2 milhões de m3 de gás, cada uma. 

Antes da lei de flexibilização da indústria do petróleo e gás essas plataformas seriam construídas no Rio de Janeiro podendo gerar cerca de 8 mil empregos diretos e 80 mil empregos indiretos.

"Tive uma conversa com o presidente da Petrobras [Roberto Castello Branco]. Ele foi claro: 'Vou comprar onde tiver de comprar com preço mais baixo"', declarou Sérgio Bacci, vice-presidente do Sindicato da Indústria Naval. 

Bacci lamentou a opção da política atual da Petrobras no momento em que o Rio de Janeiro somente em 2020 teve 127 mil postos de trabalhos fechados. O Rio possui estaleiros na capital, em Niterói e em Angra dos Reis.

Nos últimos cinco anos, dos 42 estaleiros no país, 20 fecharam e apenas 15 estão em operação. Os postos de trabalho diminuíram 82%, saindo de 84 mil empregos diretos para 15 mil.

A construção naval brasileira é referência em qualidade técnica e segurança na execução de obras em navios plataformas do tipo FPSO e outras unidades destinadas ao segmento offshore / marítimo. A principal barreira que este setor enfrenta no momento recai sobre custos de produção.

Em artigo na página do Sinaval, o presidente Ariovaldo Rocha disse que “construir em estaleiros da China, Cingapura, Coreia do Sul e outros países asiáticos é barato, pois não há quase nada de direitos trabalhistas. A moeda brasileira está muito desvalorizada, o petróleo é uma commoditie, então quase tudo que é negociado neste mercado são em dólares comerciais (USD). Temos a questão da regulação tributária brasileira, sendo este um dos grandes impeditivos para obras e projetos de grande porte sejam executados aqui com mais vigor”.
Fonte Campos 24 horas

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