domingo, 5 de setembro de 2021

Cidade do Rio aguarda orientação técnica do Ministério da Saúde para avaliar antecipação da segunda dose

Cidade do Rio aguarda orientação técnica do Ministério da Saúde para avaliar antecipação da segunda dose Foto: Gabriel de Paiva / Agência O Globo/Rodrigo de Souza

A Secretaria municipal de Saúde do Rio de Janeiro (SMS) aguarda uma orientação técnica do Ministério da Saúde para avaliar a hipótese de antecipar a segunda dose da vacina contra a Covid-19 na cidade, já que depende da garantia do envio de mais doses para viabilizar a mudança. No dia 25 de agosto, o ministério anunciou que reduziria o intervalo entre as doses vacinas da AstraZeneca e da Pfizer a partir de setembro e informou que tinha a quantidade de frascos necessária para isso, mas até agora não formalizou a novidade em ofício aos municípios, de acordo com a SMS. Na ocasião, o órgão do governo federal disse ainda que, em caso de falta de imunizantes, poderia rever a decisão.

Em julho, depois que o Estado do Rio decidiu autorizar a antecipação da segunda dose da vacina da AstraZeneca de 12 para oito semanas, a Prefeitura do Rio se manifestou contrária à ideia. A Secretaria municipal de Saúde argumentou, com base em dados da bula do imunizante, que a redução do intervalo implicaria uma queda na eficácia conferida pela vacina. Posteriormente, o posicionamento da pasta foi referendado pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), que conduziu os testes clínicos do produto no Brasil e, a partir deles, forneceu os dados de eficácia disponíveis na bula.

Esse também foi o entendimento do Ministério da Saúde quando, ainda naquele mês, rechaçou a ideia de antecipar a segunda dose da vacina da AstraZeneca. O órgão mudou de ideia no mês passado, ao anunciar a redução do intervalo do imunizante fabricado pela Fiocruz de 12 para oito semanas. A proposta, já implementada por alguns estados ou municípios de maneira independente, ainda não foi transformada pela Saúde em protocolo oficial. Análises de efetividade conduzidas pelo Reino Unido demonstraram que a vacina da AstraZeneca apresenta um alto nível de proteção contra os efeitos da variante Delta com intervalos maiores entre as duas doses da vacina.

No caso da Pfizer, contudo, um estudo conduzido pela Universidade Oxford mostrou que o intervalo ideal entre as duas injeções gira em torno do prazo de oito semanas. Janelas maiores, como a de dez semanas, apresentaram uma maior capacidade de geração de anticorpos contra o coronavírus, mas provocaram também uma maior queda de proteção imunológica entre as duas doses, deixando as pessoas mais desprotegidas nesse meio-tempo. Já intervalos mais curtos, como o de três semanas, criaram uma quantidade de anticorpos consideravelmente menor, o que levou os desenvolvedores do estudo a estabelecer o prazo de dois meses como o adequado para a janela entre as injeções do imunizante.

No mês passado, em entrevista coletiva, o secretário municipal de Saúde Daniel Soranz sinalizou ser favorável à antecipação da segunda dose da Pfizer, mas disse que aguardava o Ministério da Saúde garantir que haveria doses suficientes para a mudança. Até agora, contudo, a pasta não recebeu notificações nesse sentido. Procurado pela reportagem, o Ministério da Saúde não se manifestou.
Fonte Extra

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