A alegação da Polícia Federal é o alto poder financeiro do acusado para corromper
Glaidson Acácio dos Santos, preso na Operação Kryptos, em agosto. (Foto: Reprodução/TV Globo)
A Polícia Federal (PF) pediu à Justiça Federal a transferência do dono da GAS Consultoria, Glaidson Acácio dos Santos, para uma penitenciária federal fora do estado. A decisão está nas mãos do juiz federal Vitor Barbosa Valpuesta, da 3ª Vara Federal Criminal. O artigo 3º da Lei 11.671/2008, conhecida como “lei de presídios federais”, diz que: “serão incluídos em estabelecimentos penais federais de segurança máxima aqueles para quem a medida se justifique no interesse da segurança pública ou do próprio preso, condenado ou provisório”. Para a PF, o poderio financeiro do ex-garçom, suspeito de corromper policiais penais a fim de obter regalias na cadeia, seria um dos argumentos para mantê-lo numa unidade federal.
Glaidson, conhecido como ‘Faraó dos Bitcoins’ está no sistema penitenciário do Rio desde 25 de agosto, quando foi preso sob a acusação de ter montado um esquema milionário fraudulento de pirâmide financeira. Os delegados federais Guilhermo de Paula Machado Catramby e Carlos Eduardo de Resende Chambelini indiciaram o ex-garçom e mais 21 pessoas por crime contra o sistema financeiro nacional e formação de quadrilha. A gota d’água para o pedido de transferência de Glaidson foi o resultado da última vistoria na cela dele e do cúmplice, Tunay Pereira Lima, na última terça-feira, onde foram encontrados quatro celulares, picanha e linguiça.
Em um mês, período em que o ex-garçom está preso, a Corregedoria da Secretaria de Administração Penitenciária (Seap) já fez três vistorias nas celas e galerias da Cadeia Pública Joaquim Ferreira de Souza, no Complexo de Gericinó, onde Glaidson se encontrava acautelado. Com a apreensão do material na terceira busca dentro da unidade, o secretário de Administração Penitenciária, Fernando Veloso, determinou a transferência dele para o presídio de segurança máxima Laércio da Costa Pellegrino, Bangu 1, também em Gericinó, no último dia 28, junto com Tunay.
” Foram três ações da corregedoria no Joaquim Ferreira de Souza, na cela e na galeria do Glaidson. Em todas elas, os agentes encontraram algum material irregular. Não há dúvidas sobre o poder financeiro dele. Foi para manter a segurança do sistema prisional que o mandamos para Bangu 1. Não se trata de um castigo. A sua capacidade financeira o torna um preso que precisa de isolamento. Ele não pode transformar a prisão num bordel”, disse Veloso indignado.
Segundo o secretário, não havia tempo para aguardar as conclusões das sindicâncias instauradas pela corregedoria contra Glaidson e servidores públicos que, supostamente, facilitaram a entrada de celulares e carnes “in natura” na cadeia em troca de vantagens financeiras. O diretor, o subdiretor e o chefe da segurança da unidade já foram exonerados dos cargos. Veloso disse ao GLOBO que o principal objetivo é investigar os crimes de corrupção passiva e ativa dentro da cadeia. Outra denúncia que está sendo apurada pelo setor é a entrada irregular de visitantes para conversar com o dono da GAS Consultoria, cinco dias depois dele ser preso. Há informações de que agentes penitenciários teriam exigido R$ 50 mil para a entrada de cada celular. Já o acesso ao preso teria custado R$ 10 mil, por pessoa.
“É inadmíssível a entrada de objetos e de visitantes de maneira irregular na cadeia. O delegado da Polícia Federal responsável pelo caso do Glaidson nos consultou sobre a transferência do detento para um presídio federal e já demos parecer favorável”, afirmou Veloso, que também é delegado da Polícia Civil.
Nesta quinta-feira, o G1 publicou que Glaidson, mesmo estando no período de quarentena, recebeu quatro pessoas no presídio, entre eles dois funcionários públicos e duas pessoas com quem o ex-garçom mantém negócios na GAS. Um dos servidores seria Luciano de Lima Fagundes Pinheiro, condenado a dois anos e meio de prisão por ligação com o tráfico de drogas e porte ilegal de arma. No livro de visitas da unidade prisional onde o ex-garçom estava preso, Luciano se apresentou apenas pelo prenome e deu um número de matrícula já desativado.
Luciano já trabalhou na Seap, sendo lotado no gabinete do subsecretário geral, Gilberto Mainoth, no período entre janeiro e maio deste ano. Atualmente, mesmo tendo sido condenado, ele está cedido para a Secretaria Estadual de Saúde, recebendo um salário de R$ 5 mil por mês. Luciano, de acordo com a reportagem, nega conhecer Glaidson.
Fonte: Jornal Extra
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