MATHEUS BERRIEL E JANE RIBEIRO“A Saúde de Campos está muito boa. O que falta é custeio para dar continuidade”. A afirmação é do secretário nacional de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde, Rogério Abdalla, mesmo com todos os problemas enfrentados, entre eles a falta de insumos e medicamentos, considerado o principal pelos médicos do município. Nesta segunda-feira (18), Rogério esteve na cidade e visitou o Hospital Escola Álvaro Alvim, o Hospital dos Plantares de Cana, a Santa Casa de Misericórdia e a Sociedade Portuguesa de Beneficência de Campos, todas unidades de saúde contratualizadas, mas não foi aos hospitais da rede municipal de Saúde — Hospital Ferreira Machado e Hospital Geral de Guarus. Na ocasião, ele esteve acompanhado pelo prefeito Rafael Diniz, simbolizando a parceria do município com o governo federal, intermediada pelo presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, em busca de recursos para a Saúde. Durante o encontro, foi anunciado que, nos próximos meses, o programa Mais Médicos, do ministério da Saúde, disponibilizará sete profissionais para atuarem em Campos.— A estrutura de Campos, eu achei espetacular. É uma estrutura que, hoje, dificilmente você vê no país. É uma realidade fora do Rio de Janeiro, porque o Rio não posso nem comparar com Campos. A saúde de Campos está muito boa. O que falta é custeio para dar continuidade — disse Rogério Abdalla, enfatizando a inoperância de governos campistas anteriores neste sentido.
Prefeitura recebeu comitiva do governo federal / Supcom—
Campos nunca teve uma parceria com o governo federal. Tinha vida própria, porque tinha recursos para isso. A situação mudou, a realidade é outra. Então, o prefeito assumiu e pegou toda essa herança de dívida, com uma situação nova. Está firmando essa parceria, pediu uma ajuda a todos nós, inclusive, insistentemente ao nosso presidente da Câmara, que tem um grande interesse com Campos. A realidade é essa. Vamos levar isso para Brasília e tentar resolver essa situação — completou.
A vinda de Rogério Abdalla a Campos estava agendada desde o dia 21 de novembro, quando Rafael Diniz se reuniu com Rodrigo Maia, no seu gabinete, em Brasília, acompanhado do secretário municipal da Transparência e Controle, Felipe Quintanilha. A primeira boa notícia da parceria com o ministério da Saúde foi a da chegada de dois novos médicos do programa Mais Médicos, em janeiro de 2018. Outros cinco foram prometidos pelo secretário executivo até março. Questionado se havia visitas planejadas a outras unidades de saúde de Campos, Rogério disse: “minha equipe vai vir para cá analisar tudo. Então, a gente vai ver uma realidade mais de perto. O prefeito vai fazer muito mais com menos”.
Na visão de Rafael Diniz, um dos fatores mais importantes a serem melhorados é o atendimento nas Unidades Básicas de Saúde (UBS), muitas delas atualmente sucateadas. Questionado sobre os objetivos da aproximação com o governo federal, o prefeito citou:
— A garantia de que nós teremos condições financeiras de manter a complementação municipal para os hospitais contratualizados, isso já é um grande avanço se assim a gente conseguir. E avançar em programas que o ministério da Saúde oferta, mas que o município nunca teve interesse em abraçar. Especialmente, garantir a qualidade no serviço de atenção básica. O diagnóstico que o doutor Rogério e sua equipe vão fazer é com relação também a todos os serviços de atenção básica, porque, melhorando os atendimentos nas UBS, a gente desafoga os nossos hospitais.
A situação financeira de Campos, que já havia sido citada pela secretária municipal de Saúde, Fabiana Catalani, em entrevista à Folha, também foi comentada por Rafael. “É muito interessante que a gente tenha o questionamento, o desejo do munícipe de melhoria na Saúde de Campos. Mas, comparada a uma realidade de todo o país, Campos não está mal. Obviamente que a gente quer avançar muito mais, mas, comparando a outras realidades, isso é reconhecido, principalmente por a gente ter metade do orçamento. Fico pensando se a gente tivesse aquele orçamento todo que tinha lá atrás. Mas, não”, falou o prefeito.