Fotos: Vagner Basilio / Estagiário
A visita mais esperada, Carlinhos de Jesus agradou ao público
Tem gente que já nasce chorando, outros rindo, mas há quem nasce pra viver dançando. Este é o caso do artista Carlinhos de Jesus, que esteve na 7ª Bienal do Livro nesta sexta-feira (30/11) e encheu o Espaço Jovem com curiosos e adeptos à arte da dança. O evento acontece no Centro de Eventos Populares Osório Peixoto (Cepop), das 10h às 22h.
Com o tema “Dançar a Vida”, Carlinhos, que difundiu o estilo dança
de salão, esteve ao lado de Clélia Serrano, figura marcante para Campos,
já que trouxe o balé clássico ao município. A mediação ficou por conta
da cubana e dançarina Sahyly Presmanes.
Com quatro anos de idade um menino do subúrbio, de família de classe média baixa queria ser médico, mas já dançava e se destacava nos bailes e festas do bairro, essa era a diversão da garotada. Com 60 anos, ele ressalta a responsabilidade da profissão.
“Com 10 anos pedi meu pai para fazer dança, e imagina como foi, eu na condição de filho único. Só tive a consciência da dança profissional na fase adulta e já casado. Tive outras formações como a pedagogia, mas em tudo em minha vida a música se fez presente e adaptei atividades pedagógicas à ludicidade da dança. A dança é uma entrega e se você não faz por amor, não enxerga o seu poder cultural, certamente você não faz outra coisa. Não é a profissão que torna o profissional sério, mas o indivíduo, que deve ter disciplina e humildade, dois fatores que também te levam a ser alguém na vida”, contou relembrando de sua participação no quadro “Dança dos Artistas” do programa Domingão do Faustão: “Por que tenho que dar 10 pra todos, só porque é uma atriz global bonitinha?”, completa.
Carlinhos também conta como começou a dançar com a companheira de dança Ana Botafogo da troca de experiência que levou irreverência à dança. “Sempre quis elevar a dança a níveis cada vez mais altos com a dança de salão usei o meu estilo para enaltecê-lo. Então achava que o balé poderia receber a dança de salão. Sempre muito fã da bailarina Ana Botafogo a convidei para assistir espetáculos de minha companhia. Levei 15 dias para procurar uma música pra dançar com ela, até que um dia em casa um CD caiu no chão e o encarte do disco se abriu evidenciando a faixa nº8. Era o som de Chico Buarque cantando Cartola “Divina Dama” e a dança só podia ser com ela. Ela também me levou para o clássico através da canção Garota de Ipanema”, completou.
A cubana Sahyly Presmanes, e mediadora do bate-papo, explica que a dança é uma das artes que compõe as três artes cênicas e aparece ao lado da música e do teatro. Segundo a dançarina, Cuba, diferentemente do Brasil, incentiva a dança popular no ensino escolar. Carlinhos concorda e completa dizendo que já esteve no país quatro vezes e ficou impressionado com o ensino cultural e esportivo desenvolvido.
O amor à dança é o que motiva a carioca Clélia Serrano, que pelo sonho de formar bailarinos chegou a Campos e fundou a primeira escola de dança do município, mostrando que veio pra ficar. “Quando vim pra Campos, confesso que foi um choque, já que culturalmente não me acrescentava em nada. O jeito era formar a minha própria academia. O ingresso na dança devo a minha mãe, que com cinco anos, contra minha vontade, me colocou numa escola de dança”, contou.
Sabe aquele momento em que o artista consegue arrancar a lágrima do público? Pois é, Carlinhos de Jesus conseguiu. “Numa ordem inversa da vida, perdi meu filho e como subir ao palco e continuar dançando e sorrindo? O profissional também precisa saber lidar com isso. Rir e alegrar aos outros, mesmo quando o coração sente vontade de chorar”, finalizou.
PRESENÇA ESPERADA NO PENÚLTIMO DIA DE BIENALA autônoma Cláudia Renata Domingos, de 37 anos, levou seu filho, que com apenas seis anos de idade, já mostra amor à arte.
“Gostamos de ver o Carlinhos dançando, do seu jeito sorridente. Acompanho suas apresentações no Carnaval do Rio de Janeiro e programas de televisão e já tive a oportunidade de participar de ensaios na Mangueira. Meu filho era louco para conhecê-lo, na última Bienal teve a oportunidade, mas perdeu porque adoeceu. Desde cedo está indócil. Acredito que os pais precisam ter a responsabilidade de injetar na criança o desejo pela cultura através da dança, do teatro e da música e acima de tudo selecionar o que elas devem ouvir, já que algumas letras e danças de atualmente tendem a induzir coisas ruins”, disse.
O estudante de jornalismo Lucas Eduardo Alves Cruz, de 20 anos carrega também carrega na veia a aptidão pelo samba. Ele é o atual Rei Momo do Carnaval 2012 e acredita que ninguém melhor do que Carlinhos para falar de dança.
“A Bienal do Livro traz um diferencial para esta 7ª edição. Autores e artistas renomados esbanjam a cultura interligando a música e a literatura. Hoje, traz o Carlinhos de Jesus que pra mim é um grande nome do samba, professor, coreografo e que entende, sabe ser crítico e elogiar. Sabe que o samba não é só música e dança é também cultura, uma identidade do país”, disse ressaltando que já teve o contato com o artista na quadra da Salgueiro, no Rio de Janeiro e também na inauguração do Cepop”, disse.
Virna Alencar (Estagiária)