Vinhaça que sobra da produção do etanol é utilizada para irrigar e fertilizar as lavouras
(Foto: Divulgação)
A irrigação feita com vinhaça, que é um subproduto da produção do etanol, está ajudando produtores rurais de Campos e São Francisco de Itabapoana a enfrentar a seca e até produzir mais. Com cerca de dois meses sem chuva no Norte Fluminense, o apoio chega na hora certa, revitalizando cerca de 1.000 hectares de canaviais.
A iniciativa partiu da Usina Nova Canabrava, como forma de apoiar os seus fornecedores de cana-de-açúcar, ajudando a gerar renda e a manter empregos no campo. Nos meses de maio e junho, segundo dados do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), Campos registrou apenas 21,8 mm de chuva, quando o previsto seria em torno de 180 mm. A previsão é que o índice pluviométrico continue abaixo da média histórica até setembro.
Na Usina Nova Canabrava, a técnica utilizada é a da fertirrigação. Os 7,5 milhões de litros de vinhaça que sobram diariamente do processo de produção de etanol são armazenados em tanques. De lá, eles são bombeados até as lavouras por uma rede de tubos que atinge um raio de até 4,5 quilômetros em torno da empresa.
Nas lavouras, a irrigação é feita através de um equipamento chamado carretel enrolador, que pulveriza a vinhaça diretamente no canavial. Cada hectare é pulverizado com até 500 mil litros do produto. O trabalho é feito 24 horas por dia e traz muitas vantagens aos produtores rurais.
Confiança no aumento da produção
A vinhaça é formada por água, matéria orgânica e minerais – principalmente o potássio. Pulverizada nos canaviais por aspersão, ela eleva o pH do solo, diminuindo sua acidez e aumentando a fertilidade. Ela também fornece macro e micronutrientes, aumenta a capacidade da lavoura de receber adubação e contribui para que a terra não perca umidade – o que é fundamental numa região de solo arenoso.
“Com isso, o produtor reduz em até 70% o custo na adubação e correção do solo – explica João Pedro Oliveira Gonçalves, engenheiro agrônomo da Nova Canabrava, observando que a fertirrigação também contribui para que a lavoura produza mais cana e por mais tempo. “Sem falar que, com a fertirrigação, fornecemos entre 30 e 55 mm de água por hectare, simulando a chuva que está faltando”.
O produtor rural Amarilson Póvoa, um dos beneficiados com a cana irrigada, se diz feliz com o resultado e confiante em aumentar a quantidade de cana colhida. “A falta de chuva está muito grande. Irrigando a lavoura, a produção já aumenta de 55 para até 80 toneladas por hectare”, afirma.
Além de beneficiar os produtores próximos da usina, num período de um ano e meio a Nova Canabrava investiu R$ 22 milhões em pesquisa, adubação e correção de solo nos 2.300 hectares de terra arrendados, onde a produtividade média por hectare já chega a 75 toneladas.
Os resultados podem ser ainda melhores num futuro próximo: a Câmara dos Deputados aprovou o Projeto de Lei 1440/2019, que classifica o clima dos 22 municípios das regiões Norte e Noroeste Fluminense como semiárido. Caso o PL seja aprovado no Senado e sancionado pela Presidência da República, será criado um fundo que poderá beneficiar os produtores com subsídios para a irrigação.
No caso do setor sucroalcooleiro, estima-se que a produtividade poderá chegar a 120 toneladas de cana por hectare. Será um fôlego importante para um setor que gera milhares de empregos diretos e indiretos na região.
Terceira Via/Show Francisco
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