Wermison Sigmaringa e Igor Souza, que executaram a vítima, foram condenados a 17 anos de prisão; julgamento dos três terminou na madrugada de terça
Chegou ao fim na madrugada desta terça-feira (13) o julgamento de Luana Barreto Sales, apontada como a mandante do assassinato da universitária Ana Paula Ramos, em 2017. Luana foi a júri popular e condenada a 24 anos de prisão em regime fechado. Também foram condenados os executores da morte da jovem, Werminson Carlos Sigmaringa e Igor Magalhães de Souza, a 17 anos de prisão em regime fechado. As defesas dos condenados pretendem recorrer da decisão. Marcelo Henrique Damasceno também envolvido na morte teve o julgamento remarcado. Ana Paula era cunha da de Luana que encomendou o crime ocorrido em uma praça de Guarus. O julgamento terminou por volta de 5h da manhã
O julgamento dos três réus começou por volta das 12h30 de segunda-feira (12), no Fórum Maria Tereza Gusmão, em Campos dos Goytacazes. Foram a júri popular Luana Barreto Sales, Wermison Carlos Sigmaringa Ribeiro, Igor Magalhães de Souza e Marcelo Damasceno Medeiros, todos acusados do assassinato da universitária Ana Paula Ramos. Treze testemunhas foram ouvidas, a maioria de acusação. O julgamento chegou a durar 20 horas. Durante todo o tempo, Luana negou as acusações de ser a mandante do assassinato de Ana Paula Ramos. Ela chegou a declarar que sofreu ameaças e coação na delegacia.
Os pais de Ana Paula Ramos acompanharam o julgamento. “Estou alegre e triste ao mesmo tempo porque eu sei que tudo que for feito vai ser justiça, mas a minha filha não vai voltar mais. Mas eu estou aqui por ela e para ela, porque eu prometi a ela que eu iria até o fim nem que eu estivesse que morrer, porque eu quase morri mesmo. Fiquei em coma por um mês em decorrência de tudo isso, sem solução o médico disse que eu não voltaria mais viva para casa, então, eu falei ‘filha eu vou até o fim’. Hoje eu vou olhar para o céu eu vou dizer que uma página se virou na nossa vida, foi cumprido o que eu pude fazer, agora eu não posso mais. Justiça, mais nada, é o que espero. E confio na justiça, por mais que aos olhos humanos a justiça seja falha, mas para mim não, porque a justiça primeiro vem de Deus e depois do homem da terra”, desabafou Ana Márcia Ramos, mãe de Ana Paula.
O pai da vítima, Paulo Roberto Ramos, também se pronunciou antes do julgamento começar.
“A gente não quer citar o nome de ninguém, mas todo mundo sabe que infelizmente a minha ex-nora é a acusada e isso é o que dói mais. É uma pessoa que nós tínhamos como se fosse uma filha. É difícil, é difícil. É inimaginável uma coisa desta, mas deixa Deus trabalhar”.
Em 2017, a morte da universitária Ana Paula Ramos chocou o município. A mentora do crime agiu com frieza e tinha ligação muito próxima da vítima. Luana era cunhada de Ana Paula. A condenada pela Justiça preparou uma emboscada junto com os outros três envolvidos para que Ana Paula fosse baleada, simulando um assalto, na ocasião.
Após quase quatro anos de espera, o júri popular aconteceu sucessivas marcações e transferências da data. Foi uma estratégia dos advogados dos acusados que impetraram vários pedidos judiciais legais que resultaram nos adiamentos.
Antes do julgamento, o advogado da família de Ana Paula Ramos se manifestou. “A gente espera que seja feita a Justiça, porque é o que a família quer. Nós vamos trabalhar somente com a acusação, eu como advogado criminalista assistente da acusação pela família da vítima, espero que seja mantida a íntegra da denúncia, com o homicídio com duas qualificadoras”, afirmou Márcio Marques.
Relembre o caso
A universitária Ana Paula Ramos, de 25 anos, foi baleada no dia 19 de agosto de 2017, no final da tarde, em uma praça no Parque Rio Branco, em Guarus, mais precisamente na rua Comendador Pinto. Ana Paula levou quatro tiros — um deles acertou a cabeça — e morreu quatro dias depois, no Hospital Ferreira Machado (HFM).
A polícia chegou a suspeitar de latrocínio (roubo seguido de morte). Contudo, à medida que as investigações conduzidas pela 146ª Delegacia Policial (Guarus) avançavam, foi revelada a trama de um homicídio premeditado envolvendo quatro pessoas.
Luana, bancária, que era cunhada, amiga desde a adolescência e seria madrinha de casamento de Ana Paula, teria oferecido R$ 2,5 mil para que Wermison Carlos e Igor cometessem o crime. O contato com os assassinos teria sido intermediado por Marcelo, que era namorado de uma amiga de Luana. Antes do atentado, a cunhada da vítima já teria acertado R$ 2 mil e o restante seria pago após o crime.
De acordo com a acusação apresentada pelo Ministério Público, “o crime foi uma emboscada que, por sua vez, tornou impossível a defesa da vítima, na medida em que Ana Paula foi atraída pela primeira denunciada (Luana), sua cunhada, para o local da execução do crime, ocasião em que foi atingida pelos disparos feitos pelo terceiro e quarto denunciados, sem possibilidade de defesa. Consta nos autos que a primeira denunciada era cunhada da vítima Ana Paula e, como desejava a execução desta, contratou o segundo denunciado que, por conseguinte, ajustou com os executores, terceiro e quarto denunciados acerca do crime, ficando acertado também que deveria ser simulada a prática de um crime de roubo”, conta o processo.